Introdução à História da Filosofia 2 Marilena Chauí

(Zelinux#) #1

Posidônio


Posidônio nasceu em Apameia, na Síria, entre 140 e 139 a.C. Dirigiu-se para
Atenas, onde se tornou discípulo de Panécio e, como este, participou de uma
embaixada a Roma, ali frequentando os círculos aristocráticos. Viajou ao Oriente
-esteve na Ásia Menor, na Palestina, no Egito -e ao Ocidente -visitou a Itália,
a Gália e a Espanha - e foi considerado o maior explorador da Antiguidade, de
que resultou uma obra monumental, comparável apenas à de Aristóteles, incluin­
do, além da filosofia, história, geografia, etnologia, matemática, astronomia e
meteorologia. Dela, porém, restaram apenas uns poucos fragmentos e os teste­
munhos de Cícero, Galeno, Sêneca, Plutarco, Aécio Dídimo e Proclo. Abriu uma
escola estoica em Rodes, que teria suplantado a de Atenas, e nela recebeu os jo­
vens patrícios romanos, além de visitas de Pompeu e Cícero. Morreu em 51 a.C.
Como Panécio, admitiu ideias de Platão e Aristóteles, que mesclou às estoi­
cas, modificando a doutrina antiga; e como seu predecessor, recusou a doutrina
da conflagração universal.


Mudanças na fisica
Segundo os testemunhos de Diógenes de Laércio e Estobeu, Posidônio con­
serva a ideia dos dois princípios do cosmo - o passivo, ou a matéria informe, e o
ativo, o pneúma ígneo, privado de fo rma, mas capaz de se transformar "naquilo
que quer e tornar-se semelhante a qualquer coisa". No entanto, segundo relato de
Aécio Dídimo,


Posidônio atribuía ao destino o terceiro lugar depois de Zeus. Dizia que, em primei­
ro lugar vem Zeus, em segundo a Natureza e em terceiro o Destino (Aécio Dídimo,
fragmento 20, apud Diels, 1958, p. 458).

Visto que na doutrina antiga esses três termos eram idênticos, observa-se
que Posidônio introduz uma mudança ao distingui-los. Zeus, princípio ativo e
alma do mundo, é a força una; o destino, causa errante, a força sob múltiplos as­
pectos; a natureza, princípio passivo ou corpo do mundo, o poder emanado de
Zeus para unificar as múltiplas forças do destino. Assim, embora mantenha as
ideias do cosmo como ser vivente e da simpatia universal, Posidônio tende a
acompanhar Panécio e distinguir deus e o mundo. Essa distinção aparece em sua


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