experiências ou relatos de casos que pudessem auxiliar num novo diagnóstico,
aceitando como instrumentos de organização dos dados dois princípios empiris
tas tradicionais: a semelhança e a analogia.
Menódoto propunha um método que protegesse a medicina do risco de se
tornar mera rotina. Segundo Galeno, os passos metódicos eram: 1. a autópsia, isto
é, a observação, que, em vez de fortuita ou improvisada, deve ser provocada para
estabelecer uma ligação entre uma perturbação e sua cura quando se constata
vezes seguidas o fator determinante, que pode, então, ser generalizado; 2. a isto
ria, isto é, a documentação, que permite recapitular as observações fe itas pelos
predecessores; 3. a metabasis, isto é, a indução, ou passagem do semelhante ao
semelhante, a ser usada na fa lta dos dois primeiros recursos - trata-se de realizar
uma analogia entre uma afecção e uma outra, semelhante, que já foi observada, a
analogia não sendo tomada como um princípio e sim como a observação de uma
concomitância, um cálculo refletido sobre os fe nômenos.
A astronomia
Foi em Alexandria que Aristarco de Samos propôs, pela primeira vez, a teoria
heliocêntrica.
Como se sabe, a astronomia grega sempre foi geocêntrica, afirmando que o
Sol (Hélios), a Lua (Selene), os planetas3 e as estrelas giravam ao redor da Terra (Géa),
num movimento circular perfeito, realizado em esferas cristalinas concêntricas com
relação à esfera da Terra, havendo uma esfera para as chamadas estrelas fixas -cujo
movimento é regular e sempre o mesmo - e várias para cada um dos planetas ou
estrelas errantes -cujos movimentos são complexos e irregulares, exigindo por
isso, como explicou o astrônomo platônico Eudoxo, mais de uma esfera para cada
um deles (formulando uma hipótese exclusivamente geométrica, Eudoxo supôs
vinte e seis esferas e seu discípulo, Calipo, trinta e três). Enquanto os platônicos
concebiam a astronomia apenas sob a perspectiva geométrica, Aristóteles passou a
concebê-la sob a perspectiva fisica, ao introduzir a diferença de substância entre o
mundo sublunar (feito dos quatro elementos mutáveis, água, ar, terra e fogo) e o
celeste (constituído pelo quinto elemento imutável ou quinta essência, o éter). Ao
passar da geometria à fisica, Aristóteles precisou levar em consideração os efeitos
dos movimentos de cada esfera sobre os das demais, havendo, portanto, um movi
mento retrógrado de cada planeta com respeito aos outros e, para tanto, foi neces
sário supor também esferas para esse tipo de movimento.
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