Introdução à História da Filosofia 2 Marilena Chauí

(Zelinux#) #1
bastante danificados foi possível recuperar fragmentos de livros de Epicuro,
particularmente seu tratado Sobre a natureza; e, em 1888, foram publicadas sen­
tenças inéditas de Epicuro, conhecidas como Sentenças vaticanas, porque os
manuscritos foram encontrados na biblioteca do Vaticano. Finalmente, em
1884, os especialistas tomaram conhecimento de fragmentos pertencentes a
um grande pórtico de pedra contendo uma única gravação, conhecida como a
Inscrição de Enoanda, atribuída ao epicurista Diógenes de Enoanda e datada,
provavelmente, entre 120 e 125 d.e. (as primeiras edições foram feitas em 1892,
na França, pela Escola Francesa de Atenas, e, na Alemanha, pelo filólogo Use­
ner, seguidas de várias outras em inglês e italiano no correr do século xx; a últi­
ma edição é de 1996, publicada na França por Alexandre Etienne et Dominic
O'Meara). A gravação contém cartas, tratados e máximas e julga-se que algu­
mas das cartas e máximas seriam do próprio Epicuro, transcritas por Diógenes
de Enoanda.
No caso do estoicismo antigo, além das listas de obras e pequenas citações
de Zenão e Crisipo, feitas por Diógenes de Laércio no livro VII das Vidas, há o
Hino a Zeus, de Cleanto (conservado por Estobeu) e fragmentos das Investigações
lógicas, de Crisipo, encontrados nos séculos XVIII e XIX na biblioteca de Herculano.
Como explicaJacques Brunschwig:

É importante assinalar que o destino material dos inumeráveis tratados escritos
pelos filósofos estoicos foi terrivelmente desigual; esse estado de coisas teve conse­
quências decisivas sobre a ideia que se fez do estoicismo e sobre o tipo de influência
que exerceu no correr dos tempos. De Zenão até Posidônio incluído, não conserva­
mos nada integral, com exceção do Hino a Zeus de Cleanto. Restaram numerosos
fragmentos ou citações literais de tamanho variado, listas de títulos frequentemen­
te bastante longas (a de Crisipo, no entanto conservada de maneira incompleta,
contém 161 títulos - quanto trabalho e quanta surpresa teríamos se tivéssemos
guardado tudo isso!), muitas paráfrases, muitos resumos, exposições mais ou me­
nos sistemáticas, com frequência escritas por adversárias do estoicismo e referidas
muito mais ao Estoicismo em geral do que a algum autor em particular (Brunschwig,
1997, p. 515).

Como consequência, temos que nos fiar em fontes secundárias, como al­
guns tratados de Cícero e de Plutarco, obras de Sexto Empírico e do médico


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