Introdução à História da Filosofia 2 Marilena Chauí

(Zelinux#) #1

I. Pirro e a filosofia como atitude cética


QUESTÕES GERAIS SOBRE O CETICISMO


Duas questões têm ocupado os historiadores do ceticismo. A primeira inda­
ga se é possível falar de ceticismo no singular ou se é necessário usar o plural, ce­
ticismos. A segunda, se há sentido em empregar o termo "escola" para referir-se
aos céticos, mesmo que aceitemos o que diz Sexto Empírico (como vimos na in­
trodução) quando declara que o cético não tem escola, se a considerarmos como
um corpo sistemático de dogmas, mas a tem, se significar a escolha de uma vida
moral conforme ao que nos aparece.


Ceticismos


Em uma obra clássica sobre os céticos gregos, Victor Brochard considera
insatisfatória a divisão da história do ceticismo em dois períodos - o antigo e o
novo - intercalados pelas posições céticas da Nova Academia platônica. Entre os
céticos antigos estariam Pirro e Tímon; entre os novos, Enesidemo, Agripa e Sex­
to Empírico; e entre os acadêmicos, Arcesilau e Carnéades. Essa divisão, explica
Brochard, é incorreta porque desconsidera tanto a maneira pela qual os próprios
céticos estabelecem suas cronologias como o caráter intrínseco das doutrinas cé-

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