ticas. Assim, em lugar da divisão costumeira, o autor propõe dividir o ceticismo
em três períodos, levando em consideração mudanças no pensamento dos céti
cos: ceticismo prático (com Pirro e Tímon, desenvolvido entre 300 e 234 a.c.);
ceticismo dialético (com Enesidemo e Agripa, desenvolvido entre 150 a.c. e o
século I d.C.); ceticismo empírico (com Sexto Empírico, desenvolvido a partir
do século I d.C.). Entre o segundo e o terceiro períodos, Brochard propõe incluir
a Nova Academia sob a designação de ceticismo probabilista (com Arcesilau e
Carnéades, desenvolvido entre 260 e 85 a.c.).
o primeiro período é o de Pirro e Tímon. Tem como característica distintiva o des
dém pela dialética: preocupa-se antes de tudo em escapar das sutilezas dos sofistas.
[ ... ] Pirro e Tímon tomaram o partido de não responder a ninguém em discussões
intermináveis. Donde fó rmulas como "Nada sei", "Nada defino". [ ... ] a vida prática
é para eles o essencial. Nisso ainda são bem socráticos, mas Sócrates fundava a moral
sobre a ciência e eles tentaram fu ndá-la sobre a negação da ciência. Esse período
poderia ser designado com o nome de ceticismo moral, mas se o termo for equívo
co, com o de ceticismo prático.
O segundo período [ ... ], separado do primeiro por um longo intervalo, compreen
de Enesidemo e seus sucessores imediatos. Apresenta uma característica comple
tamente oposta ao período precedente: torna-se sobretudo dialético [ ... ]. Eneside
mo insiste sobretudo em mostrar dialeticamente a impotência da razão. Retoma,
renovando-o, o método dos ele atas e se propõe a colocar a razão em contradição
consigo mesma em toda parte. Pode-se designar esse período com o nome de ceti
cismo dialético.
O terceiro período apresenta uma característica inteiramente nova [ ... ]. A escola
cética, continuando a aproveitar-se dos trabalhos dos antecessores, recusa o teste
munho dos sentidos e usa e abusa da dialética para mostrar a impotência da razão.
Mas, no fundo, despreza a dialética [ ... ]. A característica própria dos céticos dessa
época é a de serem médicos empíricos' e conhecerem (ou entreverem) o método de
observação [ ... ]: é esse método que pretendem colocar no lugar da dialética. Não é
uma ciência, mas uma arte que lhe parece preferível à vã ciência. [ ... ] É o período do
ceticismo empírico.
Além desses três períodos é preciso dar um lugar à Nova Academia. [ ... ] As analogias
exteriores são suficientemente fo rtes para que não se possa fazer uma história do47