tadamente mais fracos porque isso basta para conseguir seu objetivo (Sexto Empíri
co, Esboços pirrônicos, xxx, p. 342).Pirro e o nascimento da filosofia como atitude cética
A vida
Pirro nasceu em Élis (no Peloponeso), entre 365 e 360 a.C. De família pobre,
praticava uma arte manual para viver, a pintura.
Élis era a cidade encarregada da organização dos Jogos Olímpicos e para ela,
a cada quatro anos, convergiam todos os gregos. Foi nessa cidade que um discípu
lo de Platão, Fédon, fundou uma escola que Pirro frequentou durante algum
tempo, passando depois a frequentar a escola megárica e, mais tarde, Anaxarco de
Abdera, que o familiarizou com as ideias de Demócrito -tanto a escola megárica
como a filosofia de Demócrito fo ram tratadas no volume I. Com os megáricos,
descobriu a impossibilidade da estabilização do discurso e do pensamento para
apreender o ser; e alguns estudiosos consideram que o ceticismo começa quando
Pirro faz uma crítica radical da concepção aristotélica dos princípios de contradi
ção e de terceiro excluído. De Demócrito, Pirro recebe a crítica da percepção
sensível: a realidade se reduz aos átomos e ao vácuo, ambos imperceptíveis, de
sorte que a percepção é apenas o ef eito subjetivo do modo como os átomos afe
tam nossos sentidos, habituando-nos a percebê-los com certas propriedades que
acabamos atribuindo às próprias coisas, embora nada mais sejam do que conven
ções instituídas pelo hábito. Num fragmento democriteano, recolhido por Sexto
Empírico no livro Sobre as fo rmas, lemos:
o homem deve dar-se conta, por meio do presente critério, de que [por causa das
aparências sensíveis] está afastado da Ve rdade.
Também essa consideração demonstra justamente que não sabemos nada, segundo
a Ve rdade, sobre qualquer coisa, mas, em cada um, a Opinião é [uma espécie de
conformação que os átomos da alma assumem em contato com os átomos das coi
sas percebidas e, portanto, variáveis].Na companhia de Anaxarco, Pirro tomou parte na expedição de Alexandre52