Introdução à História da Filosofia 2 Marilena Chauí

(Zelinux#) #1

antiga. E "como seu mestre, ele tinha em vista sobretudo a prática, a maneira de
viver".
Não é esta, porém, a interpretação de Fréderic Cossutta, para quem


A riqueza da doutrina, de seus domínios de explicitação e a fecundidade potencial de
seus meios de análise, indica que não se poderia reduzir a herança pirroniana a uma
simples maneira de viver. Desde a origem, foram elaborados elementos de uma
problematização cética rigorosa do conjunto dos temas essenciais da filosofia [ ... ] de
maneira sem dúvida embrionária e sob uma forma negativa ou paradoxal, aparece­
ram preocupações lógicas, ontológicas, gnosiológicas e até mesmo estéticas (C os­
sutta, 1994, p. 60).

Todos os intérpretes concordam em considerar que, sem Tímon, a herança
pirroniana estaria perdida e a história do ceticismo teria sido diferente do que foi.
Exatamente por isso, todos se sentem perplexos com o fato de que a escola cética
desaparece com a morte de Tímon para ressurgir apenas no século I a.c., com
Enesidemo e Agripa. Antes disso, a inspiração cética foi absorvida e, segundo
muitos, desnaturada pela Nova Academia.
Embora o primeiro dirigente da Nova Academia, Arcesilau, fo sse contempo­
râneo de Tímon, que o fustigou impiedosamente com suas ironias (ainda que,
segundo consta, lhe houvesse dedicado um poema fúnebre elogioso), muitas te­
ses e posições do ceticismo platônico visavam criticamente o epicurismo e o estoi­
cismo. Por esse motivo, nos voltaremos para a Nova Academia depois de passar­
mos por essas duas escolas helenísticas.

Free download pdf