testável porque seguiram à risca as palavras finais de Epicuro aos discípulos: "não
esqueçam meus ensinamentos".A canônica (To khanonikhón)
De acordo com Diógenes de Laércio, Epicuro põe como critérios (ou cânones)
da verdade a sensação (aísthesis*), a pré-noção (prólepsis*) e a afecção (páthos*).A sensação
Contrariamente à tradição da filosofia clássica, que afirmara o caráter subje
tivo, relativo e contingente da sensação e, portanto, seus erros e sua fragilidade do
ponto de vista da certeza e da verdade, Epicuro afirma sua certeza, evidência e
valor objetivo. Nas Máximas .fUndamentais, escreve:Se recusares todas as sensações, não terás nenhuma possibilidade de recorrer a qual
quer critério para julgar mesmo aquelas que, entre elas, consideras falsas.Como observa Jean Brun:o sensualismo de Epicuro [ ... ] repousa inteiramente sobre a ideia de que a sensação
é a grande mensageira do real, aquela que, simultaneamente, nos vincula ao que
existe e nos guia tanto em nossa busca do que nos agrada como em nossa fuga
diante do que nos desagrada (Brun, 1959, pp. 31-2).Bastaria que uma única vez um único de nossos sentidos nos enganasse para
que não mais pudéssemos confiar em nenhum deles. As sensações, sem exceção,
são todas e sempre verdadeiras, pois não são construções mentais e sim o meio
pelo qual a realidade se apresenta a nós.
De onde vem a confiança de Epicuro na sensação? De sua estrutura fisica.
Em outras palavras, o fundamento da sensação se encontra na fisica. Uma sensa
ção é um acontecimento psicológico que depende da constituição fisica dos cor
pos exteriores e de nosso corpo, de nossa relação com eles e deles conosco e da
relação entre a alma e o corpo. É, portanto, como escreve Cícero nos Termos extre-