tativo), pois são elas que nos permitem nomear as coisas; e são condição da ativi
dade racional, uma vez que nenhum raciocínio e nenhum pensamento discursivo
são possíveis sem os termos gerais e nenhuma investigação é possível se não pu
dermos determinar seu objeto. Da mesma forma que as pré-noções, também a
linguagem se origina da sensação, e, não por acaso, Epicuro considera as palavras
invólucros sonoros das imagens mentais (hoje, diríamos que são signos ou signifi
cantes que se referem a significados). Originando-se na sensação, a linguagem é
natural e, curiosamente, sua naturalidade não conduz o filósofo a supor uma lin
guagem universal e sim, pelo contrário, a considerar que as circunstâncias natu
rais particulares de cada agrupamento humano, ao determinar suas afecções e
percepções, determinaram também o modo particular de exprimi-las com pala
vras. Na Carta a Heródoto, lemos:
No início, os nomes não se fo rmularam por convenção, mas pela diferente natureza
dos homens, enquanto estava sujeita a afecções particulares segundo a diversidade
das estirpes e concebia imagens diferentes, emitia também o ar de maneira própria,
seja segundo as afecções e percepções, seja segundo a diferença existente entre os
lugares em que viviam os diferentes povos; sucessivamente, no âmbito de cada povo,
estabeleceram-se em comum certas expressões peculiares, com a finalidade de se
oferecerem reciprocamente indicações menos duvidosas das coisas e se explicarem
de modo mais conciso.Na sequência desse trecho da Carta a Heródoto, Epicuro escreve que, além da
indicação menos duvidosa das coisas e da comunicação de experiências, as dife
rentes linguagens foram acrescidas de palavras que serviam "para introduzir a
noção de coisas até então nunca vistas" por aqueles que, baseados em conheci
mentos, "fixavam determinados nomes", seja por um impulso natural, seja a
partir de raciocínios tidos como válidos para exprimir-se de certa maneira. Se isso
corresponde à experiência natural e habitual dos homens, entretanto cabe ao filó
sofo definir regras para o uso das palavras, uma vez que, à medida que vão se dis
tanciando gradativamente da experiência, os nomes começam a dar lugar à for
mulação de opiniões e juízos falsos. Por isso, nessa mesma Carta, Epicuro afirma
que é preciso conhecer o sentido subjacente aos vocábulos para que possam ser
referidos pelo sábio para que possa tomar decisões em matéria de opinião:
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