veis e será possível, por meio do critério da refutação, mostrar que as hipóteses
contrárias são refutadas pela experiência e, portanto, falsas porque desprovidas de
evidência. Ou seja, é a falsidade da opinião ou da hipótese contrária que permite
considerar aceitáveis e verdadeiras aquelas que são não refutadas pela experiên
cia. Este será um critério, por exemplo, para admitir como verdadeira a existência
do vácuo que, embora invisível, pode ser provado a partir de uma evidência sensí
vel, qual seja, a do movimento, uma vez que, como menciona Diógenes de Laér
cio, "se não houver vazio, também não haverá movimento, pois um corpo em
movimento não terá espaço para deslocar-se se tudo for pleno". Também esse
critério servirá para provar a existência dos átomos, embora invisíveis.As aftcções de prazer e dor
Escreve Diógenes de Laércio:Eles dizem que há duas afecções (páthe): o prazer e a dor, experimentados por todos
os seres vivos; a primeira é conforme à natureza, a outra, lhe é contrária. Com seu
auxílio, pode-se distinguir dentre as coisas aquelas que é preciso escolher e aquelas
que é preciso evitar.Duas perguntas nos vêm imediatamente: por que prazer e dor não foram
incluídos simplesmente na sensação, isto é, por que são outro critério? E por que
prazer e dor são postos como critério do conhecimento?
De fato, prazer e dor são sensações e por isso são maneiras de conhecer. E
porque são sensações, para ambos valem todas as afirmações feitas a respeito da
sensação: são causados por objetos que afetam o corpo; são sempre verdadeiros;
dependem das condições do corpo que afeta e daquelas de nosso corpo ao ser
afetado etc. Sua peculiaridade, entretanto, decorre do fato de que sua passividade
é inseparável da atividade. Em outras palavras, ef eitos de causas externas, prazer
e dor também operam como causas, pois, além de discriminar as coisas que nos
afetam, são ainda uma ação de escolha ou de rejeição delas. São critério ou regra
de nossa conduta. Com eles, a canônica se articula à ética.
N a Carta a Meneceu, Epicuro afirma que alguns de nossos desejos são natu
rais e outros, vãos. Entre os naturais, alguns são necessários para a felicidade da
alma e a tranquilidade do corpo, enquanto outros são necessários para a própria