não fo sse, "tudo poderia nascer de tudo sem qualquer semente" , pois, se não hou
vesse sementes ou germes, qualquer coisa viria de qualquer outra, de qualquer
maneira, em qualquer lugar e em qualquer tempo. E se alguma coisa pudesse ser
aniquilada, desaparecendo no nada, então todas as coisas deveriam já ter desapa
recido ou desaparecer num só instante, de maneira imprevisível, indeterminada e
indeterminável. "O todo é sempre idêntico ao que é agora e será sempre igual
porque não há o nada nó qual se transformaria". Não tendo começado a partir do
nada e não podendo aniquilar-se ou tornar-se não ser, o todo (to pan ést i), ou uni
verso, é eterno.
2) O todo é formado de corpos (sómata) e lugar (tópos) ou vazio (kénon). A
existência dos corpos é atestada e confirmada pela sensação. Vemos por experiên
cia que os corpos estão em algum lugar e se movem. Ora, não poderiam estar em
lugar algum nem se mover se não houvesse o vazio, uma realidade intangível
(aphês) e invisível (adela) aos sentidos. Portanto, afora os corpos e o vazio, nada
mais existe no universo.
3) Os corpos que formam o todo ou são agregados (compostos de outros) ou
são elementos (que compõem os outros). Os elementos são indivisíveis (átoma)
e imutáveis ou eternos, resistentes, compactos e não podem de maneira nenhuma
ser dissolvidos se não se quiser que todas as coisas sejam reduzidas ao não ser, mas
que permaneçam após a dissolução dos compostos. Portanto, os átomos são na
tural e necessariamente os elementos primários de todos os corpos.
4) "O todo é ilimitado (apeirón)" e não tem fim ou extremidade, pois somen
te o limitado tem extremidade e esta se define por relação com outra coisa que lhe
é exterior e o termina. Se, portanto, fo sse limitado, não seria o todo da natureza
ou o universo. O todo também é ilimitado ou infinito quanto à quantidade de
corpos e à grandeza do vazio. Se esta fosse infinita e aquela, finita, os corpos não
teriam como permanecer em algum lugar, mas seriam transportados e dispersa
dos através da imensidão do vazio infinito, visto que não teriam pontos de apoio
e não seriam imobilizados pelas colisões. Por outro lado, se o vazio fo sse infinito
e a quantidade dos corpos, infinita, ele não teria como contê-los.
5) Os átomos possuem uma variedade indefinida e inimaginável de formas
ou figuras, pois não podem dar origem à imensa variação de corpos compostos se
suas fo rmas fossem em número limitado ou se uma mesma forma desse origem a
compostos diferentes. Cada fo rma possui um número infinito de átomos, mas a
variedade de formas não é ilimitada ou infinita, mas apenas indefinida.
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(Zelinux#)
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