REVISTA VOX - 6ª Edição

(VOX) #1

conhecimento político-administrativo.
Era uma disputa para ver qual seria a
vila que se daria melhor, teria a maior
expansão econômica, já que repercuti-
ria em valorização das terras. Por outro
lado, uma cidade muito próxima da
outra, com características geográficas
semelhantes. Assim, o modelo implan-
tado foi o individualista, extremamente
individualista, não existia a cultura da
cooperação. As pessoas trabalhavam
muito, podendo ser considerados ver-
dadeiros heróis, mas trabalhavam de
maneira isolada. A medida que os mu-
nicípios foram ganhando a sua eman-
cipação, começa uma política local
centrada em si, não havendo por parte
dos gestores municipais um trabalho
de articulação regional. Isso acontece
dos anos de 1930 até 1970, quando em
1977 existe a primeira mobilização que
resulta na Amnap.
Esta cultura individualista conti-
nua até os dias atuais?
Continua por não haver um projeto
regional. Olhamos para nosso próprio
umbigo, quando na verdade o nosso
concorrente não está aqui, está fora. Se
os municípios possuem características
semelhantes, ao invés de se pautar na
competição, poderíamos nos pautar
na cooperação. Onde está o nosso
concorrente? Está em outras áreas, na
regional de Araçatuba, Presidente Pru-
dente, Marília, entre outras. Quando um
município tem determinada iniciativa, o
outro não apóia. Nós nem conseguimos
fortalecer a candidatura e a gestão de
alguns deputados, talvez o voto distrital
ajude, por dividir as forças. Por outro


lado, também é um modelo de gestão
personalistico e amador. Todos são
bem intencionados, mas não vemos
nenhum braço técnico, nenhuma es-
trutura universitária apoiando o projeto
regional, ao contrário de outras regiões
que têm uma estrutura científica por
trás, pensada e sistematizada, em que
se trabalha somente em uma direção.
Tem determinadas conquistas que são
lentas, principalmente por não termos
nada que nos destaque. Se formos
comparar a nossa região com outras
áreas do próprio Estado, estamos longe
dos principais centros consumidores,
a população regional, que não chega
a 380 mil habitantes, não é mercado
consumidor regional forte, não temos
matéria-prima que chame a atenção,
belezas cênicas de destaque, as terras

são de fertilidade média. Geografica-
mente perdemos em vantagem com-
parativa com outras regiões. Se faltam
esses quesitos, temos que buscar em
vantagem competitiva – o que pode-
ríamos ter para poder dizer: - “Made in
Nova Alta Paulista”?
O que poderia impulsionar o desen-
volvimento regional?
É uma característica nossa sim-
plesmente não ter. Já fomos mar-
cados pelo café, não somos mais. A
cana-de-açúcar não é um motor de
desenvolvimento regional. Então, que
característica ganhamos nos últimos
anos? Temos a maior concentração
de presídios do mundo. Se pegarmos,
por exemplo, entre Osvaldo Cruz e Tupi
Paulista, temos uma média de distância
entre as unidades de 8 km.
Essa não é uma visão muito pes-
simista? Acredita que não temos algo
para mostrar, mudar essa realidade?
O polo ceramista de Panorama, ain-
da não aconteceu, onde o IPT (Instituto
de Pesquisas Tecnológicas) detectou
uma jazida para grande exploração. Polo
frutífero em Junqueirópolis, também
não se desenvolveu como se esperava.
Assim, o projeto regional viria no sentido
de oferecer políticas afirmativas. O que
existe hoje são políticas compensa-
tórias. Por exemplo, temos presídios,
então vamos cobrar algo no sentido de
melhorar as rodovias, as Santas Casas.
Só que isso não alavanca desenvolvi-
mento, mas as políticas afirmativas sim,
e isso têm que partir da região. Já que
Adamantina se destaca na educação

Professora e historiadora Izabel Castanha Gil

Primeira safra de algodão de Adamantina, setembro de 1949
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