REVISTA VOX - 7ª Edição

de Lucélia até a “Fazenda Jaraguá”.
Na realidade, o nome da propriedade
era Fazenda Santa Marta e pertencia
ao então prefeito na época, José
Firpo.
Os bastidores da trama foram
revelados por Barbeiro à reporta-
gem da VOX durante uma conversa
em sua chácara, localizada entre
Lucélia e Adamantina. Tudo come-
çou, segundo o ator quando dois
lucelienses, Dunga e Cícero Cardoso,
apresentaram a cidade ao diretor,
por intermédio de José Firpo.
Os rapazes eram conhecidos
na cidade e frequentavam o salão
de Manuel Barbeiro. No estabeleci-
mento, sempre muito movimentado,
os futuros atores e atrizes eram
convocados para as filmagens. “Eles
[Dunga e Cícero] indicaram de oito a
dez lucelienses para atuar no longa
metragem”, conta Barbeiro.
As filmagens, segundo o ator,
duraram de três a quatro meses. No
início, o homem que não tinha fami-
liaridade com as câmeras conseguiu
se virar como ator devido às expe-
riências que teve com repórteres e
com locutores de rádio.
“Consegui driblar a timidez.

No filme, com a minha carruagem,

buscava as pessoas (personagens)

que chegavam em Lucélia. Onde

estivessem, levava e apresentava a

cidade aos visitantes”, conta o ator

que afirma, ainda, não ter recebido

nenhum dinheiro pela atuação: “fui

gratificado com ‘uma coisa’, entre

elas o registro como ator de cinema

na Ordem dos Artistas do Brasil”.

Bastidores e cenas

O diretor Lorenzo Serrano não

só utilizou a cidade de Lucélia como

pano de fundo para um de seus fil-

mes, mas soube aproveitar também

o comércio do município na época.

Além das pousadas, o salão de ca-

beleireiro de Manuel Barbeiro era

o local em que a cada dez dias os

atores aparavam os cabelos, para

manter o mesmo visual durante

todas as filmagens.

As festas caipiras e as com rodas

de viola que animavam os bastidores

das filmagens passaram da realidade

para a ficção, sendo adaptadas ao

roteiro da obra. Já as trocas de socos

em diversas cenas do filme surgiram

de modo natural.

“Era briga no duro. Aquilo que

está filmado foi o que aconteceu.

“Na época, a divulgação [do filme] foi ampla.

Quando houve avant-première, a polícia teve

que intervir para não deixar entrar mais nin-

guém porque as cadeiras do cinema de Lucélia

estavam lotadas e muitos espectadores chega-

ram a sentar e deitar nos corredores do audi-

tório, pois mais de mil pessoas estiveram na

primeira exibição”