REVISTA VOX - 7ª Edição

(VOX) #1

Teve muito fulano que levou socos e
pauladas. Depois, no final, eles diziam
aos seus combatentes: você é firme,
hein?”, conta o ator (risos).
Manuel Barbeiro revela ainda que
“todas as vezes que se falava de ‘Um
homem sem paz’, as pessoas diziam:
‘não é possível, um filme rodado em
Lucélia?”. No entanto, com o passar
dos meses, foram sumindo as dú-
vidas de que atores de renome do
circuito nacional de cinema estavam
atuando em Lucélia.
“Na época, a divulgação [do
filme] foi ampla. Quando houve
avant-première, a polícia teve que
intervir para não deixar entrar mais
ninguém porque as cadeiras do
cinema de Lucélia estavam lotadas
e muitos espectadores chegaram a
sentar e deitar nos corredores do
auditório, pois mais de mil pessoas
estiveram na primeira exibição”,
relembra o ator.


Trajetórias
Meses após a primeira mostra de
“Um homem sem paz”, Barbeiro e
outras pessoas que viviam na cidade
tiveram contato com os atores da ca-
pital no Sítio Hotel em Lucélia. Porém,
com o passar dos meses, cada ator
seguiu o seu rumo.
Entre boas histórias, Manuel Bar-
beiro recorda também as memórias
ruins, como o suicídio de Norma
Monteiro. Três anos depois do lan-
çamento de “Um homem sem paz”,
em 1959, a atriz principal do longa
se jogou do Viaduto do Chá em São
Paulo (SP) e não há relatos seguros
do que teria motivado a jovem Nor-
ma a cometer o suicídio.
Já Barbeiro divide seu tempo
cuidando de uma chácara e morando
com a filha Alice, fruto de seu casa-
mento com Dona Alzira, falecida há
três anos. Sobre o filme, o ator disse
ainda que “Um homem sem paz” fez
com que ele compreendesse a lin-
guagem do cinema e que aos 95 anos
faria tudo de novo, ou outro filme,
“pois tem criatividade suficiente”.
Além da breve carreira como ator
e dos 75 anos de barbeiro, “Seu Ma-
nuel” arrisca hoje a compor e entoar
cânticos regionalistas e se orgulhar
de ter sido jogador de futebol e
músico.

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