REVISTA VOX - 7ª Edição

(VOX) #1

pesquisas apontam que o Partido
Nazista do Estado de São Paulo foi
o de maior abrangência do país, ul-
trapassando os estados do sul, que
possuem maior presença alemã.
Segundo Bruno Soares, “as
cidades de Presidente Venceslau,
Presidente Bernardes e Assis man-
tinham células do partido e faziam
propagandas ao regime”. O historia-
dor disse ainda que as referências
ao nazismo estavam presentes no
cotidiano dos alemães, bem como
de seus descendentes na década
de 1930.
“Bandeiras, símbolos, a famosa
saudação ‘Heil Hitler’ eram práticas
usuais entre os imigrantes até a en-
trada do Brasil na Segunda Guerra
Mundial. Essas referências eram
mais culturais do que políticas,
eram uma maneira de reverenciar a
pátria e seu líder, afirmar sua porção
germânica e não necessariamente
um apoio explícito ao programa
antissemita e militarista do partido”,
ressalta o historiador.
No Brasil, nos anos 30, os sim-
patizantes do nazismo não foram
marginalizados pela sociedade.
Pelo contrário. “Em Venceslau era
normal alemães usarem a suástica e
representantes da comunidade local
participarem das suas festas, sem


se incomodarem com as referências
ao nazismo”.
A mudança só ocorreu a partir do
fim da Segunda Guerra Mundial, em
que leis foram vigoradas para proi-
bir qualquer tipo de manifestação
nazista no Brasil.
“É necessário se despir dos
preconceitos. Entender a ascensão
do nazismo e sua adesão pelos imi-
grantes do interior do Estado não os
coloca como criminosos de guerra
e sim como parte de um momento
histórico que ainda precisa ser mais
bem compreendido”, finalizou o
historiador.

O que restou do


cemitério alemão em


Lucélia se deteriora


e está cercado por


plantações de cana de


açúcar, sem qualquer


esforço para sua pre-


servação e memória.


Professor e
mestre em História,
Bruno Soares
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