REVISTA VOX - 5ª Edição

(VOX) #1
Luciana afirma que, para conter
todo esse quadro desesperador que
pais e familiares da criança obesa
se encontram, muitos procuram
técnicas secundárias mais agressi-
vas, como medicações e cirurgias
bariátricas, afim de resolverem logo
a situação. “Mal sabem que o pro-
blema somente começou”, alerta.
Em 2003 foram realizadas
17.780 mil operações bariátricas,
sendo 1.780 pelo SUS (Sistema
Único de Saúde) e no particular 16
mil. Já em 2010, esse número saltou
para 60 mil cirurgias bariátricas,
aproximadamente 333 % a mais
em sete anos.
Luciana ressalta que as medi-
cações liberadas ao público juvenil
(maiores de 12 anos), entre elas
Sibutramina e Orlistat, no Brasil,
devem ser utilizadas sob monito-
ramento médico especializado. Os
efeitos colaterais existentes são
diversos e aumentam de acordo
com a dose utilizada.
Já os procedimentos cirúrgicos
(operações bariátricas) utilizados no

Outros métodos


O que contribui e muito para este
número tão crescente de crianças
e adolescente obesos é o acesso
mais fácil aos alimentos ricos em
açúcares simples e gorduras, assim
como os avanços tecnológicos,
como computadores e videogames,
que levaram parcela da população a
diminuir drasticamente a prática de
exercícios físicos.
Outra relação importante obser-
vada foi a baixa ingestão de frutas,
verduras, legumes e a redução
no consumo de leite e derivados,
alimento rico em cálcio, mineral res-
ponsável pelo fortalecimento ósseo
e ‘lipóplise’ (quebra da molécula de
gordura).
“Nesse âmbito podemos obser-
var que os pais deveriam colaborar
para a prevenção e tratamento,
oferecendo aos filhos um ambiente
menos obesogênico, e adquirindo
alimentos menos industrializados,
pobres em gorduras saturadas/
sódio/açúcares, isentos de gordu-
ras trans e ricos em fibras. Essa
regra vale inclusive para os filhos
com peso adequado, por serem
alimentos muito mais nutritivos.
Ou seja, acaba assim a polêmica
do que fazer se eu tenho um filho
magrinho e outro gordinho. Todos
devem consumir alimentos frescos
e saudáveis”, explica.

Tecnologias


controle da obesidade, feitos por um
mecanismo de restrição e/ou mal-
-absorção dos alimentos ingeridos,
se mostram bastante eficazes no
tratamento da doença com efeitos
colaterais mais brandos, porém,
estudos a longo prazo revelam que
dependendo da técnica utilizada,
os pacientes retomam o ganho de
peso após 2 ou 10 anos. Além disso,
observa-se que a supressão do vício
de comer é substituído muitas vezes
por outros, como álcool, cigarro e
jogos.
“Não me posiciono contra as me-
didas farmacológicas ou cirúrgicas
para redução de peso, e consequen-
temente tratamento da obesidade,
desde que obrigatoriamente a
criança, adolescente ou adulto, si-
gam uma orientação dietoterápica,
mude seu estilo de vida através de
medidas comportamentais e pra-
tique com regularidade exercícios
físicos. Acredito e apóio técnicas
combinadas desde que o paciente
realmente necessite delas”, afirma
Luciana Lucianetti.

OBESIDADE
em números

33,5%


de crianças de 5 a 9
anos têm excesso de
peso

16,6%


de meninos e 11,8% das
meninas estão obesos

21,5%


dos adolescentes de 10
a 19 anos são obesos

7,6%


para 19% foi o aumento
de peso em jovens no
período de 35 anos

*Dados do POF/IBGE, 2008-20093x mais homens ficaram obesos nas últimas três decadas


Luciana Lucianetti alerta que 16% dos meninos são obesos e avanços tecnológi-
cos têm levado crianças a diminuir a prática de atividades físicas
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