Aero Magazine - Edição 311 (2020-04)

(Antfer) #1

SUPERFÍCIES
O SARS-CoV-2 pode já estar
no avião no momento do
embarque. Isso porque, eles
normalmente ficam mais
ativos em superfícies como
plásticos, metal ou vidro.
Vivem menos em tecidos e
são sensíveis à luz solar (o
vírus do HIV, por exemplo,
“morre” quase instantane-
amente quando exposto ao
sol e em menos de uma hora
fora de uma célula). No caso
particular do SARS-CoV-2,
não é verdade que ele morra
com temperaturas de 25 graus
ou mais. Até porque, infecta
células na nossa temperatura
corporal de 37 graus.
Mas é verdade que
vírus em geral odeiam calor,
ambientes secos e luz solar,
fatores que reduzem a sua
capacidade de infectar. Ou
seja, vírus gostam de umidade,
escuridão e frio. Em labora-
tório, a maioria é cultivada
em temperaturas bem frias,
muitas vezes abaixo de zero.
Até hoje, não se sabe quanto
tempo o SARS-CoV-2 vive
fora do organismo ou em cada
superfície. Existem estudos
contraditórios e novos estudos
estão sendo feitos para
determinar a longevidade do
vírus fora da célula.


TERMINAIS
Se o risco de contaminação
a bordo da aeronave é baixo,
o mesmo não se pode dizer
dos aeroportos. Telas touchs-
creen de autoatendimento,
inúmeras superfícies rígidas
de metal e vidro e sistemas
de ar condicionado com
filtros não adequados, além
das filas de check-in, raios-X,
imigração ou embarque,
formam o cenário perfeito
para a contaminação dos
passageiros e tripulantes.
Na média, em uma tosse o
vírus poderá ser propulsado
a até 1,80 metro do paciente,
por isso a recomendação de
manter distância de todo
mundo, preferencialmente
acima de dois metros.
É possível portar um
frasco de álcool em gel no
aeroporto pelo menos até
adentrar à área de embarque.
Em vários aeroportos já são
disponibilizados frascos em
locais estratégicos, porém,
por motivos óbvios, não é
permitido embarcar com
álcool em gel.

PESSOAL DE SOLO
Há ainda o pessoal de solo,
os mecânicos e todos aqueles
que por um motivo ou outro
devem entrar em contato com
a aeronave (principalmente em
seu interior). É preciso higie-
nizar as mãos antes de realizar
qualquer atividade no interior
da aeronave e após. Idealmente
entre uma escala e outra, uma
higienização mínima com álcool
ou outro agente que elimine o
vírus, pelo menos dos pontos de
contato mais rígidos, como tray-
-tables, braços de poltrona, bins
e toaletes.
Não é porque todos de-
sembarcaram que não há vírus
vivo dentro da aeronave. Os
vírus, ao contrário das bacté-
rias, sobrevivem mais tempo
em superfícies duras e lisas e
menos nas porosas. O pessoal da
limpeza deve usar máscara N95
porque frequentemente varre o
avião, provocando um aerossol
que pode transportar o vírus.
Também bate muitas vezes nas
poltronas para ajustar cintos
ou tirar o pó, o que também
pode provocar aerossol de vírus
com risco de contaminação.
Idealmente, as equipes deve-
riam substituir o “varrer” por
“aspirar”, mas isso não pode ser
feito com os filtros normais dos
aspiradores de pó, que podem,
em tese, até piorar a situação.

MAGAZINE 310 | (^25)

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