Aero Magazine - Edição 311 (2020-04)

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AS PRIMEIRAS EVIDÊNCIAS
de uma desaceleração no ritmo
de viagens aéreas começaram a
despontar na China, no final de
janeiro. A gigante Cathay Pacific,
que tem sede em Hong Kong,
reduzia dia após dia sua malha
aérea, tendo a quase totalidade
da frota no chão antes mesmo
do início de fevereiro. O carnaval
avançava no Brasil, junto com as
primeiras notícias de que o vírus
SARS-CoV-2 já estava além das
fronteiras da Ásia. Quem embar-
cava no aeroporto internacional
de Guarulhos em meados de feve-
reiro recebia alguns alertas sobre
os riscos da nova doença que
ataca as vias respiratórias. Nos
Estados Unidos, aeroportos como
o de Los Angeles, principal porta
de entrada e saída para a Ásia, se

limitavam a passar informações
básicas de higiene. Poucos no
mundo poderiam imaginar que,
em apenas quinze dias, o cenário
seria completamente diferente.
Alguns poucos alertas sobre
a velocidade de transmissão da
agora chamada covid-19 acompa-
nhavam os indicadores crescentes
de contaminados pela nova doen-
ça. Nos primeiros dias de março,
a confirmação de que o setor
aéreo seria duramente afetado foi
seguida por notícias, já na segunda
semana do mês, alertando que não
se tratava da mera suspensão de
alguns voos, mas de uma possível
paralisação completa do transpor-
te aéreo de passageiros.
Tal cenário não seria imagina-
do sequer pelo mais audacioso ro-
teirista de cinema. A semana ain-

da não havia terminado quando a
American Airlines anunciou que
suspenderia todos os seus voos
de longo curso operados com
aeronaves de dois corredores.
Nem mesmo na semana seguinte
aos ataques de 11 de setembro de
2001 houve medida tão radical.
A terceira semana de março teve
início com a Latam substituindo
seu CEO e anunciando a redução
da malha internacional enquanto
as empresas aéreas europeias
passavam a cancelar praticamente
todos os seus voos. A panamenha
Copa, famosa por conectar as
Américas, paralisou toda a frota.
Antes do final da terceira semana
de março, a gigante Emirates
e suas poderosas rivais árabes
deixaram no chão (“grounded”)
todos os seus aviões.

15 DIAS QUE MUDARAM O MUNDO
“Mais da metade da frota de aviões no solo”

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