Aero Magazine - Edição 311 (2020-04)

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MAGAZINE 311 | (^41)
bilhão de dólares (cinco bilhões de
reais) líquidos em suas unidades de
aviação de negócios e defesa.
O aporte permitirá ampliar os
investimentos em setores bastante
lucrativos e ainda desenvolver
novos projetos em áreas com
potencial de crescimento, como a
de veículos aéreos urbanos. Além
disso, a empresa brasileira ainda
deverá pagar um dividendo espe-
cial de 1,6 bilhão de dólares (oito
bilhões de reais) a seus acionistas.
A definição final do acordo de-
penderá da retomada dos serviços
em todo o mundo, visto que, com
o isolamento social, uma série de
processos não podem ser conclu-
ídos. Ainda assim, sua definição
final dependerá das condições do
mercado ao longo de 2020.
ACORDO BOEING E EMBRAER
“Queda de ações da brasileira, crise financeira da americana e agora a pandemia”
AS RESTRIÇÕES DE VIAGENS
gerada pela pandemia da covid-19
podem inviabilizar o acordo entre
a Embraer e a Boeing. O negócio
avaliado em mais de quatro bi-
lhões de dólares foi anunciado no
final de 2018, mas a crise pela qual
passa a gigante norte-americana,
somada às perspectivas futuras
da economia global, pode forçar a
uma reavaliação do acordo.
A Boeing enfrenta uma grave
crise institucional e de engenha-
ria principalmente oriunda dos
problemas com o 737 MAX e
de falhas diversas no cargueiro
militar KC-46 Pegasus. Recente-
mente, a empresa fez um pedido
emergencial de ajuda ao governo
dos Estados Unidos, solicitando
um aporte de 60 bilhões de dólares
(300 bilhões de reais).
Com a redução no número de
viagens internacionais esperado
para 2020, que poderá ser até 30%
menor do que o ano passado,
segundo previsão da IATA, as
ações da Boeing acumulavam
queda de 62% de janeiro ao início
de abril, seguida por Airbus com
54% e Embraer, que perdeu 50%
de valor.
No dia 18 de março, as ações
da Embraer registraram queda
de 14%, atingindo um valor de
mercado de cerca de 1,3 bilhão de
dólares (6,53 bilhões de reais), ou
seja, quase dois terços menor do
que o existente em dezembro de



  1. Caso a Boeing mantenha a
    proposta do valor acordado, estará
    pagando pela Embraer quase três
    vezes mais do que o seu real valor
    de mercado (março de 2020).
    A queda nas ações da Embraer
    e a crise interna da Boeing ganha-
    ram novo impulso com o surto
    global do novo coronavírus. Ainda
    existe a incerteza de como a comis-
    são regulatória da União Europeia


vai tratar o assunto. Os europeus
vinham solicitando uma série de
documentos e dados sensíveis aos
dois fabricantes, atrasando conside-
ravelmente todo o processo.
O acordo é visto como favorável
a ambos os lados. A Boeing tem
claro interesse na capacidade de
engenharia da Embraer, que se
notabilizou nas últimas décadas por
seu dinamismo e acerto em projetos
e visão de mercado. Desde 1994,
quando a Embraer foi privatizada,
todos os aviões lançados se torna-
ram referência em seus respectivos
segmentos. Do outro lado, a Boeing
tem enfrentado desafios constantes
por problemas de engenharia e
projeto em seus principais produ-
tos. Do ponto de vista financeiro, a
Embraer planeja alocar mais de um
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