Aero Magazine - Edição 311 (2020-04)

(Antfer) #1

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Tudocomeçouem
janeiro,primeirocomo
boato.Umanotícia
compartilhadaaqui,umpostali...
Sódepoisvieramasnotíciasem
sitesjornalísticos.Aindaassim,
acreditávamosqueeraapenasmais
umadaquelasdoençasquesurgem
detemposemtempos,limitando-
-sea algunspoucoscasos.
Ascoisascomeçarama mudar
quandoumex-colegadefaculda-
dequehojetrabalhacomoexe-
cutivoemumaempresachinesa
meligadizendoquediversosvoos
estãosendocanceladosenquanto
o governoadotamedidasdrásticas
derestriçãodecirculaçãoem
umatentativadedetero avanço
donovovírus.Outroamigo,
pilotoemHongKong,informa
quea empresaparaqualtrabalha
suspendeuboapartedosvoose
colocarátodosospilotosestran-
geirosemLSV.

BRASIL


Na primeira semana de
fevereiro, a vida seguia normal-
mente no Brasil, todos os voos
saindo conforme o programado,
quantidade de passageiros condi-
zente com o final da temporada de
férias, pré-carnaval. No Despacho
Operacional (DO), o bate-papo
era o mesmo de sempre: ‘Quando
entra em férias?’; ‘Tá voando bem
este mês?’; ‘E aí, saiu sua promo-
ção para comando?’; ‘Quando
começa o ground? ’.
Eis que começamos a receber
da chefia e-mails alertando para
os perigos de contaminação, com
medidas a tomar em caso de
suspeita a bordo. Mas a situação
ainda podia ser considerada
normal, pelo menos até aquele
momento...
Acompanhávamos ao longo
dos dias as notícias de fechamento
de fronteiras, redução de voos
por parte de empresas asiáticas.

No DO e nos grupos de mídias
sociais já era o assunto dominante
das conversas. Havia rumores
de demissões e licenças não
remuneradas, mas muitos ainda
não acreditavam na gravidade
da situação. No carnaval, voos
lotados, como de costume.

MARÇO
Enfim, chega março. Saio para
uma programação de cinco dias
de voo. No primeiro dia, tudo
tranquilo, business as usual. A
caminho do hotel vou recebendo
mais e mais mensagens a respeito
da nova doença, restrições de
voos, fechamento de fronteiras e,
então, os sites especializados em
aviação noticiam a paralisação de
parte da frota de muitas empresas
e até a falência de algumas, como
aconteceu com a FlyBe, a maior
empresa regional da Europa.
No Brasil, as empresas
começam a propor licenças não
remuneradas para funcionários
e tripulantes. Alguns passagei-
ros usam máscaras. Surgem os
primeiros casos confirmados no
país. Recebo uma mensagem de
outro amigo, que voa em uma
empresa do Oriente Médio, onde
a situação já é preocupante. Voos
vazios para muitos destinos na
Ásia, promoções para comandante
canceladas, notícias de suspensão
de voos de passageiros para alguns
destinos da China e redução de
frequências para a Europa.
No dia seguinte, a caminho do
aeroporto, uma das comissárias
diz: ‘Acabei de receber uma men-
sagem de que um comissário da
minha turma foi internado com
suspeita de covid-19’. Nos aero-
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