Aero Magazine - Edição 311 (2020-04)

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A


s perspectivas
da aviação de
negócios para o
mercado brasilei-
ro eram otimistas
no início do ano,
com sinalização positiva para o
setor. Quem imaginaria que um
evento aparentemente isolado,
do outro lado do mundo, mais
precisamente em Wu h an, na
China, localizada a quase 18 mil
quilômetros de São Paulo, entraria
para os livros de história como o
epicentro de uma pandemia mun-
dial, que desencadearia uma crise
sem precedentes, afetando não só
a indústria aeronáutica como toda
a economia global.
Seja por razões históricas
ou culturais, o Brasil tende a só
funcionar plenamente após o car-
naval. Existe uma sazonalidade na
condução dos negócios que envol-
vem bens de consumo associada
ao início de ano, férias escolares,
recessos, viagens, enfim, há inde-
finições na tomada de decisões
nesse período se o assunto for
investimento. Em 2020, ao mesmo
tempo em que alguns projetos co-
meçavam a tomar forma e muita
gente olhava para o pós-carnaval
como ponto de transição para
se chegar ao “nível de cruzeiro”,
em boa parte do mundo aconte-
cia uma evolução acentuada na
propagação do novo coronavírus,
causador da famigerada covid-19.
Entre o início e o final de feve-
reiro, a doença cruzou as fronteiras
de Europa, América do Norte e vá-
rios outros países, assumindo pro-
porções preocupantes. Entretanto,
a disseminação ainda não havia
chegado ao status de pandemia e
também não se conhecia a capa-
cidade de transmissão acelerada
do novo vírus (mesmo no estágio

assintomático de seu portador),
que é potencializada pela reunião
de pessoas em um mesmo ambien-
te, com destaque para aeroportos e
aviões comerciais.

PRIMEIROS CASOS
Em aparente ritmo de normali-
dade, o mundo seguia as rotinas
cotidianas de trabalho, agendas
e compromissos, sem a associa-
ção direta da aviação comercial
como agente de disseminação
da covid-19. No início de março,
quando o Brasil registrou os pri-

meiros casos e o novo coronaví-
rus ganhou o status de pandemia,
rapidamente o transporte aéreo
começou a desacelerar, sentindo
o impacto da crise. Em apenas 15
dias, observarmos uma mudança
dramática, nunca antes vista.
Fronteiras marítimas, terrestres
e aéreas começaram a fechar, de-
cretos de quarentena locais e nos
destinos e cancelamentos de voos,
inicialmente para certas localida-
des até atingir quase toda malha
aérea doméstica e internacional.
Frotas inteiras de aeronaves
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