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Itália
700
mortes/diaEUA
900
mortes/dia04/04DESPREPARO
Diferentemente de qualquer outro evento desde a gripe
espanhola de 1918, a pandemia de covid-19 terá um
efeito profundo na vida no planeta. Além das centenas
de milhares de mortes que inevitavelmente ocorrerão
até o pior passar, existem enormes mudanças sociais e
impactos secundários que serão sentidos nos próximos
anos, talvez décadas. As indústrias mais atingidas em
um primeiro momento são as de hotelaria, turismo e
eventos: companhias aéreas, hotéis, restaurantes, eventos
esportivos, shows e convenções.
As consequências subsequentes para a economia em
geral serão igualmente devastadoras. Com uma queda
vertiginosa nas receitas comerciais, as receitas tributá-
rias sofrerão um grande impacto e os governos terão
de pedir dinheiro emprestado para cumprir obrigações
existentes e novas, mergulhando em mais dívidas. Os
governos já aplicaram medidas restritivas obrigando boa
parte da população a ficar em casa. Fez isso conscien-
tizando, aplicando multas e até ameaçando de prisão
aqueles que estivessem na rua sem motivo justificável.
O colapso de indústrias, economias e estruturas
de poder inteiras levará meses e mesmo anos paraA DISSEMINAÇÃO
Tragicamente, a aviação estava no cen-
tro da disseminação do novo coronaví-
rus, uma vez que dezenas de milhares
de voos diários interconectavam os
confins do mundo. Antes da atual
desaceleração, o movimento médio da
aviação comercial regular era superior
a 110 mil voos por dia. Assim como
aviões foram usados nos ataques de 11
de setembro de 2001, mais uma vez, in-
felizmente, eles estão no centro da crise,
tendo papel decisivo na disseminação
da doença. Por esse motivo, em 31 de
janeiro, os Estados Unidos declararam
emergência de saúde pública e come-
çaram a restringir a chegada de voos da
China para alguns de seus principais
aeroportos com objetivo de rastrear
melhor os passageiros que desembarca-
vam. Mas era tarde demais. Até então,
mais de 400 mil passageiros haviam
chegado aos Estados Unidos da China e
o vírus estava a caminho de se espalhar
rapidamente.
No mesmo dia 31 de janeiro, Roma
registrou seus dois primeiros casos,
justamente um casal que chegou à Itá-
lia vindo da província de Wuhan, em
23 de janeiro. A Itália, assim como os
Estados Unidos, suspendeu no mesmo
dia (31 de janeiro) todos os voos da
China, em um esforço para conter a
propagação. A área mais atingida seria
a região da Lombardia, com uma gran-
de população de idosos. A primeira
morte aconteceu em 22 de fevereiro.
Nesse dia, 53.785 italianos já estavam
em quarentena. Em 8 de março, apenas
17 dias depois, mais de 16 milhões
de italianos estavam em quarentena.
Mas era tarde demais. O vírus já havia
infectado milhares de pessoas e as
mortes aumentariam rapidamente para
centenas por dia. Em 4 de abril, 15.642
italianos haviam morrido como resul-
tado direto da covid-19. Nessa data, a
Itália vivia 700 mortes por dia e mais
de 900 por dia nos Estados Unidos.