Folha de São Paulo - 25.03.2020

(nextflipdebug5) #1

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coronavírus saúde


QUARTA-FEIRA,25DEMARÇODE 2020 B9


  • ThiagoAmâncio


sãopauloOboteconocentro
deSãoPauloondehádiasse-
nhorestomavamcerveja ejo-
gavamnobicho agorafechou
amaior partedas portas,co-
locou umamesa na entrada
paraimprovisarumbalcão e
só entregamarmitas.
“É oque dá parafazer,meu
filho, para tentar sobreviver.
Dispensaram osgarçons e
fiquei aqui sozinhocomo
cozinheiro. Masomovimen-
to tá fraco, fraco. Nãosei se
távalendoapena”, afirma
FranciscodosSantos, 59 ,um
dos proprietários.
Passouavaler nestaterça-
feira( 24 )odecretodogover-
no deSãoPauloque estabe-
leceofechamentodelojas,
bares,restaurantesecafés
por pelo menos 15 dias,co-
mo medida decombate àdis-
seminação do novocoronaví-
rus.Aapostadesses estabe-
lecimentos paragarantir al-
gumarendaénos serviços de


entrega, que estão liberados.
Na capital paulista,oapa-
gãofoi gradual, porque des-
de sexta( 20 )oscomércios
não essenciais estavam impe-
didos de abrirporordemda
prefeitura—masrestaurantes
funcionavamnormalmente.
Ocentrodacidade estava,
emgeral, vazio natardedesta
terça. Ruim paraquem procu-
rava oque comer, como Maria
Aparecida, 58 ,funcionária de
call center na ruaSetedeAbril.
“Temgente,como nós, que
não parou,eestádifícil achar
algumacoisaabertaparaco-
mer.Pelo menosapartir de
amanhãeuvouficaremca-
sa, porquetenho pressão al-
ta.Mas meuscolegasvãocon-
tinuar vindo”,afirmou.
Oserviçodecallcenterfoi
listado,entreoutros, pelogo-
vernadorJoãoDoria (PSDB)
comoexemplo do que ainda
podefuncionar,paradesespe-
rodos profissionaisda área.
“Comer não pode num salão
com 20 pessoas, mas ficar 500

num andar nãotemproble-
ma”, dizumtrabalhador que
preferenão ser identificado.
“A lmoço, agora,só setrou-
xerdecasaoucomprar algo
no mercado.Estácomplicado
epreocupante”,diz LucasPau-
lino, 20 ,quetrabalhaháum
anonum mercado nocentro.
Ocoronavírus nãoéoúni-
coproblema de quemainda
bate cartão no trabalho.Mais
de uma pessoareclamoudo
medo ao andarpeloscalça-
dõesvazios docentro. “Cui-
dado por onde anda aí, boy,
porque oscarascolam mes-
mo,guarda essecelular”,reco-
menda um moradorderua à
reportagem daFolha.Apartir
de quarta-feira( 25 ), morado-
resdeSãoPaulo poderãore-
gistrar pelainternettambém
queixas deroubo.
Aslojasfechadasderamca-
ra deferiadoaváriosdos pon-
tosmovimentados da cida-
de.Olargoda Concórdia, no
Brás, porexemplo,costumei-
ramentetomadopor ambu-

No 1º dia da quarentena em SP,


comércio ainda tem dúvidas


Trabalhador buscaoquecomer,erestaurantefechado apostaementregas


lanteseclientes das lotadas
lojas detecido,tinha apenas
guardas civisemoradores de
rua.Tambémvaziaestavaa
avenidaPaulista.
Aobrigaçãodefecharco-
mércio,noentanto, aindacau-
sa algumas dúvidas.
DéboraDias, 50 ,abriunor-
malmente nestaterça sua loja
de produtosdelimpeza,tam-
bém nocentrodacidade —
comdoispapelõespintados
que deixam claroque não há
mais álcool emgel.
“Sou pequena, sou pobre,
sou trabalhadora.Preciso fun-
cionar.Ninguém passou aqui
paraexplicar quem pode ficar
abertoounão,opessoalfe-
chouporquevê namídia. Eu
sou mercadodeprodutode
limpeza, já litudoenão en-
tendi se posso abrir”, afirma,
que diz que, emboraomovi-
mentotenhacaído umpou-
co,aprocurapor material de
limpeza aindaéalta.
ÀFolhaaPrefeituradeSão
Paulo disse que “por se tratar
decomércio de higiene entra
narelação deatividadescon-
sideradascomo essenciais”.
Aadministração municipal
diz que há 2. 000 agentescons-
cientizandocomerciantes nas
ruaseque informa os muníci-
pes porcarros de som,além
doscanais oficiaiscomoosite
da prefeitura eoDiário Ofici-
al. Atéagora,nenhumamulta
foiaplicadacontraquem des-
cumprisseadeterminação.

Nãofoi apenasocentrode
SãoPaulo que apagou.Arua
dosPinheiros,nazona oeste
da cidade, outroracomres-
taurantes lotados na horado
almoço,nãotinhaninguém.
Natradicional CantinaGi-
gio,osdonosadaptaram um
espaçoparaentregadores
de aplicativo, deramtreina-
mentoaos motoboys da fro-
ta própriaeagoravãocriar
atéumdrivethru, onde mo-
toristas podemrealizar pe-
didosepegaracomida sem
precisar sair docarro.
“Estamos nos adaptando a
esse novomodelo,inclusive
fazendo um trabalho de mar-
keting.Produzimos menosco-
mida, sóoque devemosven-
der no dia. Alguns motoboys
têmpreferido usar máscara.
Éumprocessodeaprendiza-
dotambém”, afirmaanutrici-
onistadorestauranteGeova-
na Marques, 23.
Emboraosrestaurantes
apostem no delivery, entre-
gadores dizemqueomovi-
mentoaindaestá baixo.
“O climatá tenso.Tem mui-
ta gentetrabalhando, mastem
menos entrega.Trabalho 12
horas por diaeganho R$ 700
por mês. Estou nessa desdeo
ano passado porqueodesem-
pregoestágrande”,afirma à
reportagem Ricardo Cunha.
“E os aplicativos não ofere-
cemnada,máscara, álcool em
gel, melhorescondiçõesde
trabalho.Tádifícil”, resume.

Rua25deMarço,polo decomércio popular nocentrodacidade de São Paulo,que estevefechadaequase desabitada nestaterça-feira (24) RonnySantos/Folhapress


IMÓVEIS NEGÓCIOS


Sem liberdade de imprensa

não há democracia

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Sou pequena,
sou pobre, sou
trabalhadora.
Preciso funcionar.
Ninguém passou aqui
paraexplicar quem
pode ficar aberto
ou não,opessoal
fechou porquevê
na mídia. Eu sou
mercado de produto
de limpeza, já li
tudoenão entendi
se posso abrir

DéboraDias
quetemuma loja de produtos de
limpeza nocentrodeSão Paulo
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