Elle - Portugal - Edição 369 (2019-06)

(Antfer) #1
um dos episódios de O Sexo e
a Cidade (o primeiro da quarta
temporada), à conversa durante
uma refeição, Samantha partilha
com as suas amigas que vai fazer
uma sessão fotográfica nua. Faz-se um
momento de silêncio e a sempre pragmá-
tica Miranda pergunta: «O que é que vais
fazer? Postais para dar aos teus futuros
namorados?» Ao que Samantha respon-
de: «Não se trata de obter a aprovação
de um homem. Esta foto é para mim.
Quando for velha e as minhas mamas me
chegarem aos joelhos, posso olhar para
ela e dizer: ‘Bem, eu era mesmo boa!’»
A discussão continua e a possibilidade de
a personagem de Kim Cattrall poder ser
ou não narcisista por gostar do seu corpo
o suficiente para se sentir confortável
despida é debatida.
Passaram-se anos desde esse momen-
to, mas estas visões divergentes perma-
necem. A questão aqui não deveria ser
porque é que queremos uma recordação
do nosso corpo nu, antes, porque não?
Podemos remeter para questões socioló-
gicas, históricas até. Afinal, algures no
tempo, o corpo humano foi reverenciado,
se as estátuas greco-romanas servirem de
exemplo. Não como algo sexual, mas
sim como normal, real até. As barrigas
das esculturas são ligeiramente arredon-
dadas, as mamas são descaídas. O que é
que mudou para termos dificuldade até
de nos vermos ao espelho nuas? Refle-
tindo numa perspetiva atual, ainda há
alguns tabus quando se fala do corpo nu,
principalmente quando esse corpo é de
uma mulher. Exemplo disso mesmo é a
campanha Free The Nipple (libertem os
mamilos, em português), no Instagram,
que visa acabar com a censura a fotografias
de mulheres que mostrem os seus ma-

BELEZA


FERNAND FONSSAGRIVES / TRUNK ARCHIVE (1) - DR (7)

FEELING


MYSELF


Com o movimento body positive a dominar a opinião
pública, será que estamos preparadas para nos aceitarmos
sem qualquer tipo de barreiras físicas?
Por Carolina Adães Pereira

N


CORPO

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