Elle - Portugal - Edição 369 (2019-06)

(Antfer) #1
tivamente com o mesmo período transato. Já o termo “mulheres
diversas” registou um aumento de 168% nas pesquisas. Isto
pode ser explicado pelos primeiros passos que várias entidades
estão a dar no caminho da representatividade social em diferentes
plataformas de comunicação. Como os filmes pornográficos de
Erika Lust (imagem 1), que acabam com a visão plástica e falsa
deste género e que apresentam o sexo como algo natural e feito
por pessoas de carne e osso, rugas e celulite incluídas. A conta
de Instagram @glitterstretchmarks (imagem 4) apropria-se
de algo que é encarado pela sociedade como feio e motivo de
vergonha – estrias, cicatrizes de automutilação ou marcas de
vitiligo – e, com recurso à colagem de brilhantes, transforma-o
em algo belo. Na música, jovens mulheres sobem aos palcos
desprovidas das amarras convencionais e cantam aquilo que
sentem, tal como são. A cantora Lizzo, que vai passar em junho
por Portugal no NOS Primavera Sound, deu início a todo um
movimento de amor-próprio com o seu novo álbum (imagem
2), por saber «o quanto é difícil ‘amares-te a ti própria’ numa
sociedade em que os media nos dizem que não temos dinheiro
suficiente para o fazer», revela num artigo de opinião ao site do
canal de televisão NBC. Também na TV começa a haver espaço
para estereótipos e preconceitos serem debatidos e dissipados,
como o reality show Naked Beach, do Channel 4, no Reino
Unido,ondeos concorrentesaparecemnuscom o propósito de
desenvolverema suaautoestima.Naimprensa, principalmente

a feminina, novas normativas estão a aparecer, muito graças a
modeloscomo a Halima Aden ou Tess Holliday (imagem 7);
noentanto, a criação de publicações de nicho foi a verdadeira
respostaàs necessidades de representatividade. Exemplos disto
sãotítulos como a Darling, uma publicação que não recorre
a ferramentas de edição de imagem para as suas fotografias, e
a Diva,a principal revista para lésbicas e mulheres bissexuais
na Europa, entre outras.
Hápessoas a participarem ativamente na mudança do para-
digmae a contribuírem para termos um espaço público verdadei-
ramentemais representativo, através do qual todas consigamos
estabelecer uma relação de aceitação connosco próprias. No
entanto,como Lisa Smolarski, diretora da revista inglesa Stylist,
nos contou no evento de lançamento do projeto #MostremNos,
«os media devem ser um espelho da sociedade, e se não consegue
rever-se, onde é que pertence? (...) Digo isto com a maior trans-
parência e em consciência: se não se vir representada nas páginas
das revistas, nas publicações das influenciadoras no Instagram,
nos sites, faça um favor a si própria e boicote essas publicações.
Não perca com elas o seu tempo nem o seu dinheiro, e faça a sua
voz ser ouvida». Fale e exija ver-se representada. Q

desenvolveremasuaautoestima.Naimpr


  1. Imagem do projeto
    #MostremNos.

  2. Capa do número
    23 da revista Darling.

  3. Tess Holliday na
    capa da Cosmopolitan
    UK de outubro de 2018.

  4. Capa da edição
    de abril de 2019
    da revista Diva.


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MERYEMTILILAOULHAJ/#MOSTREMNOS/ GETTY IMAGES (1) - DR (3)

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