O Estado de São Paulo (2020-05-09)

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A16 SÁBADO, 9 DE MAIO DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO


Esportes

Volta. Messi trabalha com a bola no treino do Barcelona: futebol terá cinco substituições

Andreza Galdeano


Com as alterações nos calen-
dários das competições es-
portivas, entidades estudam
mudanças para quando o fute-
bol voltar às suas atividades
depois da pandemia causada
pelo novo coronavírus. On-
tem, a International Board au-
torizou cinco substituições
por equipe até o final de 2020
para lidar com a provável ma-
ratona de jogos
(mais infor-
mações nesta página)
**
.
Medidas como proibir come-
moração em grupo e encurtar o
tempo das partidas estão na lis-
ta de sugestões de outras entida-
des, uma vez que se espera lon-
go período até a criação de uma
vacina. O
Estado** separou algu-
mas dessas propostas.


Amarelo para quem cuspir.
Michel D’Hooghe, presidente
do Comitê Médico da Fifa, de-
fende a aplicação do cartão ama-
relo para os jogadores que cuspi-
rem em campo. “Cuspir duran-
te os jogos é uma prática co-
mum no futebol e pouco higiêni-
ca. Por isso, quando o futebol
voltar, penso que deveríamos
evitá-la. A questão é se isso será
possível. Talvez com um cartão
amarelo”, afirmou D’Hooghe.


Proibir comemoração. Como
parte do novo protocolo para a
retomada do Campeonato In-
glês, a Premier League pode


proibir que os jogadores come-
morem gols em grupo. A medi-
da seria aplicada nos jogos res-
tantes da temporada, que foi
suspensa em março, mas tam-
bém poderia persistir por mais
um ano, como forma de evitar a
propagação da covid-19.

Troca de camisas. Além das
comemorações, a Premier Lea-
gue também pode proibir a tro-
ca de camisas entre os jogado-
res durante as partidas. Isso po-
de se espalhar por outros países
e chegar nos torneios continen-
tais, como Copa dos Campeões
da Europa e Libertadores.

Aperto de mão e conversas. O
Campeonato Sul-coreano retor-
nou ontem. Entre as medidas
contra a covid-19 está a proibi-
ção de apertos de mão entre os
atletas e árbitros. Além disso,
os jogadores também não po-
dem falar com os colegas de

equipe. Todos os envolvidos
nas partidas serão testados pa-
ra a doença e as equipes que re-
gistrarem atletas infectados te-
rão de cumprir quarentena.

Teste do cafezinho. A Confede-
ração Brasileira de Futebol
(CBF) desenvolveu um guia
médico da para a volta gradual
do futebol. Uma das passagens
mais curiosas do documento
trata de um exame para verifi-
car a possível perda de olfato,
que é um dos impactos mais sen-
tidos pelos infectados com a
doença. O guia sugere que o jo-
gador que relatar a falta de sensi-
bilidade no cheiro deve passar
por um procedimento em que
uma porção de café será coloca-
da a cerca de 5 centímetros de
distância do nariz dele. Se ainda
assim o atleta disser que não
sente o cheiro, ele deverá ser en-
caminhado para um teste mole-
cular mais detalhado.

Testes imunológicos. Tam-
bém no guia da CBF, uma das
sugestões é para que os elencos
sejam submetidos a testes imu-
nológicos rápidos 48 horas an-
tes do início das atividades.
Quem apresentar resultado ne-
gativo, estará liberado para trei-
nar, porém vai continuar sob vi-
gilância. Quem testar positivo,
terá de ficar distante dos de-
mais colegas e só poderá voltar
a treinar se permanecer sem sin-
tomas durante três dias.

Vinícius Saponara


A paralisação do futebol causa-
da pela pandemia do novo coro-
navírus vai provocar prejuízos
nos contratos dos jogadores,
que se desvalorizam a cada se-
mana sem atividade. Isso vai
atingir em cheio as negociações
do mercado, as chamadas jane-
las de transferências.
A queda nos valores vale tan-
to para quem atua na Europa,
onde está a maioria dos atletas
de ponta, quando para quem jo-


ga no Brasil. Os clubes compra-
dores também não vão abrir
seus cofres como antes. Eles es-
tão mais vazios. Rendas de bilhe-
terias e cotas de TV desaparece-
ram ou foram renegociadas.
Estudo divulgado nesta sema-
na pela consultora KPMG mos-
trou que esses prejuízos nos
contratos de atletas vão atingir
muita gente. A crise econômica
causada pela pandemia levará a
uma queda no valor de mercado
dos jogadores que poderá supe-
rar os 20% em nomes mais co-
nhecidos mundialmente, como
o brasileiro Neymar e o francês
Kylian Mbappé, ambos do Paris
Saint-Germain, e o argentino
Lionel Messi, do Barcelona.
O estudo revelou perda mé-
dia de 20% no valor de mercado
dos 20 jogadores mais caros do

mundo em caso de suspensão
definitiva da atual temporada,
como já ocorreu na França e na
Holanda, ou de 13% se os tor-
neios puderem ser concluídos.
A Alemanha já definiu que a
retomada de seu campeonato
nacional será no próximo dia


  1. Itália e Inglaterra têm a mes-
    ma ideia, mas ainda não defini-
    ram se terminarão seus tor-
    neios. A Espanha apontou 20 de


junho para recomeçar.
Os casos de Mbappé, Neymar
e Messi são mais emblemáticos.
Com respectivamente 21,5% e
21,7% de queda no valor de mer-
cado devido à suspensão defini-
tiva da temporada na França, os
dois jogadores mais caros da Eu-
ropa estão um pouco acima da
média. Ambos atuam no atual
campeão francês.
O contrato do atacante fran-
cês está avaliado entre 177 (R$
1,12 bilhão) e 188 milhões (R$
1,19 bilhão) de euros, contra os
225 milhões de euros (R$ 1,
bilhão) que a KMPG estimava
em fevereiro, enquanto que
Neymar já não valeria mais 175
milhões de euros (R$ 1,1 bi-
lhão), mas sim algo entre 137
(R$ 867 milhões) e 149 milhões
(R$ 943 milhões). Lionel Messi,
que fará 33 anos em junho, per-
deria entre 23,2% e 27,5% de seu
valor de mercado – para 127 (R$
803 milhões) e 134 milhões de

euros (R$ 848 milhões), respec-
tivamente.

Futebol brasileiro. No Brasil,
o elenco mais valioso, de acor-
do com o site Transfermarkt, é
o do Flamengo. Mas, com a pan-
demia, o atual campeão da Li-
bertadores se desvalorizou e so-
freu queda no valor de mercado
de 30 milhões de euros, R$ 188,
milhões na cotação atual. No
dia 15 de março, antes da parali-
sação do futebol brasileiro, o
elenco do time carioca valia
151,2 milhões de euros (R$ 950
milhões) e hoje vale 121,78 mi-
lhões de euros (R$ 765,3 mi-
lhões), queda de 19,5%.
Mas não foi só o Flamengo
que sofreu desvalorização. O
Palmeiras, dono do segundo
elenco mais valioso do País, te-
ve queda estimada de 18,3% no
valor de mercado de seu time.
Na sequência, o Grêmio ficou
19% mais barato.

SEM TORCIDA, FUTEBOL
VOLTA NA COREIA DO SUL

]Após cerca de dois meses suspen-
so em razão do novo coronavírus, o
futebol sul-coreano foi retomado on-
tem. O Jeonbuk venceu o Suwon por

1 a 0, gol de Lee Dong-gook. Segundo
a K-League, outros 35 países adquiri-
ram os direitos para transmitir a tem-
porada. A partida também pôde ser
acompanhada no YouTube e no Twit-
ter oficial da liga, o que rendeu uma
explosão de audiência.

Times poderão


substituir cinco


atletas por jogo


PANDEMIA DO CORONAVÍRUS


C


om todas as competi-
ções paralisadas ou
canceladas, o UFC
deu o pontapé inicial para a
retomada do esporte, parado
desde 14 de março. A organi-
zação escalou alguns de seus
lutadores para se enfrenta-
rem hoje, em Jacksonville,
na Flórida. Sem público. O
evento de número 249 vai
contar com a participação de
três brasileiros. Entre eles es-

tá Fabrício Werdum, que retor-
na ao octógono após dois anos
suspenso por doping.
Em entrevista ao Estado , o
ex-campeão dos pesados co-
menta sobre as medidas de se-
gurança propostas pelo UFC.
Entre elas está a realização de
testes para a covid-19 no local
da luta. “Vamos fazer todos os
exames. Eles sempre tiveram
muito cuidado com a gente e
agora não vai ser diferente.”

Werdum, que encara Oleksiy
Oliynyk, também ressalta que
concorda com as decisões de
Dana White, presidente da orga-
nização, em retomar a modali-
dade. “Eu gosto da decisão do
UFC. A organização sempre te-
ve muito cuidado com a gente.
Vamos fazer testes para a co-
vid-19 no local. Alguém tinha de
dar o primeiro passo porque, se
deixar, isso vai ficar até quan-
do? Acho que dá para ter todo o
cuidado e realizar as lutas. É um
esporte que não precisa de tan-
ta gente para fazer. As pessoas
estão precisando ver algum es-
porte ao vivo”, afirmou.
Além disso, o brasileiro garan-

tiu que não está preocupado
com uma possível contamina-
ção. “Acredito que, se eu me
contaminar, não vai me afetar
tanto, vou ter uma gripe ou fe-
bre. Como estou bem prepara-
do fisicamente, minha preocu-
pação maior era não lutar.”
Sobre a luta, Werdum está oti-
mista. “Estou bem confiante,
apesar de saber que o meu opo-
nente é muito experiente e um
cara difícil. Ele é forte, profissio-
nal, solta uns golpes que nunca
ninguém viu e dão certo. Então
tenho de respeitar, mas estou
confiante para sair com a vitó-
ria. O importante é levantar o
braço no final.” / A.G.

JEON HEON-KYUN/EFE

DEPRECIAÇÃO

Jogadores e clubes sofrem desvalorização alta


BOAS MANEIRAS

A International Board (IFAB,
na sigla em inglês), órgão que
faz a gestão das regras do espor-
te, aprovou ontem, de forma
temporária, proposta feita pela
Fifa – as equipes poderão fazer
cinco substituições por partida,
em três momentos distintos,
tendo em vista a proteção dos

jogadores devido à crise causa-
da pela covid-19.
“Como o futebol está conside-
rando a retomada das competi-
ções pelo mundo após a pande-
mia de covid-19 ser controlada
em alguns países, a IFAB con-
cordou em fazer uma alteração
temporária às Leis do Jogo,
com base na proposta feita pela
Fifa para proteger o bem estar
do jogador”, informou o órgão
em comunicado oficial.
Esta alteração pontual e tem-
porária vai entrar imediatamen-
te em vigor e será aplicada nas

competições que estejam pre-
vistas para ser concluídas até 31
de dezembro de 2020, quer se-
jam as que serão retomadas ou
as iniciadas nesse período.
A entidade ressalta que a apli-
cação das cinco substituições fi-
ca a critério da organização das
competições, federações ou li-
gas, tal como o recurso ao VAR
(árbitro de vídeo). “Em relação
às competições com recurso do
VAR, estas podem cessar a sua
utilização na retomada, ficando
a critério de cada organizador”,
admitiu a Fifa.

'SE FOR CONTAMINADO, NÃO


VAI ME AFETAR TANTO’


BENOIT TESSIER / REUTERS

Estudo mostra que crise


pode causar queda maior


do que 20% em contratos


de grandes nomes do
futebol, como Neymar


Neymar. Baixa de 21,7% no
valor de mercado do craque

19,5% de queda
no valor do elenco teve o
Flamengo, time mais valioso
do futebol brasileiro

MIGUEL RUIZ/EFE

Propostas para o


futebol pós-crise


já saem do papel


Mudanças. Entidades estudam mudanças para quando a


modalidade voltar às suas atividades após a pandemia da covid-


Michel D’Hooghe
PRES. DO COMITÉ MÉDICO DA FIFA

‘Cuspir em campo é
comum e pouco hi-
giênico. Deveríamos
evitar. E dar amare-
lo a quem cuspir’

UFC BRASIL

UFC 249

Luta. Werdum volta ao octógono hoje, nos Estados Unidos
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