O Estado de São Paulo (2020-05-09)

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H2 Especial SÁBADO, 9 DE MAIO DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO


SONIA RACY


DIRETO DA FONTE


Mariane Morisawa
ESPECIAL PARA O ESTADO / BERLIM


O compositor e produtor Glen
Ballard é conhecido por ter tra-
balhado com alguns dos maio-
res nomes da música pop, de Mi-
chael Jackson a Alanis Morisset-
te. Mas ele acha que a música
pop hoje em dia está muito sem
criatividade. “Nos últimos 20
anos, a maior parte da música
pop foi feita por máquinas.
Tem coisas maravilhosas, mas
em geral é tudo muito pareci-
do”, disse ele em entrevista ao
Estado , em Berlim. “Eu acho
que há um apetite por algo dife-
rente.” E Ballard, criado entre o
Mississippi e a Louisiana, acha
que a resposta é o jazz. Foi as-
sim que nasceram quase 20
músicas e a ideia para uma série
de televisão ambientada num
pequeno clube de jazz em Paris,
The Eddy , que acaba de entrar
na Netflix.
Ballard faz questão de frisar
que a série não exige conheci-
mento prévio de jazz. “É sobre o
futuro e não sobre o passado”,
contou. “O desafio é trazer um
público jovem. É preciso fazer
com delicadeza.”
Ballard juntou-se ao produ-
tor Alan Poul, ao roteirista Jack
Thorne ( His Dark Materials ) e
ao diretor Damien Chazelle,
que colocou o jazz no centro de
seus filmes Whiplash – Em Bus-
ca da Perfeição
e La La Land –
Cantando Estações
. Chazelle diri-
giu os dois primeiros dos oito
episódios da primeira tempora-
da de The Eddy.
A série se passa em Paris, on-
de o jazz sempre teve morada.
“Sempre admirei o fato de po-
der ouvir tanto jazz em Paris,
com pessoas tocando por amor
e não por dinheiro”, afirmou
Ballard, que mora em Los Ange-
les. The Eddy é o nome do pe-
queno clube de jazz no 18.º ar-
rondissement, de propriedade


do americano Elliott Udo (An-
dré Holland, de Moonlight – Sob
a Luz do Luar ), um sujeito neu-
rótico e de poucos sorrisos, e do
carismático francês Farid (Ta-
har Rahim). Lá, apresenta-se a

banda encabeçada pela cantora
Maja (a polonesa Joanna Kulig,
de Guerra Fria ). Elliott é sur-
preendido no primeiro episó-
dio com a chegada de sua filha
adolescente, Julie (Amandla

Stenberg). Um crime abala ain-
da mais o negócio.
Para Jack Thorne, a música
composta por Ballard, que é o
repertório da banda e trilha da
série, foi o ponto de partida. De-

pois, o lugar informou muito do
roteiro. “Sou fascinado pelo
anel viário de Paris e pela arqui-
tetura urbana, como a vida das
pessoas está se transformando
e como as pessoas estão sendo
empurradas para fora das cida-
des. Como o jazz é uma fusão,
parecia uma boa maneira de fa-
lar dos incluídos e dos excluí-
dos”, disse o roteirista. O 18.º
arrondissement fica na frontei-
ra com o anel viário. O produ-
tor Olivier Bibas contou que
Chazelle queria mostrar a rea-
lidade da Paris atual, sem ro-
mantismo ou cartão-postal.
“Não o Champs Elysées, mas a
região nordeste da cidade. E
quando fomos lá vimos muita
gente ouvindo jazz em diferen-
tes formas. A ideia é que o es-
pectador viva a experiência da
Paris de hoje.”

Encontrar o tom certo foi o
maior desafio. A ideia era im-
pregnar tudo de jazz – ou da filo-
sofia do jazz. “A maneira como
filmamos é bem baseada no
jazz. Cada episódio se baseia
em um dos personagens, cada
um tem seu solo”, explicou
Alan Poul. Os atores podiam im-
provisar, interagir com os mui-
tos elementos do cenário e
fluir, sem marcações. “Tínha-
mos muita liberdade, o que cer-
tamente causou problemas pa-
ra a equipe de som e música”,
disse Holland. Os diálogos tam-
bém pulam do inglês, ao fran-
cês, ao árabe, ao polonês, voltan-
do ao inglês.
Os atores foram escolhidos
de acordo com seus talentos
musicais, já que precisavam
formar uma banda de verdade.
Mas também precisavam ser
capazes de carregar uma histó-
ria – e nem todos tinham atua-
do antes. “E tinha de ser inter-
nacional. O jazz é um caldei-
rão, e os personagens também.
Ao escalar, ficamos surpresos
com as pessoas que aparece-
ram. Nosso baixista é cubano”,
contou Thorne.
Para Joanna Kulig, foi a me-
lhor escola de jazz possível. “Na
Polônia, o jazz é muito impor-
tante, porque no período comu-
nista ele significava a verdadei-
ra liberdade. E o jazz conecta
todas as culturas. Por isso to-
dos se sentem em casa em The
Eddy .” Ballard acredita que essa
é a prova de que o jazz é univer-
sal. “Cada um contribui com
suas influências. E isso foi per-
feito, porque não quero que se-
ja tradicional, mas sim algo que
você nunca ouviu. Trabalha-
mos com um artista chamado
Sopico. Não sei se ele se define
como jazzista, mas acho que é.
Foi legal ver um artista jovem
entender que não se trata de
procurar algo que está no rádio,
mas na alma. É preciso coragem
para fazer isso. Jazz é a metáfo-
ra perfeita para encontrar sua
própria personalidade.”

O JAZZ POP DE


Produzida pelo cineasta Damien Chazelle, série ‘The Eddy’


faz um mergulho na cidade ao som do gênero musical


Caderno 2


‘FLORAIS SÃO REMÉDIOS VIVOS


QUE FAZEM FLORIR SAÚDE’


ALQUIMIA

PARIS


Com a pandemia, as pessoas ten-
dem a se sentir mais ansiosas,
depressivas e angustiadas. E mui-
tas buscam práticas naturais pa-
ra tentar driblar esses efeitos.
Para entender melhor como fun-
cionam os florais, a coluna con-
versou com o alquimista Joel
Aleixo , que atua na área da al-
quimia floral há mais de 30
anos. “Quando manipulamos
uma essência floral alquímica,
conseguimos trazer a exube-
rância, força e potencialidade
da natureza para o líquido e,
consequentemente, para o cor-
po de quem bebe”, explica ele.
Confira a seguir.

lCom a pandemia, as pessoas

tendem a ficar mais ansiosas,
irritadas e depressivas. Como os
florais atuam para ajudar a con-
trolar esses sentimentos?
Depressão e ansiedade são sin-
tomas completamente opostos
ao que vemos na natureza, que
é exuberante em qualquer esta-
ção do ano. Quando manipula-
mos uma essência floral,
conseguimos trazer essa
exuberância, força e po-
tencialidade da nature-
za para o líquido, o
que chamamos de al-
quimia floral. A flores-
ta, mesmo vista na
TV, remete o nosso
cérebro e nosso cor-
po a lembranças de

lugares amplos, abertos e colori-
dos. E o corpo entende isso, não
só vendo e ouvindo a natureza,
mas também bebendo.

lPode-se considerar que os flo-
rais são remédios para a alma?
As alquimias florais são remé-
dios vivos que podem levar a
natureza para dentro de nós.
Vemos que os florais fazem flo-
rir saúde e cura mesmo num
jardim onde a terra não está
boa. Um corpo doente preci-
sa ser tratado com uma
medicina viva.

lEm quanto
tempo se nota
os resultados
do dos florais?
Observamos
que isso va-
ria de acor-
do com a ida-
de. Nas crian-
ças, adolescen-

tes e jovens é muito rápida a
atuação, em alguns dias já ve-
mos resultados. Em pessoas
acima dos 40 anos, com ideias,
conceitos, dogmas e crenças já
definidos, o efeito leva um pou-
co mais de tempo.

lExiste alguma restrição?
Sempre brinco que os florais
alquímicos podem ser tomados
desde quando o bebê está na
barriga da mãe. Inclusive, te-
mos experiências com pacien-
tes que se tratam há mais de 10
anos. Não há restrições, eles
podem ser tomados em todas
as idade. Qualquer pessoa pode
fazer uso, com a grande vanta-
gem que são essências que não
apresentam nenhum tipo de
efeito adverso, como a alta do-
sagem, pois são totalmente na-
turais. Porém, gestantes, lactan-
tes e quem tenha alguma aler-
gia a plantas, deve consultar
seu médico./SOFIA PATSCH

Colaboração
Cecília Ramos [email protected]
Marcela Paes [email protected]

lA Prefeitura expande o pro-
grama de máquinas de lavar e
secar roupas para população
em situação de rua. A partir
de segunda feira, serão aber-
tas mais três estações no Lar-
go Paissandú, Parque Dom
Pedro II e Largo São Francis-
co. Duas já funcionam na Pra-
ça da Sé da República.

l Criado por Elizaveta Uva-
rova , e com Chris Pitanguy
como parceira no Brasil, en-
trou em cena nesses tempos
de coronavírus o Vídeo 1:1.

lEm comemoração ao Dia
das Mães , a Cless Cosméticos
vai doar 250 kits de cosméti-
cos para as mulheres vítimas
de violência doméstica que
estão acolhidas no CAE- Cen-
tro de Acolhimento Especiali-
zado para Mulheres.

RESPONSABILIDADE
SOCIAL
POLAROID
Alex Flemming – artista brasileiro
que acaba de fazer uma
intervenção na própria obra, na
Estação Sumaré do metrô – mora
em Berlim e optou por passar a
quarentena em São Paulo. “Tenho
aproveitado esse tempo de
reclusão para pensar novos
projetos artísticos por aqui, bem
como para ler e meditar. O
coronavírus vai passar mas a
sociedade não será mais a mesma.
Eu espero um mundo melhor, mais
solidário e mais justo”, diz ele, que
segue isolamento rígido.

Blog: estadão.com.br/diretodafonte Facebook: facebook.com/SoniaRacyEstadao Instagram: @colunadiretodafonte

Solitárias e...


Presas da Penitenciária Femi-
nina de São Paulo estão pro-
duzindo e montando o prote-
tor facial “face shield” – aque-
le que cobre todo o rosto –,
além das máscaras reutilizá-
veis. Agora, com a chegada
de reforço de máquinas auto-
matizadas, vão poder dobrar
a produção diária.

Dos atuais 60 mil para 120
mil unidades.

...solidárias


O produto está sendo vendi-
do por meio da Fundação
Prof. Dr. Manoel Pedro Pi-
mentel. Quanto? R$ 0,80 a
de TNT e R$ 12 a face.

Outras sete penitenciárias
do Estado conseguiram atin-
gir, esta semana, 1,5 milhão
de máscaras descartáveis.

Mundo novo


O valor de mercado do
Zoom, segundo um ex-ban-
queiro – ele hoje voltou a ser
violonista – é quase 50%
maior do que a soma do valor
de cinco grandes empresas
aéreas.

O sistema de videoconferên-
cia está cotado a US$ 44 bi-
lhões e Air France, United
Airlines, Lufthansa, Ameri-
can Airlines e Delta Airlines
juntas...US$ 30 bilhões.

Segue o líder?


Entre o marca e desmarca do
churrasco de Bolsonaro , pre-
visto para hoje, no Alvorada,
o Major Vitor Hugo tam-
bém está indeciso sobre sua
festa de aniversário, dia 31.

Ano passado, o parabéns do
líder do governo Bolsonaro
na Câmara contou com a pre-
sença do presidente – em sua
casa, em Brasília.

NETFLIX

Encontro. Os atores foram escolhidos de acordo com o talento musical, já que precisavam formar uma banda de verdade

ARQUIVO PESSOAL

DENISE ANDRADE/ESTADÃO
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