O Estado de São Paulo (2020-05-09)

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O ESTADO DE S. PAULO SÁBADO, 9 DE MAIO DE 2020 Especial H5


Caderno 2


Eliana Silva de Souza


Em tempo de pandemia e de se
manter isolado socialmente pa-
ra combater o coronavírus, a
cultura é uma tábua de salva-
ção, que serve, em suas várias
modalidades, para acalmar os
ânimos e minimizar os efeitos
dessa quarentena. Os vários se-
tores da área buscam, assim, for-
mas para chegar a seu público.
Amantes da arte podem, então,
comemorar, pois, a TV Cultura
anuncia que vai estrear uma
série inédita no dia 13. Dirigido
pelo cineasta Ricardo Elias, Mo-
dernistas
, que vai ao ar às 22h45
na emissora paulista, tem tudo
para cativar o espectador, com
histórias sobre nomes impor-
tantes desse movimento que
tem relação direta com a Sema-
na de Arte Moderna.
Ao todo serão quatro episó-
dios, cada um deles dedicado a
um modernista, começando pe-
la pintora Tarsila do Amaral, e
seguindo com Oswald de Andra-
de, Mário de Andrade e Victor
Brecheret. De acordo com o di-
retor, o público verá uma versão
mais pessoal e humanista dos
modernistas, com histórias tra-
zidas por pessoas próximas e
também por especialistas. “O
documentário se constrói a par-
tir de depoimentos de paren-
tes”, afirma Ricardo, enfatizan-
do que o lado cultural e artístico
é ressaltado. “Como diz um dos
entrevistados sobre Oswald de
Andrade, mas que vale para to-
dos os episódios, ‘biografia e
obra se misturam’.” E destaca
que a série documental propõe
uma atualização dessas figuras,
destacando também os desdo-
bramentos dos modernistas e
sua influência em movimentos
como a Tropicália e a poesia con-
creta. “O documentário procu-
ra uma conexão com o público
jovem num registro mais emoti-
vo e dinâmico”, acredita Elias.
Como são nomes que estão li-
gados a um mesmo movimento,
nada mais justo que sejam retra-
tados em sequência. E é isso que
o diretor ressalta quando infor-
ma que os quatro episódios dia-


logam entre si. “Os quatro per-
sonagens aparecem constante-
mente como coadjuvantes do
outro episódio”, diz. Essa for-
ma de colocar um artista na tra-
jetória do outro mostra com fo-
ram influenciados e como in-
fluenciaram a arte e demais cole-
gas. E não é somente isso, o dire-
tor revela a importância de re-
gistros audiovisuais dos perso-
nagens. “No documentário da
Tarsila temos um dos únicos re-
gistros dela, feito em 1972 para
um programa da TV Cultura”,
conta o diretor.
Para ele, a série surge para des-
tacar a importância dos moder-
nistas, principal-
mente esses qua-
tro retratados, e
vai além da quali-
dade artística de
suas obras, “que
claro é gigantes-
ca”. Os modernis-
tas ajudaram a
criar uma ideia de País, pois
“eles propuseram uma reflexão
sobre a nossa identidade e um
pensamento sobre quem so-
mos e como nos definimos”,
conta. Cada um dos episódios,
que são conduzidos por paren-
tes, professores e pessoas que
conviveram com eles, conta
com material de arquivo “bem
rico, com fotos, pinturas, cartas
e cenas contemporâneas como
a exposição de Tarsila no Masp,
por exemplo, e pequenas drama-
tizações para ilustrar algum mo-
mento dos personagens”, expli-
ca Elias. Entres os atores que
participam das encenações es-
tão Victoria Blat e Paschoal da

Conceição, que dão vida e voz
aos retratados. Além disso, há
uma recorrência de imagens
mais poéticas, conta o diretor,
que destaca o momento em que
surge o mar, que é usado para se
referir a Oswald, o Rio (Tietê)
para se referir a Mário, o barro e
o mármore para falar de Breche-
ret, montanhas e adereços colo-
ridos para falar de Tarsila.
Em um momento em que a
cultura vem sofrendo com a fal-
ta de atenção, Ricardo Elias des-
taca ser muito importante ter
um produto como esse disponí-
vel. Na opinião do diretor, essa
produção é de extrema impor-
tância e exempli-
fica mostrando
como Mário de
Andrade é um no-
me em perfeita
sintonia com nos-
so mundo. “Se vo-
cê pegar um per-
sonagem como
Mário de Andrade verá que vá-
rias entidades culturais da cida-
de de São Paulo criadas por ele
existem até hoje, e que ele tam-
bém financiou uma expedição
para mapear as danças e músi-
cas regionais brasileiras para
que não fossem extintas.”
A série Modernistas pretende
dar a importância que esses ar-
tistas merecem e, mostrando a
relevância de cada um para o
País, mantê-los vivos e presen-
tes em nossas memórias. Pen-
sando nisso, Ricardo Elias acre-
dita que eles não serão esqueci-
dos, mas que devemos estar aler-
tas, pois no atual momento, tu-
do pode acontecer.

DESTACA OBRA DE


ARTISTAS DO PAÍS


SÉRIE


Dirigida pelo cineasta Ricardo Elias, ‘Modernistas’ mostra trajetória


de Tarsila do Amaral, Oswald e Mário de Andrade e Brecheret


Artes*


Luiz Carlos Merten


Será no mínimo curioso rever
as comédias de números 2 e 3
da série American Pie. A Segun-
da Vez É Ainda Melhor
estará às
16h20 deste sábado, 9, no ca-
nal Sony. Na sequência, às
18h15, será possível rever O Ca-
samento
. American Pie , de Paul
e Chris Weitz, de 1999, era o
típico filme que os críticos
amavam odiar. Cinco garotos
tentando perder a virgindade.
Uma versão juvenil do italia-
no Meus Caros Amigos , de Ma-
rio Monicelli, de 1975. Kevin,
Jim, Oz, Finch e Stifler. Piadas
consideradas grosseiras, mas
a juventude da época identifi-
cou-se com a galera. Jason
Biggs e Sean William Scott se-
guiram carreira, Mena Suwari
fez filmes de prestígio como
Beleza Americana , de Sam Men-


des, Oscar de 2000. Jennifer
Coolidge, como a mãe de Sti-
fler, virou mito sexual.
Um ano depois eles se reuni-
ram numa casa de praia, à espe-
ra da segunda transa. James B.
Rogers é o diretor, Eugene
Levy, como o pai de Jim, foi
melhor ator no Canadian Co-
medy Awards e Biggs e Scott
ganharam o prêmio MTV de
melhor beijo. O Casamento , de
Jesse Dylan, de 2003, é o me-
lhor. O casamento de Jim e Mi-
chelle. Vencerá ele suas inse-
guranças? Stifler organiza a
despedida de solteiro e é a
maior roubada. O quinteto ir-
reverente apronta, mas o
amor, entre tapas e beijos, ven-
ce. Bem bonito.

Sem intervalo


‘OS MODERNISTAS
AJUDARAM

A CRIAR UMA IDEIA
DE PAÍS’

lEpisódio 1: Tarsila do Amaral é
o destaque, em vídeo conduzido
por sua sobrinha-neta, que é co-
nhecida como Tarsilinha. No de-
correr da produção, ganha a tela
a carreira da pintora, do início até
a recente exposição de suas
obras no MoMA – Museu de Arte
Moderna de Nova York.


lEpisódio 2: Oswald de Andra-
de é o segundo a ser retratado,
em produção narrada por sua
filha mais nova, Marilia de Andra-
de, que é dançarina e professora
da Unicamp. Ela revela como foi
a convivência com esse ousado e
também polêmico artista, que
passou por período de esqueci-
mento, superado quando foi res-
gatado pelo Teatro Oficina.

lEpisódio 3: Mário de Andrade,
o terceiro a ser tema da série, é
mostrado em suas várias faces –

pesquisador, musicista, profes-
sor de piano, escritor, agente cul-
tural, folclorista, fotógrafo. Autor
de Macunaíma, Mário é um dos
mais importantes pesquisadores
da cultura brasileira.

lEpisódio 4: Victor Brecheret é
o escultor com obras espalhadas
pela cidade de São Paulo. Ele é o
quarto a ser retratado pela série,
que apresenta sua trajetória, que
conta com sua filha, Sandra Bre-
cheret, que fala da biografia do
pai, sua infância na Itália.

Ad Astra – Rumo
às Estrelas/ Ad Astra
(EUA, 2019.) Dir. e roteiro (com Ethan
Gross) de James Gray, com Brad Pitt,
Tommy Lee Jones, Liv Tyler, Ruth Neg-
ga, Donald Sutherland.

Luiz Carlos Merten

Brad Pitt teria de ganhar o Os-
car, se não fosse pelo seu tra-
balho em Era Uma Vez em
Hollywood , que lhe deu a esta-
tueta de coadjuvante. Uma
história de exploração, como
o longa anterior do cineasta,
Z – A Cidade Perdida , que ele já
queria ter feito com Pitt. Ecos
de 2001. Pitt, como astronau-
ta, busca o pai que desapare-
ceu no espaço. Grande filme.
TEL. PREMIUM, 22H. COL., 124 MIN.

QUATRO NOMES


DAS ARTES SÃO


RETRATADOS


Tarsila. Pintora é tema de episódio, que é conduzido por sua sobrinha-neta Tarsilinha

OBRAS DE TARSILA DO AMARAL/REPRODUÇÃO

É HOJE,


‘AMERICAN


PIE’ 2 E 3 NO


CANAL SONY


Eliana Silva de Souza

Dúvida cruel
Chega no dia 14 ao Looke, a
série de comédia francesa Meus
Dois Amores. Produção conta a
história de Hector que, aos 35
anos, reencontra sua paixão de
infância, Louise, trazendo de vol-
ta um antigo sentimento. Mas
tem um problema, ele é gay e
tem um namorado. Para compli-
car, percebe que não é capaz de
escolher entre Louise e Jérémie.

Rumo na vida
Valéria é a nova série espanhola
que acaba de chegar à Netflix.
Usando como base livros de Elí-
zabet Benavent, mostra as aven-
turas e desventuras de uma jo-
vem, que conta com as amigas
para superar os obstáculos. Na
trama, a vida de Valéria, que é
interpretada pela atriz Diana Gó-
mez, a Tatiana de La Casa de
Papel , tem uma reviravolta quan-
do ela conhece o sedutor Victor
(Maxi Iglesias), que a faz questio-
nar seu casamento com Diana.

Tributo
A TV Brasil faz homenagem ao
compositor Aldir Blanc, que mor-

reu no dia 4, aos 73 anos. A par-
tir das 22h30, emissora exibe
três shows que têm repertório
com suas canções. O primeiro é
o espetáculo Dorina Canta Sam-
bas de Aldir & Ouvir , gravado no
histórico estúdio 3 da emissora
pública. Em seguida, destaque
para a performance do cantor,
violonista e compositor João Bos-
co, principal parceiro artístico de
Aldir Blanc, no show do álbum
Mano Que Zuera. Encerrando,
Moacyr Luz toca músicas que
compôs com Aldir Blanc.

Criançada genial
Novo quadro do programa Caldei-
rão do Huck , Pequenos Gênios
traz neste segundo episódio
mais duas equipes, cada uma
formada por três crianças, sendo
que todas mostram altas habili-
dades de aprendizado. Atração
faz com que as duas se enfren-
tem alternadamente, responden-
do a perguntas e cumprindo de-
safios. Todos os desafios somam
pontos para o grupo em catego-
rias como lógica, raciocínio, me-
morização, conhecimentos ge-
rais e soletração de trás para
frente. Programa vai ao ar na
tarde deste sábado, 9, na Globo.

DESTAQUE
FOX FILM DO BRASIL

Deus É
Brasileiro
(Brasil, 2003.) Dir. de Cacá Diegues, rotei-
ro de Karim Aïnouz, com Antônio Fagun-
des, Wagner Moura, Paloma Duarte, Hugo
Carvana, Castrinho, Stepan Nercessian.

Dá para se divertir bastante com a
história que Cacá Diegues adap-
tou de João Ubaldo Ribeiro, sobre
Deus, cansado dos homens, que
resolve tirar férias e procura subs-
tituto no Brasil. Em época de pan-
demia, é bom poder acreditar que
Deus é brasileiro.
C. BRASIL, 18H15. COL., 110 MIN.

Filmes na TV


Joy – O Nome do
Sucesso/Joy
(EUA, 2016.) Dir. e roteiro de David O’Rus-
sell, com Jennifer Lawrence, Bradley Coo-
per, Robert De Niro, Edgar Ramírez, Isabella
Rossellini, Virginia Madsen, Diane Ladd.

O diretor O’Russell reúne de novo
parte da gangue de O Lado Bom
da Vida para contar a história de
mulher que está com a vida compli-
cada. O ex, a mãe, o pai, todos divi-
dem a casa com ela. Joy é seu no-
me, ela cria um negócio que tem
tudo para dar certo, mas...
GLOBO, 0H49. COLORIDO, 124 MIN.

Mário de Andrade. Artista
exerceu várias atividades

Oswald de Andrade. Um
artista ousado e controverso
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