Valor Setorial - Energia (2020-04)

(Antfer) #1

timento em 2019, tem reduzido sua produção diante da
queda do petróleo na casa de US$ 20. No início de abril,
diminuiu sua produção em 200 mil barris diários. “Pro-
duzir mais significaria estocar mais, tanto óleo quanto
combustível, e precisaríamos contratar mais navios
para boiar no mar com o estoque”, diz o presidente da
Petrobras, Roberto Castello Branco. A estatal monitora
de perto o preço do petróleo. “Se custos variáveis não
estiverem sendo remunerados, não vamos hesitar em
cortar a produção. O custo-caixa das operações do pré-
-sal é de US$ 21 o barril. Se o petróleo for superior a
US$ 21 o barril, continuaremos a gerar caixa”, destaca.
A volatilidade atual é superior à verificada em 2008.
Antes da pandemia, os empresários estavam de olho
em negócios no mercado secundário (fusões e aquisi-
ções) e na agenda de privatizações. No Rio Grande do
Sul, a CEEE poderia ser vendida. Em Minas Gerais, a Ce-
mig, uma das maiores empresas do setor, seria colocada
à venda, sendo que a participação da estatal mineira na
transmissora Taesa também poderia ser vendida. Já o
governo federal trabalhava na pulverização de capital
da Eletrobras, um projeto que nasceu em 1999, no início
do governo FHC, e nunca foi concretizado.
Agora essa agenda se tornou nebulosa, ainda mais


em um momento em que o Estado ganha um outro
protagonismo, seja comprando papéis, seja pagando
salários. “A agenda agora é Keynes, não Friedman”, diz
Fernando Camargo, sócio da LCA Consultores, se re-
ferindo a John Maynard Keynes, economista famoso
por pregar investimentos do Estado na retomada, em
contraposição a Milton Friedman, da Universidade de
Chicago (onde também estudou o ministro da Econo-
mia, Paulo Guedes), famoso pelo discurso liberal.
Antes da crise, além da discussão entre Eneva e AES
Tietê, que podem formar a segunda geradora privada
do país, havia um movimento intenso de fusões e aqui-
sições, principalmente em relação a usinas eólicas e so-
lares. Mais de 1,5 GW, segundo consulta com escritórios
de direito e estruturadores de projetos, poderia ser ne-
gociado. A crise mudou numeradores e denominadores,
o que colocou em banho-maria muitas transações que
poderiam ocorrer. Se o dólar, que subiu mais de 15%
em março, continuar elevado, empresas com dívidas
na moeda americana poderão ter de desfazer ativos,
segundo executivos. “Mas tudo fica em banho-maria, até
os processos de ‘due diligence’ ficam complicados pela
restrição de circulação das pessoas”, afirma Camargo.
Tradicional pagador de dividendos, o setor elétrico

Ferreira Jr., da
Eletrobras:
demanda vem
caindo a
LEO PINHEIRO / VALOR cada semana

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