FINANCIAMENTO
O
Banco Nacional de Desenvolvimento Econô-
mico e Social (BNDES) terá de reverter a curva
declinante traçada pelo volume de desembol-
sos desde 2013 se quiser apoiar os projetos de energia,
engavetados pela paralisia que toma conta do mercado
de capitais desde a irrupção da crise sanitária. O enco-
lhimento do banco de fomento estatal nos últimos seis
anos criou as condições para o florescimento de um
mercado de debêntures de infraestrutura. Esses títulos
privados de dívida corporativa substituíram, com van-
tagens de volume e preços, os empréstimos concedidos
pelo BNDES.
Mas os especialistas alertam que a pandemia da Co-
vid-19, a retração dos investidores e as perspectivas de
recessão, ao estancarem a oferta de novos papéis e ao
secarem a liquidez do mercado secundário de debên-
tures, exigirão do banco uma postura mais proativa
quando começar a reconstrução da economia brasileira.
A crise deflagrada pela pandemia reduziu pesa-
damente a receita das distribuidoras. Estimativa de
técnicos do setor é de que as perdas devem chegar
a 40%, metade decorrente da queda do consumo e
metade da inadimplência no pagamento das con-
tas de luz. Para resgatar as distribuidoras, o BNDES
empenha-se na montagem de um sindicato de bancos
capaz de reestruturar uma linha de crédito especial
no valor de R$ 17 bilhões. Os especialistas detectam
alguns problemas. Como a receita das distribuidoras
gira em torno de R$ 22 bilhões médios ao mês, o valor
do salvamento será suficiente para cobrir apenas dois
meses do rombo. E a crise pode durar bem mais que
isso. Há, portanto, a possibilidade de ser necessária
uma segunda operação de salvamento.
Outro problema refere-se ao repasse das perdas
aos consumidores. Pelo plano, serão principalmente
os grandes consumidores (indústrias, supermercados
e shoppings) quem pagarão, por acréscimo tarifário
pelo prazo de 54 e 60 meses, os empréstimos. E essesCom a paralisação do mercado de debêntures,
banco terá de retomar o papel de principal credor
de projetos de infraestrutura Por Luiz Sergio Guimarães
BNDES VOLTA A
SER PROTAGONISTA
Mathias,
da Capitale
Energia:
momento de
transiçãoCanal Unico PDF - Acesse: t.me/ojornaleiro