Valor Setorial - Energia (2020-04)

(Antfer) #1
LEO PINHEIRO / VALOR

Serpa, da
Engie Soluções:
aposta em
condomínios
solares

D


esde o dia 12 de março, cem agências do Banco
do Brasil (BB) em Minas Gerais passaram a ser
abastecidas com energia renovável de fonte
solar. Foi nesse dia que entrou em operação a primeira
usina fotovoltaica do banco na modalidade de autocon-
sumo remoto por geração distribuída. O empreendi-
mento, localizado no município de Porteirinha, no norte
do Estado, tem capacidade instalada de 5 megawatts
(MW), abriga 19 mil painéis solares e tem capacidade
de geração de 14 gigawatts-hora (GWh) por ano.
Construída pela EDP, empresa privada do setor elé-
trico, a usina possibilitará ao banco a redução de 58%
na conta de energia – em 12 anos, a estimativa é de uma
economia de R$ 80 milhões, sem contar as mil toneladas
de dióxido de carbono que deixarão de ser emitidas
anualmente. “Minas Gerais já tem um histórico de ge-
ração distribuída, com boa incidência solar e isenção de
ICMS para usinas de até 5 MW. Isso exlica a escolha do
Estado para a montagem da usina”, diz Mauro Ribeiro
Neto, vice-presidente corporativo do BB. “Assinamos
um contrato de aluguel, todo o investimento foi feito
pela EDP”, diz.
A usina do Banco do Brasil é apenas um exemplo de
iniciativa que vem se popularizando no país em rela-
ção a uma fonte de energia cujo avanço é exponencial
nos últimos anos, com especial atração nos últimos 13
meses. Dados da Associação Brasileira de Energia Solar
Fotovoltaica (Absolar) mostram que a potência instala-
da da fonte atingiu 4,89 gigawatts (GW) em fevereiro
de 2020, um avanço de 102,9% em relação aos 2,41 GW
do fim de 2018.
Em fevereiro, a potência operacional total estava di-
vidida em 2,67 GW na geração centralizada (grandes
usinas contratadas em leilões federais e estaduais) e
2,22 GW na geração distribuída (que considera a gera-
ção na própria unidade consumidora, o autoconsumo
remoto ou a geração compartilhada via cooperativas e
consórcios). E é justamente nessa divisão que o mercado
começa a atingir um ponto de inflexão.
Enquanto a capacidade instalada na geração centrali-
zada passou de 1,82 GW, no fim de 2018, para 2,67GW,
em fevereiro de 2020 – um crescimento de 46,70% –, a
geração distribuída partiu de tímidos 588 MW para
2,22 GW no mesmo período, quase quadriplicando de
tamanho. Hoje, essa modalidade já abocanha 45% da
capacidade instalada da energia solar fotovoltaica no
Brasil. “2019 foi o ano da virada e pela primeira vez a
geração distribuída foi a locomotiva do setor”, diz Ro-
drigo Sauaia, presidente da Absolar.
A expectativa da entidade era de que o setor atingisse
a marca de 8,5 GW em potência instalada até dezembro.
Só a geração distribuída solar fotovoltaica deveria atin-
gir capacidade instalada de 5,4 GW, aumento de 170%
ante 2019. Com isso, a geração distribuída assumiria a
dianteira em potência instalada pela primeira vez desde
que essa fonte começou a decolar no Brasil, em 2013.
Esta era a expectativa antes da pandemia do novo coro-


navírus, que já afeta planos de investimento de consumi-
dores pessoas física e jurídica e levou ao adiamento dos
leilões de energia nova (A-4 e A-6) marcados para 2020.
“Até o início de março, o avanço do mercado estava em
linha com as projeções. O problema é que a pandemia
chegou e não sabemos o que vai acontecer”, diz Sauaia.
Pandemia à parte, o crescimento acelerado da gera-
ção distribuída é explicado por uma série de fatores. O
principal é a busca do consumidor final por economia
na conta de energia, uma vez que a produção própria
ou o consumo remoto de energia solar fotovoltaica
garante créditos na forma de descontos na fatura de
energia – o que pode variar de 5% a 30% ao mês de
economia, em média, a depender da região em que o
cliente se encontra.
Outra razão é que, na modalidade de autogeração
na unidade consumidora, os custos para aquisição e
instalação dos sistemas caíram vertiginosamente nos
últimos anos, impulsionados por ganhos de eficiência
técnica e econômica das tecnologias. Levantamento feito
pela consultoria Greener aponta que um sistema de 4
quilowatts-pico (kWp), capaz de abastecer uma resi-
dência média, tinha custo aproximado de R$ 19,3 mil
em janeiro de 2020. Em janeiro de 2018, saía por R$ 23
mil, já considerados o kit e os serviços de instalação. Há
no mercado, hoje, cerca de 70 linhas que permitem o fi-
nanciamento com juros atrativos, o que também explica
o aumento na curva de adesão.
Um fator adicional que ajudou a turbinar os nú-
meros foi a iniciativa da Agência Nacional de Energia
Elétrica (Aneel) de colocar em consulta pública, no
ano passado, uma proposta de revisão da Resolução
Normativa n° 482/2012, que define regras para míni

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