Valor Setorial - Energia (2020-04)

(Antfer) #1

SOLAR


e microgeração distribuída. Considerada severa pelo
setor, a proposta abriu, de forma forçada, uma espécie
de “janela de oportunidades” para clientes instalarem
sistemas. “Houve uma sinalização de que potenciais
mudanças do marco regulatório poderiam impactar
a atratividade da solução, o que acelerou a decisão de
compra por parte do cliente final e acelerou o próprio
mercado no segundo semestre de 2019”, diz o diretor
da Greener, Marcio Takata.
Dados da Absolar mostram que, em fevereiro de
2020, o Brasil ultrapassou a barreira de 200 mil cone-
xões de geração distribuída de energia solar, em um
total de 250 mil consumidores atendidos. Em números
de sistemas instalados, os clientes residenciais respon-
dem por 72,6%, seguidos por comércio e serviços (18%),
consumidores rurais (6,3%), indústrias (2,7%) e poder
público (menos de 1%). Em potência instalada, há in-
versão de posições no ranking, com comércio e serviços
abocanhando 40%; residências, 39%; indústrias, 11%;
consumidor rural, 8,6%; e prédios públicos, 1,5%.
Os números mostram que há uma tendência cres-
cente de empresas de diferentes portes apostarem em
transição energética para fontes mais limpas e, por
tabela, reduzirem suas pesadas contas de energia. O
movimento levou a uma sofisticação dos modelos de
negócios de muitos players da indústria solar. Ao fim
de 2019, segundo a Greener, o mercado de integradores
fotovoltaicos atingia 12,5 mil empresas ativas, a maioria
dedicada a pequenas instalações residenciais.
Os maiores grupos, por sua vez, apostam em modelos
diferenciados, a exemplo das fazendas (ou condomí-
nios) solares, que abastecem remotamente uma série
de clientes em uma dinâmica baseada em pagamento
de mensalidades. “Muitas empresas, à medida que ga-
nham escala e consistência, se concentram em oferecer
soluções a empresas de maior porte, com tíquete maior”,
diz Takata, da Greener.
Esta é a aposta da Alsol Energias Renováveis, empresa
mineira fundada em 2012 e que teve 87% do controle
adquirido pelo grupo Energisa em 2019. Até o ano pas-
sado, a empresa, com 500 projetos e 25 megawatts-pico
(MWp) de sistemas fotovoltaicos em operação em 12
Estados, focava primordialmente a prestação de serviços
de instalação de sistemas residenciais. Com a chegada
do novo acionista, houve uma mudança de estratégia
e a adoção de um modelo focado em investimentos em
usinas próprias. A decisão foi construir fazendas solares
de até 5 MW, tamanho máximo permitido pela Resolu-
ção Normativa n° 482/2012, mas localizadas em centros
urbanos com alto consumo de energia, como informa
o fundador Gustavo Buatti.
Em 14 de janeiro, a empresa inaugurou a primeira
planta em Uberlândia (MG), com capacidade de 6 MWp
e que já tem 90 clientes empresariais (que representam
170 unidades consumidoras) em carteira, abastecidos
pela rede da concessionária Companhia Energética de
Minas Gerais (Cemig). O investimento foi de R$ 20 mi-

lhões. Outras duas plantam devem entrar em operação
na cidade mineira – que disputa cabeça a cabeça com
a capital do Rio de Janeiro a liderança nacional em nú-
meros de sistemas instalados – nas próximas semanas.
Mais duas usinas estão em estágio de construção no
Estado – no total, os projetos somarão 26 MWp, dos
quais 6 MWp em operação e 20 MWp em construção
ou em fase de pré-operação. “Temos a visão de demo-
cratizar o acesso à energia limpa por geração compar-
tilhada. Nosso foco são as micro e pequenas empresas,
que pagam uma mensalidade e não precisam investir
em um sistema próprio”, diz Buatti.
A geração compartilhada também atrai a atenção das
startups. Fundada em 2016, a Sun Mobi se define como
uma enertech, junção das palavras energia e tecnologia.
A empresa investiu em duas usinas solares no interior de
São Paulo (SP) e fornece energia para 80 clientes (e mais

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