A
capacidade instalada do setor eólico brasileiro
deve crescer entre 3,5 GW e 4 GW por ano até
2029, de acordo com projeções da Associação
Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), entidade que
congrega toda a cadeia produtiva do segmento. Ou seja,
dos atuais 15,6 GW, esta fonte poderá saltar para 53 GW,
consolidando-se como a segunda mais importante, atrás
apenas da hídrica.
No entanto, a crise global desatada pela pandemia do
novo coronavírus deve obrigar a entidade a rever para
baixo as estimativas de expansão em 2020 e 2021, já
que tende a haver alguma sobra de energia, e os leilões
programados para o ano que vem podem ser menores
do que o esperado.“Ainda é cedo para podermos apon-
tar o quanto essa estimativa poderia cair”, explica Elbia
Gannoum, presidente da ABEEólica.
Um estudo da Thymos Energia mostra que o consu-
mo de eletricidade no país poderá sofrer uma redução
de 1,6% a 14% neste ano. Antes da chegada da epidemia
ao país, a consultoria previa um aumento de 3% a 4%
para a demanda de energia em 2020. A Electra Ener-
gy, por sua vez, aponta uma redução na demanda por
energia elétrica de cerca de 3,3% em 2020 e de 1,3% de
2021 a 2024.
Em relação a novos e futuros investimentos no seg-
mento eólico, também não há como estimá-los, mas
Elbia explica que, para cada 1 GW a ser instalado, são
necessários pelo menos R$ 7 bilhões. Isso quer dizer
que, caso as projeções iniciais de crescimento da ca-
pacidade instalada se concretizem, serão necessários
aportes de pelo menos R$ 262,5 bilhões até o fim da
década, ou R$ 26,25 bilhões por ano.
“A energia eólica deixou de ser uma fonte alternativa
para ter papel fundamental na matriz elétrica brasileira.
Já é a segunda mais importante, atrás apenas da geração
hídrica”, diz Elbia. Ela informa que até 2025 já foram
contratados 23,5 GW, apenas no ambiente regulado, e os
parques eólicos que vão gerar esta energia estão em plena
construção. Este número poderá ser ainda maior, con-
siderando o que virá a ser contratado no mercado livre.
A executiva lembra que, de 2018 em diante, grande
parte das contratações de energia elétrica tem ocorrido
neste ambiente (entre 2 GW e 2,5 GW por ano), enquan-
to o outro 1,5 GW, em média, no mercado regulado.
“O crescimento do mercado livre é uma das principais
tendências para o desenvolvimento da energia eólica
no país, além de ser um caminho sem volta devido à
forte migração dos consumidores para este ambiente”,
afirma Elbia.
Somente em janeiro deste ano, 182 consumidores
migraram para o mercado livre. De acordo com os úl-
timos dados disponíveis, a Câmara de Comercializa-
ção de Energia Elétrica (CCEE) tem ainda outros 767
processos de adesão de consumidores livres e especiais
em andamento.
“A destinação de eletricidade gerada pelas usinas eó-
licas para o mercado livre tem crescido continuamente
nos últimos anos. De dezembro de 2019 em diante, mais
de 25% de todo o volume produzido pela fonte eólica foi
direcionado para esse ambiente, explica o presidente do
conselho de administração da CCEE, Rui Altieri.
Para efeitos de comparação, há cinco anos, a fatia da
geração eólica contratada no mercado livre não passava
de 18%. Altieri lembra ainda que, em 2018, cerca de 70%
da garantia física dos empreendimentos eólicos foi di-
recionada para o mercado regulado. Mas nos processos
mais recentes, como os de 2019, apenas 37% da garantia
física das usinas foi contratada naquele ambiente con-
trolado pelo governo.
Outro fator importante para a expansão do segmento
eólico com base no mercado livre é, de acordo com ele,
a ampliação de fontes de recursos financeiros, visto que
instituições estão criando modelos de crédito baseados
nesse mercado, viabilizando projetos sem a necessidade
de contratações em leilões do ambiente regulado.
A tendência de migração é tão alta que a Casa dos
Ventos, responsável pelo maior número de projetos
que contrataram energia em leilões do governo e noDIVULGAÇÃOUsina Ventos
do Araripe, do
complexo eólico
Casa dos Ventos,
no PiauíCanal Unico PDF - Acesse: t.me/ojornaleiro