Valor Setorial - Energia (2020-04)

SILVIA COSTANTI / VALOR

Kawai Jr, da

da Safira: marco

regulatório vai

tirar o Brasil

do atraso

gestão, entre geradores e consumido-

res livres, estima que a carga de ener-

gia comercializada hoje no mercado

livre, em torno de 20 mil MW médios,

pode mais do que dobrar e chegar a

50 mil ou 55 mil MW médios com o

pleno funcionamento do novo mar-

co regulatório do setor. “Tomando

como exemplo o que ocorreu em

outros países, acredito que não ha-

verá uma migração maciça, pois os

atuais supridores de energia elétrica

acabarão estimulados a dar um ‘tra-

tamento VIP’ que todo cliente merece

aos seus atuais consumidores cativos,

sob pena de perderem fatia de mer-

cado”, avalia Kawai Jr.

Atualmente, apenas grandes

consumidores, com demandas en-

tre 0,5 MW e 2 MW, podem migrar

do ambiente regulado ou cativo

(atendido pela distribuidora onde

está localizado o cliente) para o

mercado livre utilizando gerações

incentivadas (energias renováveis

como solar, eólica biomassa e PCHs),

ou acima de 2 MW, que podem ad-

quirir a produção de qualquer fonte

de geração (fósseis e grandes hidre-

létricas, entre outras). O novo marco

regulatório vai beneficiar mais de

seis milhões de indústrias, estabe-

lecimentos comerciais e empresas

do agronegócio no Brasil.

A Abraceel informa que hoje o

mercado livre corresponde a 30%

do consumo nacional e só não é

maior por restrições regulatórias de

governos anteriores. “É importante

que, uma vez aprovadas, as novas

regras estejam bem definidas e se-

jam equânimes, de forma a não criar

desequilíbrios e garantir a seguran-

ça do fornecimento e a estabilidade

financeira do mercado”, diz Altieri.

O executivo da Abraceel explica

que, desde 2003, os preços da energia

no mercado livre foram, em média,

29% mais baratos do que as tarifas

reguladas das distribuidoras. Para

ele, isso representa um potencial de

redução de R$ 7 bilhões por ano nos

custos de energia para o setor pro-

dutivo. “A nova lei, além de novos

produtos e serviços e maior transpa-

rência de preços, vai proporcionar

eficiência no uso da eletricidade.”

mercados de energia elétrica ao re-
dor do mundo, além de colocá-lo no
século 21, em que consumidores de
países europeus e de alguns Estados
norte-americanos, por exemplo, já
usufruem do direito de escolher seu
fornecedor”, diz Mikio Kawai Jr, dire-
tor-executivo da Safira Energia, uma
das principais comercializadoras e
consultorias em análises, estratégias
e soluções para o setor energético.
Projeções da Abraceel apontam
que, se os atuais 82 milhões de con-
sumidores migrarem para o mer-
cado livre de energia, ambiente
onde poderão escolher livremente
seu fornecedor, a economia será de
pelo menos R$ 12 bilhões por ano

nas suas contas de luz. Para a con-

sultoria Thymos, este valor pode

alcançar R$ 40 bilhões.

Na outra ponta, com a ampliação

desses potenciais clientes, espera-se

que os comercializadores de ener-

gia criem não apenas novas soluções,

mas também ofereçam diferentes

tipos de contrato e tenham planos

para se aproximar dos novos consu-

midores livres se quiseram manter

ou ampliar sua fatia de mercado. Na

última década, dados da CCEE mos-

tram que o número de consumidores

livres passou de 666, ao final de 2009,

para 7.317 em fevereiro deste ano.

A Safira Energia, que conta hoje

com mais de 3 GW médios sob sua

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