REFINARIAS
A
venda de oito das treze refinarias da Petrobras –
adiada em virtude da pandemia do coronavírus
- criou uma expectativa de maior competição e
abertura no mercado de derivados, desde que foi anun-
ciada no ano passado. No entanto, analistas do setor
não são tão otimistas e apontam diversos fatores que
precisam ser tratados antes de o Brasil experimentar
uma concorrência de fato, como infraestrutura, tributos,
abastecimento local e regulação.
“A desejada competição no mercado de derivados
de petróleo no Brasil pode, sim, ter início na venda das
refinarias da Petrobras, mas só conseguirá se concretizar
com a ampliação da infraestrutura para movimentação
de combustíveis em portos, dutos e ferrovias, pois é ne-
cessário escoar esta produção até as regiões consumi-
doras”, explica Marcus D’Elia, sócio-diretor da Leggio
Consultoria.
A consultoria, que tem o Instituto Brasileiro do Petró-
leo (IBP) entre seus clientes, desenvolveu um estudo para
medir o impacto da venda das refinarias da Petrobras
sobre o setor de refino. Para D’Elia, as refinarias não
foram projetadas pela Petrobras para competir entre
si e se localizam em regiões distantes umas das outras.
Portanto, avalia ele, é necessário que exista capacida-
de portuária para realizar o transporte do produto pelo
país. Ele cita o exemplo da Bahia, onde a capacidade de
movimentação do terminal portuário de Aratu repre-
senta apenas 5% do volume de produção da refinaria
Landulpho Alves (RLAM), uma das oito do pacote à
venda. Isso, segundo D’Elia, limita fortemente a possi-
bilidade de competição com produto de outra origem
neste mercado.
Outro exemplo está no Rio Grande do Sul: o porto
de Rio Grande está distante da refinaria Refap (Alberto
Pasqualini), também à venda, e não há terminais de
líquidos no litoral norte do Estado e no litoral sul de
Santa Catarina. “Estes fatores deixam o produto muito
distante do mercado consumidor, aumentando custos
e, portanto, limitando a concorrência”, avalia.
Além da refinaria Landulpho Alves, na Bahia, e a Al-
berto Pasquilini, no Rio Grande do Sul, as outras que
estão à venda são: a Abreu e Lima (RNEST), em Pernam-
buco; Getúlio Vargas (Repar), no Paraná; a Refinaria
Gabriel Passos (Regap), em Minas Gerais; a Refinaria
Isaac Sabbá (Reman), no Amazonas; a Lubnor (Lubrifi-
cantes e Derivados de Petróleo do Nordeste), no Ceará; e
Processo de venda foi adiado,
mas é bem-visto pelo mercado,
que aponta outras pendências
importantes Por Simone Goldberg
MUITA
COISA
PARA
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