Valor Setorial - Energia (2020-04)

(Antfer) #1

ETANOL


em renovação dos canaviais para preservar a produ-
tividade e evitar comprometer o desempenho das
próximas safras. Para reforçar a competitividade do
etanol e evitar queda mais drástica nas vendas, outra
sugestão incluía algum aumento na Contribuição de
Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre a
gasolina, hoje fixada em R$ 0,10 por litro.
Os problemas de fluxo de caixa deverão alargar
mais o fosso entre as usinas com melhor desempenho
e aquelas mais alavancadas e com dificuldades para
conciliar receitas e custos. “As companhias mais bem
posicionadas entram nesse momento de turbulência
com menor exposição do que em outros momentos
de volatilidade”, afirma Fernandes. As desigualdades
dentro do setor tendem a crescer. “Os grupos em melhor
situação são aqueles que sustentam custos mais baixos,
conseguiram manter limites de crédito com bancos e
tradings para fixar preços no longo prazo e são capazes
de fazer investimentos em melhorias operacionais que
dão retorno rápido.”
Segundo Fernandes, as usinas iniciaram a safra atual
com nível de prefixação dos preços do açúcar equivalen-
tes a 70% da produção esperada, aproveitando preços
mais elevados do que os atuais e o câmbio mais desva-
lorizado. Na média, esses valores superam R$ 1.350 por
tonelada. “Além disso, entre 25% e 40% da safra 2021/22
de açúcar já teve preços fixados pelo setor. Ainda assim,
acredito que a indústria vai postergar todo o investi-
mento que pode ser adiado.”
Para se observar a velocidade das mudanças ocor-
ridas, no começo da segunda metade de março as
expectativas eram de uma fase positiva depois de
uma “safra auspiciosa” em 2019/20, traduzida num

“volume razoavelmente robusto de produção e preços
bons sobretudo para o etanol, que chegou a superar
os limites máximos dos últimos cinco anos, atingindo
R$ 2,30 por litro ao produtor no caso do hidratado”,
avalia Nastari.
As usinas do Centro-Sul, que responderam em
2018/19 por 93,5% de toda a produção brasileira de
etanol, somando 30,95 bilhões de litros, destinaram
pouco mais de 65% da cana para a produção do com-
bustível, gerando em torno de 33 bilhões de litros na
safra 2019/20, segundo Pádua Rodrigues, da Unica. A
oferta foi reforçada pela produção de 1,5 bilhão de litros
de etanol de milho, que tinha previsão de atingir cerca
de 2,5 bilhões de litros neste ano. As vendas de etanol,
que haviam crescido 42,1% em 2018, alcançando 19,38
bilhões de litros, aumentaram mais 16,3% em 2019, para
22,54 bilhões de litros.
Como o mercado de combustíveis de ciclo Otto apre-
sentou variação em torno de 4%, a participação do etanol
aproximou-se de 46%, diz Nastari, saindo de 38,2% em


  1. Em São Paulo, Goiás e Mato Grosso, prossegue o
    consultor, a participação atingiu, pela ordem, 64%, 64,8%
    e 70,9%, variando ao redor de 56,8% em Minas Gerais.
    Pádua Rodrigues lembra que as exportações avan-
    çaram de 1,68 bilhão para 1,92 bilhão de litros entre
    2018 e 2019, alta de 14,6%. No primeiro bimestre deste
    ano, as exportações ainda avançavam a um ritmo de
    11,8% ante igual período de 2019, subindo de 216,8
    milhões para 242,4 milhões de litros. Mas os dados pre-
    liminares de março da Secretaria de Comércio Exterior
    (Secex) apresentaram um tombo de 41,5% nos volumes
    exportados, encolhendo de 128,4 milhões para 75,13
    milhões de litros.


Nastari, da
Datagro:
preços da
gasolina
caíram 70%

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