O Estado de São Paulo (2020-05-11)

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A14 SEGUNDA-FEIRA, 11 DE MAIO DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO


MAURO CEZAR


PEREIRA


Esportes

N


a sexta-feira, a Federação de
Futebol do Rio de Janeiro
emitiu uma carta afirmando
que seus clubes de primeira divisão
“desejam retomar as suas ativida-
des o mais breve que lhes for possí-
vel”. A ideia? Enviar o documento
aos governantes com o objetivo de
voltar logo os treinamentos, seguin-
do as medidas sanitárias necessá-
rias. Dos quatro integrantes da
Série A nacional, Vasco e Flamengo
assinaram. Fluminense e Botafogo
se recusaram.
Ao final do sábado, o Rio tinha
16.929 casos de covid-19 oficialmen-

te registrados, com 1.653 mortes. Só
São Paulo à frente, então com 44.
contaminados e 3.608 óbitos. Pernam-
buco se aproximava de mil pessoas per-
dendo a vida devido ao novo coronaví-
rus, com o Ceará passando de tal mar-
ca. Em contrapartida, no Rio Grande
do Sul o número era mais de dez vezes
menor, mesmo com a população do Es-
tado sulista maior do que a dos dois
nordestinos.
Na terça, Grêmio e Internacional vol-
taram às atividades em seus CTs. Com
grupos pequenos, restrições e inúme-
ros cuidados. Mas voltaram. “Na for-
ma que a prefeitura de Porto Alegre

autorizou, somente para exercícios
físicos, não tem contato, não tem na-
da. Os protocolos são enormes, envol-
vem chegada e saída de jogadores em
separado. Não tem vestiário, acade-
mia, convivência”, disse à coluna o pre-
sidente do Grêmio, Romildo Bolzan.
Rival tricolor, o Internacional segue
programação idêntica. Mas o mandatá-
rio colorado, Marcelo Medeiros, admi-
te que a caminhada corre risco de inter-

rupção. “Eu pergunto: primeiro jogo é
um Gre-Nal, jogamos com portões fe-
chados. E se dias depois alguns jogado-
res apresentarem os sintomas? Vai pa-
rar o futebol brasileiro. O primeiro pas-
so tem de ser muito bem dado para que
não se dê vários para trás”, advertiu,
em contato com o Estado.
Há décadas se diz que vivemos em

um “país de dimensões continentais”.
Fato, o território brasileiro possui
mais de 8,5 milhões de quilômetros
quadrados e reunidas as demais nove
nações sul-americanas somam apenas
cerca de 300 mil quilômetros a mais.
Consequentemente, existem vários
Brasis dentro do Brasil. Reflexo disso,
as imensas diferenças de IDH (Índice
de Desenvolvimento Humano), que
contempla saúde, educação e padrão
de vida.
Enquanto o Distrito Federal acusa
número que, fosse um país, lhe daria
posição próxima à da Letônia (39.º do
ranking), o Maranhão está perto do re-
gistrado pelo Iraque (120.º). Se São
Paulo tem IDH parecido com o da Ar-
gentina (48.º), Sergipe se aproxima ao
Gabão (115.º). O Rio Grande do Sul é
comparável à Turquia (59.º), já Rondô-
nia equivale a Tonga (105.º). São abis-
mos imensos que interferem em dife-
rentes níveis na luta contra a covid-19.
A volta dos gaúchos aos treinamen-
tos parece precoce, afinal, a curva do

número de infectados e mortos ain-
da não começou a cair por lá. Pelo
contrário, embora em ritmo mais
lento e sem as estatísticas assustado-
ras de outros Estados, ela segue
avançando diariamente desde 9 de
março. Mas é evidente que os times
do Rio Grande do Sul têm maiores
chances de retornar antes à rotina,
na comparação com os de São Pau-
lo, Rio de Janeiro, Pernambuco e
Ceará, por exemplo.
A pressa pelo retorno ao futebol é
movida pelo dinheiro. Sim, as ver-
bas de televisão pelas transmissões
dos Estaduais e demais certames
programados, como Copa do Brasil,
Libertadores, Sul-americana e Cam-
peonato Brasileiro. A economia
mundial sangra e a do futebol não
escapa. No Brasil, clubes afundados
em dívidas são como pessoas do
“grupo de risco” diante desse vírus.
Mas o remédio que tentam aplicar
apressadamente pode apresentar
efeitos colaterais ainda piores.

Ciro Campos
Felipe Rosa Mendes


Prestes a completar 80 anos,
na próxima terça-feira, o Au-
tódromo de Interlagos pode-
rá ter uma boa notícia neste
mês. A organização do GP do
Brasil de Fórmula 1 acredita
que assinará novo contrato
com a direção da categoria
até o fim de maio e consegui-
rá, assim, manter a corrida na
cidade de São Paulo por mais
dez anos. O Rio também pre-
tende sediar a prova em um
autódromo a ser construído
no bairro de Deodoro.

“As negociações para reno-
var o contrato da F-1 estão avan-
çando bem e acreditamos con-
cluir o processo até o fim deste
mês”, disse o promotor do GP
do Brasil, Tamas Rohonyi, ao
Estado na semana passada. Ele
não revelou detalhes sobre as
conversas com a cúpula da cate-
goria, que já admitiu negociar
também com o Rio. A expectati-
va é fazer a primeira prova do
ano em julho, na Áustria.
No fim do ano passado, o Es-
tado
revelou que São Paulo pre-
tendia pagar como taxa anual
de promoção à categoria cerca
de US$ 20 milhões (R$ 115 mi-
lhões). Os recursos viriam de
parceiros comerciais. A organi-
zação da F-1 cobra valor variá-
vel aos países-sede, porém des-
de 2017 o Brasil não paga nada.
O GP do Brasil deste ano, em
15 de novembro, está sob risco.
A pandemia do coronavírus ba-
gunçou o calendário de tal for-
ma que o Mundial ainda nem
começou e colocou em dúvida
diversas etapas. Inicialmente, a
previsão era de recorde de 22
corridas. Agora a F-1 trabalha
com um planejamento de 15 a



  1. Dez etapas já foram adiadas
    ou canceladas, caso dos GPs da
    Austrália, França e Mônaco.
    Em contato com o Estado , a


cúpula da F-1 não confirmou se
a prova brasileira estará no ca-
lendário deste ano. Informa
que pretende abrir o campeona-
to na Áustria, dia 5 de julho, e
nos meses seguintes deseja rea-
lizar provas nos outros conti-
nentes, inclusive na América.
Em um cenário mais pessi-
mista, o octogenário autódro-
mo paulistano pode não rece-
ber mais etapas da categoria, se
o GP brasileiro não for realiza-
do neste ano e caso São Paulo
não consiga renovar o contrato
com a Formula One Manage-
ment (FOM), empresa que gere
os direitos da categoria. Embo-
ra os ventos soprem para São
Paulo, a negociação está aberta
e ela ainda precisa ser assinada.

Nada disso abala a organiza-
ção do GP do Brasil. “Os promo-
tores da prova do Brasil de F-
acompanham o trabalho da
FOM para estabelecer um calen-

dário do Mundial deste ano den-
tro das limitações conhecidas.
Fomos informados que o novo
calendário será publicado até o
fim de maio, quando os ingres-

sos para o GP Brasil serão colo-
cados à venda. Pelas previsões
das autoridades sanitárias não
deve existir restrição para a rea-
lização da prova em novembro

no País”, acredita Rohonyi.

Ícone. Se o contrato for reno-
vado, Interlagos reforçará ain-
da mais sua relevância. Caso se-
ja confirmado no calendário
deste ano, o circuito receberá
prova oficial da F-1 pela 38.ª vez,
sendo a 31.ª consecutiva. Neste
período, o autódromo sediou vi-
tórias de alguns dos maiores pi-
lotos nacionais da história, co-
mo Emerson Fittipaldi, Ayrton
Senna, Felipe Massa e José Car-
los Pace. A importância de Inter-
lagos para a cidade também é
econômica. Segundo estimati-
vas da Prefeitura, no ano passa-
do a prova gerou impacto de R$
361 milhões. O público presen-
te foi de 158 mil pessoas.

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Vírus, futebol e Brasis


‘SP E CORINTHIANS SÃO BONS
CLUBES’, DIZ DEYVERSON

]Emprestado pelo Palmeiras ao Ge-
tafe, da Espanha, até o fim da tempo-
rada europeia, o atacante Deyverson
não descarta jogar em um rival do

time alviverde no futuro. Ele enalte-
ceu a equipe paulista, mas diz que
não pode “fechar as portas” para ou-
tros clubes. “A gente não sabe o dia
de amanhã. Não descarto clube ne-
nhum. Corinthians é um grande time,
o São Paulo também”, disse na Fox.

PANDEMIA DO CORONAVÍRUS


REUTERS

Apesar da volta aos treinos
no Rio Grande do Sul, o
governador vetou a retomada

Roland Garros


deve acontecer


sem público


CACIFE

Automobilismo. Promotores do evento na cidade têm a informação de que a categoria vai apresentar o calendário 2021 em maio


lA Prefeitura de São Paulo pro-
mete relançar o edital de conces-
são privada do Autódromo de
Interlagos. Para tanto, pretende
fazer ajustes na licitação de acor-
do com as orientações do Tribu-

nal de Contas do Município
(TCM), que havia apontado a ne-
cessidade de algumas mudanças
no documento publicado original-
mente em fevereiro. Diante desta
necessidade de alterações, a Pre-
feitura informa que “vai analisar
as recomendações do TCM para
posterior elaboração de resposta
com o objetivo de que a licitação
seja retomada”. Ainda não há
data para o relançamento.

PARIS

O presidente da Federação
Francesa de Tênis, Bernard Giu-
dicelli, admitiu a possibilidade
de realizar Roland Garros com
portões fechados. O tradicional
torneio parisiense seria disputa-
do entre maio e junho, mas teve
seu início adiado para setembro
em razão da pandemia.
“Organizar o torneio a portas
fechadas permitiria a manuten-
ção de uma parte do modelo eco-

nômico, como os direitos de
transmissão e os patrocinado-
res”, destacou Giudicelli, em en-
trevista ao Le Journal du Diman-
che. Várias outras competições
foram adiadas e a edição deste
ano de Wimbledon, torneio
mais tradicional de tênis, aca-
bou sendo cancelada.
Roland Garros é um motor
econômico para o tênis francês,
uma vez que representa cerca
de 80% da receita da Federação
local, segundo a publicação. Os
direitos de transmissão da tele-
visão compõem mais de um ter-
ço do faturamento do evento,
disputado anualmente em Pa-
ris desde 1891. Giudicelli acres-
centou que “a falta de visibilida-
de é genuína” ao hospedar um

torneio sem torcedores. No en-
tanto, ponderou que “não esta-
mos descartando nenhuma op-
ção”. Ele afirmou que alterar no-
vamente a data da disputa “não
mudaria muito”. Se as autorida-
des sanitárias permitirem, o
campeonato será disputado de
20 de setembro a 4 de outubro.
A Federação está reembolsan-
do os torcedores que compra-
ram ingressos para assistir aos
jogos em sua data original – 24
de maio a 7 de junho. O tradicio-
nal torneio de Roland Garros,
único Grand Slam jogado em
quadras de saibro, só não foi dis-
putado em anos de Guerras
Mundiais. Um dos nomes da his-
tória do torneio é o brasileiro
Gustavo Kuerten, tricampeão.

JF DIORIO/ESTADÃO - 14/10/

SP espera assinar com a F-1 este mês


Local histórico. Interlagos é o mais importante autódromo do Brasil: já sediou o GP de F-1 em 37 ocasiões e está no páreo para renovar o contrato

20 milhões
de dólares, o equivalente neste
momento a R$ 115 milhões, é
quanto o promotor do GP
do Brasil pretende pagar
anualmente aos organizadores
da Fórmula 1 para renovar o
contrato por dez anos de
Interlagos com a categoria

Prefeitura planeja


relançar o edital


de concessão

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