O Estado de São Paulo (2020-05-11)

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O ESTADO DE S. PAULO SEGUNDA-FEIRA, 11 DE MAIO DE 2020 Economia B


http://www.sodresantoro.com.br


Em cumprimento à legislação vigente e preocupados com a

saúde de todos, os leilões estão sendo realizados somente online,

sem visitação pública, a fim de evitar aglomerações.

E COM DELIVERY DOS ARREMATES, EM CIDADES NUM RAIO DE ATÉ 100 KM DO

PÁTIO ONDE O VEÍCULO ESTIVER, AO CUSTO OBRIGATÓRIO DE R$ 500,00 PARA

VEÍCULOS LEVES E R$ 800,00 PARA UTILITÁRIOS PESADOS E CAMINHÕES.

Para distâncias maiores, consulte-nos sobre a disponibilidade.

Vinicius Neder/ RIO
Aline Bronzati/ SÃO PAULO


Os pacotes de socorro às distri-
buidoras de energia elétrica e às
companhias aéreas, desenha-
dos por um consórcio de ban-
cos coordenado pelo Banco Na-
cional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES)
que trabalha para apoiar os seto-
res mais afetados pela pande-
mia de covid-19, deverão chegar
a uma definição nesta semana,
apurou o Broadcast/Estadão. Os


valores do socorro deverão fi-
car entre R$ 10 bilhões e R$ 13
bilhões, no caso do setor elétri-
co, e de R$ 4 bilhões a R$ 7 bi-
lhões, no aéreo, disseram fon-
tes que acompanham as nego-
ciações. O apoio à fabricante de
aviões Embraer corre em parale-
lo e não estará nessa primeira
ajuda.
A definição dos primeiros pa-
cotes de socorro setorial em
meio à crise se dará nas condi-
ções a serem oferecidas às em-
presas. Valores e implementa-
ção dependerão do “aceite” das
companhias que quiserem re-
correr à ajuda, informaram as
fontes.
No caso das companhias aé-
reas, deve ser divulgado um ofí-
cio com as condições estabeleci-
das ao longo da próxima sema-

na e a ajuda inclui o mercado de
capitais. As empresas apoiadas
farão emissões de títulos de dívi-
da, tanto debêntures tradicio-
nais quanto bônus conversíveis
em ações. A ideia é que o BN-
DES e os bancos privados garan-
tam a compra de até 70% dos
títulos das ofertas, e os 30% res-
tantes fiquem com investido-
res privados.
Uma fonte do setor financei-
ro explica que o BNDES deve
ficar com 60% e as instituições
privadas, com 10%. Segundo
outra fonte, o objetivo do ban-
co de fomento é atrair outros
investidores para além de 30%
das ofertas, permitindo uma re-
dução na sua participação. En-
tre os investidores, estariam
bancos estrangeiros e médios.
“Ainda está em debate com ou-

tros bancos para definir exata-
mente a participação das insti-
tuições financeiras”, diz o vi-
ce-presidente de um grande
banco, na condição de anoni-
mato.
A composição da ajuda ao se-
tor aéreo, um dos mais afetados
pela pandemia, ficaria assim:
75% em debêntures e 25% em
bônus conversíveis em ações. O

valor de conversão dos bônus
em ações tem sido um dos pon-
tos de controvérsia entre o BN-
DES e as companhias aéreas
desde o início das conversas,
ainda em março.
O copresidente do conselho
do Itaú Unibanco, Roberto Setu-
bal, afirmou que as empresas
que quiserem ser capitalizadas
na crise terão de aceitar as con-
dições impostas. “A diluição
dos acionistas é óbvia e tem de
ser aceita. Se as empresas se
abrirem para isso, eu acho que
vamos ver capitalizações”, dis-
se ele, em live do banco, realiza-
da na semana passada.

Conta de luz. No caso das elé-
tricas, o modelo a ser adotado é
o do financiamento sindicaliza-
do feito em 2015, também com

o BNDES na coordenação. Os
empréstimos seriam garanti-
dos de forma embutida na con-
ta de luz, por meio do encargo
Conta de Desenvolvimento
Energético (CDE). O governo
federal ainda quer dividir o que
seria pago pelas distribuidoras
e o que seria repassado aos con-
sumidores.
Com o avanço das conversas,
a expectativa é que o entendi-
mento das condições do em-
préstimo e ainda o decreto que
regulamenta o socorro ao setor
elétrico sejam publicados ao
longo da próxima semana. A de-
finição do pacote de socorro pa-
ra as elétricas depende também
de negociações com o Ministé-
rio de Minas e Energia (MME) e
da Agência Nacional de Energia
Elétrica (Aneel).
Segundo uma fonte, as nego-
ciações pretendem “diminuir
ao máximo impacto de juros so-
bre a conta de luz”.

A


decisão do presidente Jair Bolsona-
ro em relação ao projeto de auxílio a
Estados e municípios, aprovado na
semana passada pelo Congresso, deverá
dar um sinal crucial para o mercado sobre
os rumos da economia.
Num momento em que crescem os rumo-
res sobre uma possível guinada na política
econômica, a partir da aliança do governo
com o Centrão, a decisão poderá reforçar
ou fragilizar a posição do ministro Paulo
Guedes.
Se Bolsonaro realmente vetar a previsão
de reajuste para certas categorias do funcio-
nalismo estadual e municipal em 2020 e
2021, como reafirmou ontem, dará uma in-
dicação de que Guedes continua “prestigia-
do” e a atual política econômica, focada no
equilíbrio fiscal, será mantida – ao menos
por enquanto.
Agora, se ao contrário do que defende
Guedes, Bolsonaro sancionar o projeto na

íntegra, ele o colocará numa sinuca cons-
trangedora, que poderá levá-lo até a deixar
o governo, segundo relatos de alguns de
seus auxiliares.
Embora o presidente tenha reforçado
seu apoio a Guedes nos últimos dias, foi
com seu aval, de acordo com o Major Vítor
Hugo (PSL-GO), líder do governo na Câ-
mara, que os deputados governistas vota-
ram a favor das exceções no congelamento
de salários dos servidores.
Guedes, porém, considera o veto indis-
pensável para cumprir a sua agenda eco-
nômica e encararia uma eventual sanção
presidencial como uma espécie de “voto
de desconfiança”.
Em sua visão, o congelamento dos salá-
rios do funcionalismo, com economia de
R$ 130 bilhões, é o elo que falta para permi-
tir uma retomada consistente no pós-pan-
demia. Aliado à reforma da Previdência,
que deverá garantir uma redução nos gas-
tos de cerca de R$ 1 trilhão em dez anos, e
do corte nos juros, que permitirá uma eco-
nomia estimada em torno de R$ 120 bi-
lhões ao ano na rolagem da dívida pública,
o congelamento completará a estratégia
de Guedes para dotar o País de uma sólida
âncora fiscal.

Mateus Vargas / BRASÍLIA


O presidente Jair Bolsonaro
sinalizou ontem que vetará
dispositivo que abre a possibi-
lidade de reajuste para servi-
dores públicos, prevista na
lei de socorro aos Estados e
municípios. “Amanhã (hoje)
a gente sanciona o projeto,
com vetos. Está resolvida a
parte... tem tudo para dar cer-
to, apesar dos fechamentos
por aí”, disse o presidente a
apoiadores, em frente ao Palá-
cio da Alvorada.

Bolsonaro, porém, não dei-
xou claro se estava falando do
projeto de auxílio a Estados e
municípios. Questionado por
jornalistas, ele respondeu:
“’Sanção’ era o marido da Dali-
la”, em referência a Sansão,
uma figura bíblica.
Como mostrou o Esta-
dão/Broadcast
, o projeto foi
aprovado no Senado com o aval
do próprio presidente para be-
neficiar o funcionalismo, princi-
palmente da área de segurança.
A decisão atropelou a orienta-
ção do ministro da Economia,
Paulo Guedes, que pedia o con-
gelamento de salários até de-
zembro de 2021 como contra-
partida ao socorro de R$ 125 bi-
lhões aos Estados e municípios.
Após a votação, Bolsonaro
mudou de postura e fez promes-
sas públicas, ao lado de Guedes,
para vetar a lista de categorias
que ficariam de fora do congela-
mento de salários. Para cum-
prir com a promessa, o presi-
dente terá de rejeitar o aumen-
to para todas as categorias, pois
as flexibilizações constam to-
das em um único parágrafo do
artigo 8º do projeto.
No projeto, foram poupados
do congelamento servidores da
área de saúde (como médicos e
enfermeiros), policiais milita-
res, bombeiros, guardas munici-
pais, policiais federais, policiais
rodoviários federais, trabalha-
dores de limpeza urbana, de as-
sistência social, agentes socioe-
ducativos, técnicos e peritos cri-
minais, professores da rede pú-


blica federal, estadual e munici-
pal, além de integrantes das For-
ças Armadas.
Como mostrou o Esta-
dão/Broadcast , da forma como
foi aprovado, o texto libera o

reajuste para 7 de cada 10 servi-
dores públicos de Estados e mu-
nicípios. Já entre os funcioná-
rios públicos federais, as carrei-
ras blindadas representam 60%
do total da folha.

ANDRÉ BORGES / EFE

Bolsonaro deve vetar reajuste de servidor


PANDEMIA DO CORONAVÍRUS


Presidente vai


ampliar lista


de essenciais


l Pacote duplo

Socorro de elétricas e aéreas pode sair esta semana


Definição de reajuste


a servidor sinalizará


rumos da economia


Projeto foi aprovado no Senado e chance de aumento ao funcionalismo atropelou orientação de Guedes, que quer salários congelados


‘Todos têm medo das consequências da saída de Moro’, diz diretor da OCDE. Pág. B5 }


BRASÍLIA

O presidente Jair Bolsonaro dis-
se ontem que vai ampliar o rol
de atividades essenciais duran-
te a pandemia da covid-19, ou
seja, autorizadas a funcionar a
despeito das medidas de distan-
ciamento social. “Amanhã (ho-
je) devo botar mais algumas pro-
fissões como essenciais. Vou
abrir, já que eles não querem
abrir, a gente vai abrindo aí”,
afirmou Bolsonaro a apoiado-
res, em frente ao Palácio da Al-
vorada.
Na quinta-feira, 7, Bolsonaro
decretou que as atividades in-
dustriais e a construção civil
também são essenciais em
meio ao avanço do novo corona-
vírus. O presidente é crítico a
restrições ao trabalho e comér-
cio durante a pandemia. A medi-
da foi adotada no mesmo dia
em que Bolsonaro, acompanha-
do de um grupo de empresários
e ministros, foi ao Supremo Tri-
bunal Federal (STF) pedir que
medidas restritivas nos Esta-
dos sejam amenizadas.
Além da construção civil e de
atividades industriais, o gover-
no já tinha classificado como es-
senciais diversas atividades, co-
mo indústrias químicas e petro-
químicas de matérias primas ou
produtos de saúde, higiene, ali-
mentos e bebidas e produção,
transporte, entre outras.
Ao serem classificados como es-
senciais, as atividades e serviços
podem continuar em operação
mesmo na quarentena. / M.V.

BNDES coordena


operação para apoiar


setores afetados pela


covid-19; resgate pode
chegar a R$ 20 bilhões


R$ 13 bilhões
É até quanto pode chegar o
socorro das elétricas

R$ 7 bilhões
É quanto pode ser o das aéreas

]
ANÁLISE: José Fucs

Menor isolamento. Bolsonaro também disse que vai aumentar o rol de serviços essenciais

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