O Estado de São Paulo (2020-05-11)

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O ESTADO DE S. PAULO SEGUNDA-FEIRA, 11 DE MAIO DE 2020 NotaseInformações A


E

stão bem longe da perfeição as ins-
tituições republicanas do Brasil.
Não são poucos os exemplos de
abusos ou omissões do Supremo
Tribunal Federal ou de corrupção
e irresponsabilidade do Congres-
so. Ainda assim, se o Brasil pretende permane-
cer uma democracia, é preciso lutar para aper-
feiçoar e prestigiar esses pilares, e não sugerir,
como fazem os bolsonaristas, que estaríamos
melhor sem eles.
Do mesmo modo, a saúde da democracia se
mede pelo vigor da oposição. Nenhum grupo no
poder que se considere democrático pode tratar
a oposição como se fosse uma ameaça existen-
cial. No Brasil sob a Presidência de Jair Bolsona-
ro, contudo, todos os que não devotam total leal-
dade ao governo são vistos não como opositores,
mas como inimigos que almejam destruir o País.
O bolsonarismo, como todo movimento de
corte autoritário, vive de cevar fantasmas para
atemorizar a sociedade. A todo momento, vozes
muitas vezes autorizadas por Bolsonaro – quan-
do não o presidente em pessoa – invocam das tre-
vas imaginárias a assombração da volta do lulope-
tismo ao poder. Segundo esse discurso, quem


contraria Bolsonaro – na imprensa, no Congres-
so e no Judiciário – faz parte de uma grande cons-
piração para ressuscitar a turma de Lula da Silva,
o Belzebu do bolsonarismo.
Nada nem ninguém escapa desse julgamento
sumário – até o ex-ministro Sér-
gio Moro, outrora herói bolsona-
rista, foi chamado de “Judas” pe-
lo presidente Bolsonaro porque
ousou contestá-lo. Se o Supremo
toma decisões que atrapalham o
projeto de poder bolsonarista, co-
mo tem acontecido com frequên-
cia ultimamente, isso significa
que os ministros togados estão a
serviço do diabo, que não é ver-
melho à toa. Se o Congresso não
vota os projetos do governo e não
aceita sem discussão todas as me-
didas, inclusive as esdrúxulas e as
ilegais, emanadas do Palácio do Planalto, então
está claro que os políticos continuam a ser o gran-
de empecilho para a redenção nacional prometi-
da por Bolsonaro.
O bolsonarismo empenha-se em fazer o País
acreditar que poucos brasileiros hoje se abala-

riam em defender o Supremo e o Congresso, es-
pecialmente quando estes se negam a atender
aos desejos de Bolsonaro. Afinal, dizem, Bolsona-
ro é justamente a resposta natural e necessária a
um sistema podre, que só pode ser aniquilado de
vez por alguém como ele, que deli-
beradamente ignora os mais bási-
cos princípios do exercício da Pre-
sidência. Sendo assim, quando
desrespeita as instituições republi-
canas, Bolsonaro, segundo os ideó-
logos do movimento que leva seu
nome, na verdade está enfrentan-
do corajosamente os responsáveis
pela destruição do Brasil.
Nessa mistificação que faria inve-
ja aos fabuladores petistas em seus
bons tempos, Bolsonaro surge co-
mo o campeão da guerra para li-
vrar o País da corrupção e do “mar-
xismo cultural”, cuja máxima expressão é o Foro
de São Paulo, organização de partidos esquerdis-
tas latino-americanos que só petistas nostálgicos
e bolsonaristas paranoicos ainda levam a sério.
Para o bolsonarismo, o Foro de São Paulo e o
PT de Lula da Silva são mais perigosos para o

País do que o coronavírus, tratado pelo presi-
dente Bolsonaro como uma “gripezinha”. Pou-
co importa que Lula da Silva seja hoje pratica-
mente um zumbi político, que só aparece no no-
ticiário quando sofre suas rotineiras derrotas na
Justiça nos diversos processos a que responde
por corrupção.
Lula, o PT e a esquerda latino-americana são
as estrelas do bestiário bolsonarista, que o presi-
dente brande sempre que precisa justificar os
atos injustificáveis de sua funesta Presidência.
Mais de uma vez, Bolsonaro cobrou apoio incon-
dicional a seu governo sob o argumento de que,
sem isso, “o PT volta” ou então “o Brasil vai se
transformar numa Venezuela”.
No mais recente exemplo disso, durante a ver-
gonhosa intrusão no Supremo Tribunal Federal
protagonizada por Bolsonaro e um punhado de
sindicalistas patronais, para pressionar aquela
Corte a flexibilizar as medidas de isolamento ado-
tadas contra a pandemia de covid-19, o ministro
da Economia, Paulo Guedes, afirmou que “a eco-
nomia está começando a colapsar e não quere-
mos o risco de virar uma Venezuela” ou “de virar
sequer a Argentina”.
Cruz-credo!

D


inheiro curto,
falta de esgoto
e lixo acumula-
do fazem parte
do mesmo dra-
ma, o da desi-
gualdade, ainda muito ampla
no País, segundo o Instituto
Brasileiro de Geografia e Esta-
tística (IBGE). Milhões de pes-
soas em busca de R$ 600 para
enfrentar o impacto econômi-
co da pandemia são persona-
gens dessa história. O novo co-
ronavírus deu visibilidade a es-
sa população, ao criar o risco
de uma catástrofe sanitária e so-
cial provavelmente inédita no
Brasil. Ações de apoio foram de-
finidas, mas foi difícil atingir as
parcelas mais miseráveis, me-
nos informadas e quase nunca
lembradas na formulação de po-
líticas em Brasília. Até o vírus,
trazido por gente da classe mé-
dia e da classe alta, levou algum
tempo para chegar à gente po-
bre. Mas chegou, enfim, causan-
do estragos difíceis de compro-
var e de estimar, porque faltam
testes e socorro médico até pa-
ra doentes mais abonados.
O Brasil se mantém como
um dos líderes mundiais da
desigualdade, em posição des-
tacada mesmo entre os emer-
gentes. As novas informações
publicadas pelo IBGE são de
2019, mas o quadro certamen-
te continua atual e poderá pio-
rar com a pandemia. Cerca de
metade dos brasileiros – 105
milhões de pessoas – sobrevi-
via com R$ 438 mensais, em
média, ou cerca de R$ 15 por
dia. Um em cada cinco traba-
lhadores tinha renda mensal
de R$ 471, menos da metade
do salário mínimo. Na meta-
de de baixo a remuneração


média chegava a R$ 850, tam-
bém abaixo do salário-base de
R$ 998. Os novos dados fo-
ram obtidos na Pesquisa Na-
cional por Amostra de Domicí-
lios (Pnad) Contínua.
A concentração fica bem cla-
ra quando se confrontam os
poucos mais afortunados com
os demais. O grupo de 1% dos
trabalhadores com maior remu-
neração ganhava em média R$
28.659. Os 10% com menores
ganhos tinham renda mensal
de R$ 267 mensais, menos que
um centésimo do valor recebi-
do mensalmente por aquele 1%
do topo.
Educação, gênero e cor refle-
tem-se na distribuição da ren-

da do trabalho. Trabalhadores
com ensino superior completo
ganhavam em média R$ 5.108.
Isso era quase o triplo da remu-
neração daqueles com ensino
médio e cerca de seis vezes a da-
queles com a instrução mais
modesta. Homens ganhavam
28,7% mais que mulheres e
brancos, quase o dobro da ren-
da de negros e pardos. No caso
da cor, o critério da pesquisa
foi a autodeclaração.
Desigualdade de renda é asso-
ciada, em geral, à desigualdade
de condições de moradia e de
acesso a saneamento. Menor
acesso a serviços de limpeza ur-
bana e a redes de saneamento
caracteriza, também de modo
geral, o dia a dia de pessoas agru-
padas em habitações pequenas,
com pouco espaço para abrigar

oito ou mais pessoas. Também
essa desvantagem se tornou es-
pecialmente relevante com a
chegada do novo coronavírus.
Recomendado como primei-
ra proteção contra o contágio,
o isolamento é muito difícil pa-
ra quem vive nessa situação. O
risco de contaminação se torna
dramaticamente elevado, nes-
sas famílias, quando alguns de
seus membros têm de sair para
trabalhar e podem voltar com o
vírus. Mas, no caso desses gru-
pos, a covid-19 tem sido apenas
um risco a mais para quem já
suporta condições sanitárias
muito ruins.
Segundo o IBGE, cerca de
32% dos domicílios estavam fo-
ra da rede geral de esgoto sanitá-
rio, em 2019, ou sem fossa liga-
da à rede. O quadro havia me-
lhorado em relação a 2018, mas
permanecia insatisfatório e,
além disso, persistiam amplas
desigualdades entre regiões. Os
lares com acesso à rede eram
27,4% no Norte, mesmo com
aumento de 5,6 pontos porcen-
tuais. No Nordeste, um avanço
de 2,6 pontos elevou para 47,2%
a parcela dos domicílios servi-
dos pela rede. No Centro-Oes-
te, a taxa havia chegado a 60%.
Em todo o País os domicílios
com fossa séptica sem ligação
com a rede geral ainda eram
19,1%. Os dejetos eram, pois,
despejados em fossa rudimen-
tar, rios, córregos, lagos e mar.
Além de preservar a saúde de
dezenas de milhões e salvar vi-
das, obras de saneamento cria-
riam empregos e ajudariam a
mover a economia. Autorida-
des deveriam colocá-las no to-
po das prioridades, sem depen-
der do alerta disparado por
um vírus.

A


pesar dos senti-
mentos generali-
zados de interde-
pendência e das
mensagens inspi-
racionais do tipo
“estamos todos juntos”, a ver-
dade é que o atual choque sani-
tário e econômico será muito
mais devastador para os cida-
dãos mais pobres de cada na-
ção e para as nações mais po-
bres da comunidade global. A
crise pode comprometer déca-
das de esforços dos países em
desenvolvimento para tirar as
pessoas da miséria e deve inten-
sificar a tendência à desigualda-
de nos países desenvolvidos,
que vinha crescendo desde a cri-
se financeira de 2008. Quanto
mais a pandemia avança, mais
as disparidades vêm à tona.
Dados do Programa das Na-
ções Unidas para o Desenvolvi-
mento (Pnud) mostram que,
apesar dos avanços na redução
da pobreza, 1 em 4 pessoas vive
na pobreza, e mais de 40% da
população mundial não tem
qualquer proteção social. Em
média, os países mais desenvol-
vidos têm, para cada 10 mil ha-
bitantes, 55 leitos hospitalares,
30 médicos e 81 enfermeiros,
enquanto os países menos de-
senvolvidos têm 7 leitos, 2,
médicos e 6 enfermeiros. O
confinamento provocou uma
aceleração brusca da digitaliza-
ção global, mas mais de 85% da
população mundial não tem
pleno acesso à rede digital.
A Organização Internacional
do Trabalho estima que 195 mi-
lhões de empregos serão pulve-
rizados e 1,6 bilhão de trabalha-
dores informais sofrerão “da-
nos massivos”, com quedas mé-
dias de 60% em sua renda. O

Banco Mundial advertiu que a
pandemia pode lançar entre 40
milhões e 60 milhões de pes-
soas na extrema pobreza. Se-
gundo o Programa Alimentar
Mundial, 135 milhões de pes-
soas estão sofrendo algum ní-
vel de fome e 135 milhões estão
à beira da inanição.
Os países ricos estão despen-
dendo proporcionalmente mui-
to mais que os pobres no com-
bate ao vírus e seus efeitos. Pe-
los cálculos do FMI, enquanto
os sete países mais industriali-
zados do mundo gastam cerca
de 6% do PIB com estímulos
econômicos, os integrantes do
G-20 gastam 3,5%. O pacote ja-
ponês, por exemplo, chega a

20% do PIB e o americano, a
10%. Já no Brasil ou na Malásia
não chega a 3%.
Segundo a Pnud, “sem apoio
da comunidade internacional
os países em desenvolvimento
correm o risco de uma rever-
são massiva nos ganhos das
duas últimas décadas e de toda
uma geração perdida, quando
não em vidas, em direitos, opor-
tunidades e dignidade”.
O FMI está disponibilizando
US$ 1 trilhão em empréstimos


  • 4 vezes mais do que na crise fi-
    nanceira. Seu pacote de ações
    inclui US$ 100 bilhões para de-
    sembolso rápido; alívio da dívi-
    da de US$ 1,4 bilhão aos 29 paí-
    ses mais pobres; um fundo para
    redução da pobreza de US$ 17
    bilhões (até agora foram capta-
    dos US$ 11,7 bilhões); e a cria-


ção de uma linha de liquidez de
curto prazo. Além disso, o FMI
concertou com o Banco Mun-
dial e o G-20 a suspensão das
dívidas bilaterais para os países
mais pobres em 2020, totalizan-
do US$ 12 bilhões. São medidas
que podem ser emuladas e
adaptadas por instituições fi-
nanceiras globais e nacionais.
Mas uma crise sem prece-
dentes exige respostas sem pre-
cedentes. O papa Francisco,
por exemplo, afirmou “que es-
te talvez seja o tempo de consi-
derar uma renda mínima uni-
versal”. Programas como o Bol-
sa Família, por mais imperfei-
tos que sejam, podem servir de
modelo a muitos países. Uma
dúzia de nações está experi-
mentando algo do gênero. A
Espanha caminha para imple-
mentar um programa perma-
nente para os mais pobres, e
mesmo os EUA estão distribu-
indo cheques de US$ 1.200 aos
mais vulneráveis. “Se os países
pobres devem visar uma renda
mínima universal além da cri-
se é uma questão em aberto”,
disse em editorial o jornal Fi-
nancial Times. “Implementá-la
temporariamente dará infor-
mações úteis para fazer a esco-
lha depois. Mas, acima de tu-
do, os governos devem aos
seus cidadãos mais pobres um
salva-vidas incondicional já.” A
comunidade internacional de-
veria pensar de maneira análo-
ga em relação aos seus mem-
bros mais pobres. A verdade é
que, na crise, não estamos “to-
dos juntos”, mas, se indiví-
duos, organizações e governos
seguirem a máxima moral –
“aja como se estivéssemos to-
dos juntos” –, talvez saiam de-
la menos separados.

Assombrações


ANTONIO CARLOS PEREIRA / DIRETOR DE OPINIÃO

Quanto mais a
epidemia avança,
mais as disparidades
vêm à tona

Fórum dos Leitores O ESTADO RESERVA-SE O DIREITO DE SELECIONAR E RESUMIR AS CARTAS. CORRESPONDÊNCIA SEM IDENTIFICAÇÃO (NOME, RG, ENDEREÇO E TELEFONE) SERÁ DESCONSIDERADA / E-MAIL: [email protected]


Notas & Informações


Pobreza, paraíso para o vírus


Contágio é facilitado
em casas pobres,
superlotadas e sem
saneamento básico

A pandemia expõe as desigualdades


l Diabruras do capitão
Churrasco ou jet ski?

O Brasil passou das 10 mil mor-
tes por covid-19. E daí? En-
quanto isso, já que o churrasco
era “fake”, bora passear de jet
ski. Inacreditável como nosso
presidente faz troça dos brasi-
leiros toda semana. Imaginem
o que se passa na cabeça das
famílias que perderam um en-
te querido... É revoltante!
LUIZ ROCHA
[email protected]
GUARULHOS


Anátema
De fato, o #PresidenteMorte
só sabe fazer troça e graça, en-
quanto milhares de pessoas
choram os seus mortos.
FILIPPO PARDINI
[email protected]
SÃO SEBASTIÃO


Reprise
Quando vi o vídeo do presiden-
te se exibindo em passeio náu-
tico pelo Lago Paranoá, exata-
mente quando as mortes por
coronavírus no Brasil ultrapas-
savam 10 mil, e todos lamenta-
vam, lembrei-me de outro pre-
sidente afeito a exibições es-


portivas ou mirabolantes. Já vi
esse filme e sei como acaba.
CARLOS GONÇALVES DE FARIA
[email protected]
SÃO PAULO

Titanic do Paranoá
Uns veem um pseudopresiden-
te passeando no lago, eu vejo
um barco naufragado em cima
de um jet ski.
MARCO DULGHEROFF NOVAIS
[email protected]
SÃO PAULO

Bizarro
Bolsonaro se supera na bizarri-
ce, falta de empatia e de sensi-
bilidade. Mais de 10 mil brasi-
leiros mortos e ele continua
com suas ironias. Depois da
repercussão negativa do tal
churrasco, disse que era “fake”
e chamou jornalistas de idio-
tas. E assim mostra por que
nunca será um estadista, nem
mesmo um bom governante.
LUCIA HELENA FLAQUER
[email protected]
SÃO PAULO

Tudo ‘fake’
Mesmo sendo “fake” o tal chur-
rasco, como disse Bolsonaro, o

momento não é para brincadei-
ras, quando a pandemia já re-
sultou em mais de 10 mil mor-
tes no País. Um verdadeiro pre-
sidente da República, um esta-
dista, jamais faria isso.
ALVARO SALVI
[email protected]
SANTO ANDRÉ

Cartão corporativo
Escandalosa também a notícia
de que as despesas “sigilosas”
do Jair Messias dobraram nos
quatro primeiros meses de
2020 e foram para mais de R$
3,76 milhões. Penso que, com
salário de mais de R$ 30 mil,
sem pagar despesas como alu-
guel, gasolina, viagens e pas-
seios de moto no solo e na
água do Lago Paranoá, aquele
dinheiro bem poderia ser apli-
cado em algo mais nobre.
Exemplo: iniciar obras de sa-
neamento básico para dar água
e esgoto a mais de 100 milhões
de brasileiros desamparados.
HERMANN GRINFELD
[email protected]
SÃO PAULO

Confidencial e sem limite
Não são os políticos que estão

errados, somos nós, o povo bra-
sileiro, que continuamos ele-
gendo os mesmos dirigentes e
representantes para fazer as
leis. Ao lermos que o presiden-
te da República tem um cartão
de crédito confidencial pratica-
mente sem limite e que gastou
em quatro meses quase R$ 4
milhões, diríamos que é um
absurdo. Realmente, quem qua-
se morre numa fila de banco
para sacar os míseros R$ 600,
não vai nem entender esse
montante que o sr. Messias
Bolsonaro teve a cara de pau
de gastar. Dizer ao povo que
num só dia ele sacou o valor
de R$ 20 mil não vai entrar na
cabeça do pobre coitado do po-
vo brasileiro. Mas quem elegeu
esse senhor e também quem
fez a lei que lhe permite gastar
num cartão de crédito esses
valores absurdos? Nós, o povo!
Temos de mudar nossas atitu-
des nas próximas eleições.
NELSON CEPEDA
[email protected]
SÃO PAULO

l Pandemia e ética
Teoria testada pela prática
Segundo o boletim do corona-

vírus do Estadão , saiu o proto-
colo médico que dá diretrizes
para o caso de os recursos (lei-
tos de UTI) escassearem. É a
ciência ditando a realidade e se
impondo sobre a moral. Difi-
cílimas, imagino, as decisões.
Em casos assim, é vital que ha-
ja grande participação de enti-
dades até de fora da medicina
(que têm o poder de lançar um
olhar novo, muitas vezes com-
plementar) para que o proces-
so possa ser maturado e se te-
nha abertura e contato com o
trabalho de campo para que
esse protocolo possa evoluir.
Porque a teoria, como se diz,
na prática é outra.
BRUNO HANNUD
[email protected]
SÃO PAULO

Uma nova consciência
Muito embora a humanidade
tenha sofrido com diversas ou-
tras pandemias, a população
mundial atual nunca viu nada
parecido, salvo alguns poucos
que possam ter testemunhado
a gripe espanhola. Por isso é
natural que os problemas nos
aflijam e nos deixem atônitos.
Infelizmente, esses problemas

só tendem a aumentar, e assim
sempre será. É inevitável. De
tempos em tempos a humani-
dade atravessa um “tsunami”
desses e sempre sobrevive pa-
ra contar história. Assim, urge
que o ser humano aprenda li-
ções para aplicá-las à vida e às
empresas. Todos somos iguais,
sem distinção. A vida do em-
pregado é tão importante quan-
to a do empresário. O trabalho
desenvolvido pela microempre-
sa, igualmente, é tão importan-
te quanto o da multinacional.
Uma nova consciência, mais
altruísta e solidária, roga-se
que se estabeleça.
BRUNO KARAOGLAN OLIVA
[email protected]
SANTOS

‘Religião com ciência’
A contribuição ética e a pro-
funda crença na melhoria, des-
tacadas por Michel Schlesinger
(9/5, A2), a permitirem o avan-
ço seguro da ciência, levarão
ao afastamento do obscurantis-
mo danoso. Pensamento lúci-
do, artigo excelente!
JAQUES BUSHATSKY
[email protected]
SÃO PAULO
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