Valor Econômico (2020-05-09,10 e 11)

(Antfer) #1

JornalValor--- Página 5 da edição"11/05/20201a CADB" ---- Impressa por cgbarbosaàs 10/05/2020@20:13:


Sábado,domingoesegunda-feira, 9, 10 e11demaio de 2020|Valor| B

Empresas|Indústria


IMPACTOSDO


CORONAVÍRUS


VeículosAtrasonasreformaspodelevarmontadorasadeslocarrecursosparapaísesmaiscompetitivos


Anfavea teme migração de investimentos


Luiz CarlosMoraes,presidente daAnfavea,defendeisolamento social:“Achatamento dacriseeconômicadependedoachatamento dacrisenasaúde”

SILVIA COSTANTI/ VALOR

Marli Olmos
De São Paulo

Nos próximosdias,os fabri-
cantes de veículos voltarão a
reunir-secoma equipeeconô-
micapara tentarconvencero
governoa ajudá-los a obterem-
préstimosbancáriosparahon-
rar dívidascomfornecedorese
pagamentode salários. A longo
prazo, porém, cenárioé maisde-
safiador.Oa umentoda capaci-
dade ociosa, como efeito da
pandemia,e a fortedesvaloriza-
ção do real provocarão perdade
competitividade das fábricas
brasileiras. Comoconsequência,
projetos de investimentos já
aprovadosparao Brasilcorrem
o riscode ir para outrospaíses.
A soma de investimentos
anunciados pelas montadoras
para operíodo entre 2018 e
2022 passava de R$ 35 bilhões.
Coma pandemia,todasdecidi-
ram postergarrecursos que se-
riamgastos a partir desteano.
Antes da pandemia as fábricas
de veículos no Brasiljá corriam o
risco de perder, principalmente
para os mexicanos, investimentos
futuros.Masaexpectativaderedu-
çãododéficitfiscal,aagendadere-
formas, com aperspectiva de mu-
danças na área tributária e redu-
ção de burocracia, alémde investi-
mentos na infraestrutura do país,
levaram osetor a pensarnuma ex-
pansãoemodernizaçãodasopera-
çõesno Brasil, ondeexiste, hoje,
capacidade para produzir 5 mi-
lhõesdeveículosporano.

Mas a crise mudouprojeções.
Estudo da IHS Markit, uma consul-
toriaglobal,indicaque,comabru-
tal queda de demanda provocada
pelonovocoronavírus,aprodução
anual de veículos no Brasil, inicial-
menteestimadaparamaisde3mi-
lhões em 2020, não passará de 1,
milhão,uma sobrade capacidade
demaisde3milhõesdeunidades.
AIHS estima que omercado
anualglobaldeveículosvaienco-
lherde90 milhõespara70mi-
lhões de unidadespor ano em


  1. Isso levaráa um aumento
    de capacidade ociosaem todo o
    mundo,oquecausaráaumacon-
    corrência entre fábricas ainda
    maisacirrada.Aforma como ca-
    da país sairáda crise determinará
    os vencedores na corrida por no-
    vosinvestimentosnessesetor.
    OBrasilleva adesvantagemde
    estarentre os países com amaior
    desvalorização da moeda locales-
    te ano. A alta do dólarpodeajudar
    nas exportações por um lado.Mas
    nãocompensa oaumentodoscus-
    toscominsumosimportados.
    Mesmo com a dificuldade para
    venderveículos hoje, aGeneral
    Motors anunciou, na semana pas-
    sada,reajuste de 4% em toda ali-
    nha de produtos. A Scania infor-
    mouque os preços dos seus cami-
    nhões eônibus vão subir até 10% a
    partir de agosto.As duas empresas
    apontam a desvalorização do real
    comomotivo da alta de preços
    mesmocomasvendasestagnadas.
    Opresidente da Associação
    Nacionaldos Fabricantes de Veí-
    culos (Anfavea),Luiz CarlosMo-
    raes, admiteoriscode ocenário,
    cada vez mais sombrio, levar as
    montadoras adeslocar investi-
    mentos paraoutros países. “Um
    sistematributáriodefasado,abu-


rocraciaeoutrosfatoreselevamo
risco de não recebermos investi-
mentosjáplanejadosparasoBra-
sil”, afirmaodirigente.
Mas,antesde brigarpelosin-
vestimentos,os fabricantes de
veículostêm problemasmaisur-
gentespara resolver. Comqueda
na receitapróximade90%, ose-
torpropôsaogovernousarcrédi-
tostributárioscomogarantiapa-
rafacilitaraobtençãodeemprés-
timosjuntoàredebancária.
Moraes diz que acadeia do se-
tor, que envolve montadoras, au-
topeças e revendedores,tem em
tornodeR$25bilhõesemcréditos.

Trata-sede um volume de recursos
que resulta, segundo ele, de “uma
distorção tributária”que ocorre
em transações comerciais na ven-
dadeveículosedepeçasequeestá
retidanoscofrespúblicos.
Antes da pandemia, o setor bri-
gava pela devoluçãodesse dinhei-
ro. Agora, contenta-se com o uso
dos créditoscomogarantiapara
pedir empréstimos.Moraes calcu-
la que toda a cadeia precise de
maisde R$ 40 bilhões em capital
de giro. Se o governonão ceder, as
empresasterão de recorrer às ma-
trizes. Mas, segundo Moraes, a ta-
refa não é tão fácil: “Quandoexpli-

camos às matrizes sobre a falta de
capital de gironos perguntam:
masnão temos dinheiro retido
comogovernodoBrasil?”.
Comas fábricasfechadaspara
evitar a disseminação do vírus, em
abril a produção de veículos foi a
menordesde1957; ou seja, prati-
camente toda ahistória da indús-
tria automobilística no país.Fo-
ramproduzidos apenas1,8 mil
veículos, uma queda de 99,3%em
relação ao mesmomês de 2019.A
venda internacaiu 76% na mesma
base de comparação. Oestoqueé
bastante alto. Indústria erevende-
dorestêm nos pátios 128 mil veí-

culos. Levandoem contaomerca-
do de abril, ovolumeésuficiente
paraquatromesesdevendas.
Na apresentação dos dadosde
abril, na sexta-feira, Moraes defen-
deu o isolamentosocial comofor-
ma de obter o “achatamento da
curva” tambémda crise econômi-
ca. Disse,ainda, que parte da des-
valorizaçãodorealéconsequência
da instabilidade política. E sugeriu
queExecutivo, Legislativo eJudi-
ciárioseunampara“açõescoorde-
nadas”no combate àpandemia.
“Muita genteem Brasílianão per-
cebeu a crise na saúdee a recessão
quevamospassar”, afirmou.

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