Valor Econômico (2020-05-09,10 e 11)

(Antfer) #1

JornalValor--- Página 2 da edição"11/05/20201a CADA" ---- Impressa por cgbarbosaàs 10/05/2020@21:04:


A2|Valor|Sábado,domingoe segunda-feira, 9, 10 e 11 de maiode 2020

Brasil


IPCAcaminhaparadeflaçãono semestre,


mesmocompressãodo câmbiono atacado


AríciaMartins
De São Paulo

Enquanto os preços ao consu-
midor mergulharamno campo
negativo em abril, numcenário
que deve resultar em inédita que-
da do Índice Nacional de Preçosao
Consumidor Amplo (IPCA)nopri-
meiro semestre, a evolução dos in-
sumos industriais no atacadosu-
gere que a fraquezada demanda
tem evitadorepassesda escalada
dodólarparaovarejo.Nosegundo
trimestre, a atividade econômica
afundou—emabril,aproduçãode
veículos caiu 99,3%em relação ao
mesmomêsdoanopassado.
DentrodoÍndiceGeraldePreços


  • Disponibilidade Interna (IGP-DI),
    da Fundação GetulioVargas(FGV),
    os materiaise componentes para
    manufatura subiram7,75%nos 12
    meses até abril. Em dezembro, aal-
    taerade1,81%.Aaceleraçãoreflete
    a depreciaçãocambial.Nesse sub-
    grupo estãoinsumossensíveis ao
    câmbio, como celulose, produtos
    químicos,componentes parama-
    terialdelimpezaesiderurgia.
    Já no IPCA, a trajetória dos pre-
    çossinalizaqueapressãodecustos
    nas fábricas não tem chegadoàs
    prateleiras, a despeito da expressi-
    va alta do dólar, que saltou 35,6%
    anteoreal no primeiro quadri-
    mestre. Em abril, os bensindus-
    triais recuaram0,75% ao consumi-
    dor, vindo de quedade 0,05% em
    março, segundo cálculos da MCM
    Consultores. A deflação foi mais
    forteque a do “indicador cheio”,
    que caiu 0,31% mês passado, con-
    forme o InstitutoBrasileiro de
    Geografia e Estatística (IBGE) di-
    vulgounasexta-feira.
    Em 12 meses,os preçosindus-
    triaispraticamentenão aumen-
    taram(altade 0,05%).Para eco-
    nomistas,o comportamento be-
    nignodevepersistirnos próxi-
    mos meses,já que aparalisação
    da atividaderesultantedo isola-


mento social inibe reajustes.
Tambémcomaajudados com-
bustíveis,oIPCA podese manter
em terrenonegativoaté junho.
No segundosemestre,porém,re-
flexosdo dólarmaiselevadoso-
bre os preçospodemaparecer,
aindaquedeformagradual.
Julia Passabom, economistado
Itaú Unibanco, afirmaque fatores
estruturais impedem que orepas-
se cambialchegue ao consumidor
no momento. “O hiato do produto
[umamedida donívelde ociosida-
de na economia] está muitoaber-
to, e as expectativas de inflação es-
tãotranquilas,masocâmbiosede-
precioubastante.Éalgoquetemos
quemonitorar”, dizJulia.
Apesardositensindustriaiste-
rem desacelerado no atacado,
um núcleodo IPA calculado pelo
Itaú mostrapreçospressionados,
destaca ela. Excluindoalimentos
in naturaecombustíveis, os bens
finaissubiram9,1%no ano ter-
minadoemabril.JánoIPCA,ain-
flaçãosubjacentede bensindus-
triaisavançouapenas1% na mes-
macomparação.

Nos próximosmeses,odes-
compasso entreinflaçãono ata-
cadoe no varejodevese manter,
apontaJulia.Contandocom que-
da de 0,4% do IPCAem maioe va-
riaçãopertode zeroem junho,
ela estimaque oíndicedeveter-
minaro primeirosemestre com
redução de 0,1%.Na sériedo IB-
GE, que começaem 1980,nunca
houvedeflaçãona primeira me-
tade do ano. De julhoem diante,
atrajetóriado câmbioedope-
tróleodevedeterminarcomoos
preçosvãosecomportar,diz.
Aindaque anormalização to-
tal da economia demore,algum
relaxamento das medidas de
confinamento socialdeveocor-
rerapartirdosegundosemestre,
oque terá desdobramentosobre
os preços,observa Fabio Romão,
economista da LCA Consultores.
“Avançandoao longode 2020,
podemos ter um cenárionão tão
preocupantecomoode agora,o
que podecontribuirpara a reto-
madagradualdealgunspreços.”
Por isso, Romãoachapouco
provável que aquedado IPCAse

estendaalémde junho,eq ue o
índiceencerre 2020 em cercade
1%. No cenárioda LCA, ainflação
oficialserá de 1,8%no período,
abaixodo piso da bandade tole-
rânciadameta,de2,5%.
O quadrode inflação baixa
dosbensindustriais,noentanto,
não deve mudar, diz o economis-
ta,paraquemessesitensterãoal-
ta de somente0,1% no ano todo.
“O repassecambial já estava difí-
cil desde 2018 e, agora,a covid-
19sóacentuaisso,porqueocâm-
bio se desvaloriza maise a ativi-
dadefica maisfraca”, comenta.
Assim,os custosindustriaisde-
vemcontinuaremascensão.
Especialista em inflação do
InstitutoBrasileirode Economia
(Ibre/FGV), AndréBrazpondera
que nemtodosos aumentos de
custosnão repassadosresultam
emperdademargemparaasem-
presas,já que muitasdelastêm
algumaproteçãocontraavalori-
zaçãoda moedaamericana.Mas
oefeitodohedgenãoéinfinito.
“O empresárioestava prepara-
do para o encarecimentoda ma-
téria-prima agora,mas aos pou-
cos sua margemvai diminuindo.
Se não conseguevendero produ-
to com o preçojá colocado,ima-
ginase houveraumento”, disse
Braz. Em sua visão,orecuo de
bensduráveis no IPCAjá refletiu
essa realidade,numambientede
demandareprimida.
Dentrodoindicador,osarti-
gos de residência diminuíram
1,37%emabril,comquedaem
móveis e utensílios(-1,52%)e
eletrodomésticos e equipamen-
tos (-3,58%).Na partede trans-
portes,o automóvelnovofoi ou-
tro bemdurável que apareceu
em retração, de 0,38%.
“Quemestáempregadotem
medodo curtoprazoe não quer
se endividar. Quemperdeu oem-
pregonão tem renda,eaí que
não vai comprarbensduráveis”,
aponta oeconomista do Ibre.
“Por isso, partedo repassecam-
bial fica represado,mas lá na
frente,numasituaçãoum pouco
diferente,podevoltar.”

Fontes:IBGE,FGVe ValorData.*EstimativasdaLCAparao período

Emdescompasso
Variação dos produtos industriaisno atacadoe no varejo - Em %

ProdutosIndustriais(IPA-DI)

0

3

6

9

2

2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020*

7,

1,

9,

6,

1,

9,
7,
5,2 4,3 4,

6,
4,

(^1) 1,
1,
0,
Pressãodo câmbio
Inflaçãodos materiais e componentes para manufaturano IPA-DI - %






0

4

8

35,6%
foi a alta
do dólar
comercial
acumuladade
janeiroa abril
abr/19 out/19 abr/

6,

-2,

7,

BensIndustriais(IPCA)

AdamaA11,B
AmbevA
AmericanasB
AviancaB
B2WB
BancoBVB
Bancodo BrasilB3, C
BasfB
BB SegurosB
Bio RitmoB
BioLambdaB
BlackRockC
BluefitB
BNDESA3, C
BNPParibasC
BodytechB

BradescoB2, C1, C
BradescoBBIB
BradescoSegurosB
BraservA
Brasil KirinA
BRFB
CaixaA3, B
Camargo CorrêaInfraB
CamilB
CariocaEngenhariaB
CDURPB
ChemChinaB
CNTA
CocamarB
Compass3DB
CompassMinerals

Américado SulA
ComplianceTotalA
ConterpA
CooperforteB
DelfinoB
EDPB
EnergizziA
FaceShield4LifeB
FGVC
FlosonicsB
FortinetB
General MotorsB
GrupoPetrópolisA
HospitalIsraelitaAlbert
EinsteinB
IcatuB

IHSMarkitB
Instituto Ada LovelaceA
INTLFCStoneB
ItaúUnibancoA2, C1, C
IX.brB
JBSB
JustFitB
KairósCapitalC
KomatsuBrasil
InternationalLtda.A
L’OrealB
LCA ConsultoresA2, A
LightB
LocalfrioB
MCMConsultoresA
MicrogymsB

MovileB
NeoprospectaB
NetflixB
Novo NordiskB
NTC &LogísticaA
O2B
OASB
OdebrechtB
OrienteMeB
PageGroupB
PerbrasA
PetrobrasA12,B
PetrorecôncavoA
PwCB
RabobankB
Recôncavo E&PA

Rede Mater Dei
de SaúdeB
SabespB
SaneparB
SantanderC
ScaniaB
SelfitB
SmartFitB
Solve ShippingB
StefaniniB
SubmarinoB
TalensesB
TelefônicaVivoB
TeslaB
ValeB3, B
Via VarejoB
WavyB
Yara BrasilB

Índicede empresascitadasemtextosnestaedição


IMPACTOSDO


CORONAVÍRUS


Alex Ribeiro


Corte de juro com


sabor de aperto


BCparecemenos
preocupadocomas
condições financeiras

A


téalguns
economistase
operadoresdo
mercadoque
defendiamcortes
maisagressivosdejuros
reconhecem,deforma
reservada,queadecisãodo
ComitêdePolíticaMonetária
(Copom)dasemanapassada
nãoproporcionoutodosos
benefíciosesperados.Em
muitosaspectos,teveosaborde
apertonascondições
financeiras.Faltou,paraeles,
comunicarmelhoraestratégia
depolíticamonetária.
OBancoCentralhavia
sinalizado, emconversas
fechadascomparticipantesdo
mercado,aintençãodecortar
osjurosem0,75ponto
percentual,porissoasapostas
inicialmenteseconcentravam
emummovimentodessa
magnitude.Depoisdasaídado
governodoministrodaJustiça,
SergioMoro,aschancesficaram
divididasentre0,75pontoe0,
ponto.Muitosachavamqueo
BC,queatéentãovinhase
mostrandoconservador,não
iriatomarriscosexcessivos
numambientemaisincerto.
Mas,aofinal,adecisãodo
BancoCentralfoibemmais
ousada:cortou0,75pontoe
sinalizouquecaminhapara
fazeroutrocortenamesma
magnitudenapróxima
reunião,dejunho.Naprática,
encomendouumcortede1,
pontopercentual,emborade
formaenvergonhada.

Maisdoqueadecisãoemsi,
especialistasdomercadoveem
umamudançanaposturado
BancoCentral.Atéareuniãode
março,ocomitêestavamuito
preocupadocomoriscodeque
cortesdejurosfossem
contraproducentes,levandoa
umapertonascondições
financeiras.Ocomunicadoda
reuniãodasemanapassada
excluiessaspreocupações,que
constavamnaversãodo
documentodemarço.“Éalgo
queparecetersidosuperado
dentrodoBC”,dizumgestorde
fundosdeinvestimento
multimercado.Semessa
amarra,emtesenãohálimites
paraaquedadosjuros,dentro
dalógicadosistemademetas
paraainflação.
Nodiaseguinteàreuniãodo
Copom,oimpactoempreços
deativosfoinegativo:osjuros
decincoanosaumentaram,a
inclinaçãonacurvadejurosse
tornoumaispronunciadaeo
dólardeuumsalto.Sãotrês
componentesmuito
importantesnoindicadorde
condiçõesfinanceiras
calculadopeloBancoCentral,
quetemumaboacapacidade
deprevisãodoÍndicede
AtividadeEconômicadoBC
(IBC-Br)demesesadiante.Na
sexta-feira,houveumleve
recuo,masemgeralseguiam
pioresdoqueestavamantesda
decisãodoCopom.
Algunsespecialistas
argumentamque,apesarda
reaçãodomercado,adecisão
nãofoiinócua.AbaixadaSelic
setransmiteautomaticamente
paraoCDI,queéreferência
paraacaptaçãodemuitas
empresas,promovendoum
alívioimediatodecaixa.Os
jurosdecincoanos,segundo
esseraciocínio,nãodeveriam
preocupartantonomomento
atual.Essapartedacurvade
juroséimportanteparaas

empresasquefazemcaptação
parainvestir.Commuita
incertezaecomoaumentona
capacidadeociosadeprodução,
poucasempresasestariam
dispostasaseendividarpara
executarprojetosderisco.
Aaltadodólar,porsuavez,
seriabenéfica,pordois
motivos.Primeiro,porque
favoreceademandaexterna,
umadasrarasalavancasque
podempuxaroBrasilparafora
darecessão.Aaltadepreçosde
açõesdeexportadorassubiram
depoisdoCopom.Segundo,
porqueadesvalorização
cambialéumaformade
minimizaroriscodedeflação.
Ofantasmaéaquedapontual
doIPCAdemarço,de0,31%,
tornar-seummovimentomais
perenecomomaiornívelde
ociosidadedaeconomia
domésticaeinternacional.
Aindaassim,afirmamesses
economistas,oBCperdeua
oportunidadedecolhermais
benefíciosnacurvadejuros
longa,casotivessecomunicado
melhorsuasintenções.Comoo
mercadonãoestavapreparado
paraumadecisãomaisousada,
tevequefazerumajustemais
fortedasposiçõesnodia
seguinte,pressionadoosjuros
maislongos.Masoprincipal,
paramuitos,équeoBanco
Centralnãoapresentouaindaa
lógicaquesubsidiaassuas
decisões.Algunsesperamque
façaissonaatadoCopom,que
serápublicadaamanhãeem
pronunciamentospúblicosde
seusdirigentes.Aesperançaé
que,comumacomunicação
maisdetalhada,omercadose
convençaeosjuroslongosea
inclinaçãodacurvadejuros
voltemasereduzir.
Umadaspreocupaçõessãoas
mudançasfrequentesdevisão.
Emfevereiro,quandoo
coronavíruseraumanovidade,
oBCmanteveumdiscurso
conservador,sinalizando
manutençãodosjuros,então
em4,25%aoano.Em3de
março,porém,soltouumanota
àimprensapoucodepoisdeo
FederalReserve(Fed)baixaros
jurosdeformaagressiva,
reforçandoasapostasemuma
açãosemelhante.Amensagem
foimalrecebidapelomercado,
oBCvoltouaatráse,nareunião
demarço,oCopomadotouum
tommaisconservador.Mais
recentemente,mudoudenovo,
surpreendendoosmercados.
NãohánadadeerradoemoBC
mudardevisãoquandoas
circunstânciasmudam,afirma
umeconomistacom
experiêncianoCopom.Nessas
ocasiões,sempreháumdano
paraasuareputação,masele
tenderáasermenorsea
mudançadecursoforbem
explicadaejustificada.
Nomomentoatual,umadas
questõesésaberporqueem
marçooCopomestavatão
preocupadocomarepercussões
desuadecisãonascondições
financeirasehojenãoestámais.
Outropontoquemuitosquerem
veresclarecidoéavisãodoBanco
Centralsobreataxaneutrapós
pandemia.Nãoseesperaque
divulgueumnúmero,maspelo
menospoderiaabrir
qualitativamenteosfatoresque
forampesados.
Essasexplicações,porém,
nãodeverãoconvenceruma
partedomercadoqueachaque
oBancoCentralagiumalem
cortarosjurostãorápido.A
inflexãododiscursodoBanco
Central,deconservadorpara
maisousado,ocorreuemum
períododeclaradeterioração
noquadrofiscal.Nessas
circunstâncias,quantomais
rápidooBancoCentralcortara
Selicagora,maioréprêmiode
riscoparaocasodeterque
reapertarcommaisforçamais
adiante.Comisso,oBCapenas
desestimulaomercadoatomar
risconacurvadejurosereforça
aestratégiadosfundosde
investimentodeaplicarem
açõeseassumirumaposição
defensivaemcâmbio.

Alex Ribeiroé repórter especiale
escreve quinzenalmente
[email protected]

Incertezaalargadistância entreprojeçõespara o PIB


RodrigoCarro
Do Rio

A incertezaeconômica gerada
pelapandemiase refletenuma
distânciarecorde entreas previ-
sões de crescimentodo Produto
Interno Brasileiro(PIB) para este
ano. É o que indicaum levanta-
mentodo InstitutoBrasileiro de
Economia(Ibre),combase em
projeções do Fundo Monetário
Internacionale do relatórioFo-
cus,doBancoCentral.Aversão
maisrecentedo relatório elabo-
radopeloBCapartirdeprognós-
ticos de aproximadamente 130
instituições financeiras estima
em 3,8% a retraçãoda economia
brasileiraem 2020, enquantoo
FMI prevêcontraçãode 5,3%.A
diferençade 1,5 pontopercen-
tualéamaiorem20anos.
As estimativas maisrecentes do
FMI para o Brasil (e para o restante
do mundo) foram divulgadas em
abril,comopartedolevantamento
Perspectivas Econômicas Mun-
diais (WEO, na siglaem inglês).

Pesquisadordo Ibre,daFundação
Getulio Vargas, Marcel Balassiano
comparou aprojeção mais recente
dofundocomaprevisãodorelató-
rioFocusdemeadosdomêspassa-
do (17 de abril),quando amedia-
na —ovalor do meio de um con-
junto de dados —das expectativas
de mercado era de umaretração
de3%daeconomiabrasileira.Adi-
ferençaera, então, de 2,3 pontos
percentuais.
De meadosde abrilparacá, a
diferença encolheuparade 2,
para 1,5 pontopercentual: -5,3%
(FMI)versus-3,8%(relatórioFo-
cus de 30/04).Emboramenor, a
distância aindacontinuaasera
maiordesde2000.
“Faz sentido devido às inúmeras
incertezas que rondam a econo-
mia”,diz Balassiano. Antes do co-
lapso provocadopela pandemia, a
maiordiferença entre as projeções
do FMI eaquelas compiladaspelo
BC haviasido registradaem 2009,
emplenacrisefinanceiramundial:
1,1pontopercentual.
Balassiano chama a atenção pa-

ra a velocidade com que as pers-
pectivas para o desempenhoda
economiabrasileiraforamsedete-
riorando. “No começode março, a
expectativa do mercado era de
uma altade 2% no PIB. No fim de
abril, as projeções [no Brasil] eram
de uma queda de 3,8%”, compara.
Oeconomistalembraquehá12se-
manas consecutivas as estimativas
de variaçãodoPIB em 2020vêm
caindonorelatórioFocus.
O Fundo Monetário Internacio-
naldivulgasuasprojeçõesemabril
eoutubro.Alémdisso,fazatualiza-
ções em janeiro e julho. Diante da
dificuldade de prever ocomporta-
mentoda economiamundial no
períodopós-pandemia, oorganis-
mo internacional optou por não
disponibilizar no mês passado
projeções paraocrescimento do
PIBbrasileironolongoprazo(pró-
ximoscincoanos).
Em outubrode 2019,antes
portanto da crise sanitária, o
Fundo trabalhava com variações
positivas acimade 2% para aeco-
nomiabrasileiraaté2024.

Os númeroscompiladospor
Balassiano indicamaindaque,
em duasdécadasde compara-
ções (2000-2019), o FMI “errou”
maisqueoFocus.
Isso porqueem noveoportu-
nidadesas previsõesdo organis-
mo internacionalficarammais
distantesdos dadosreaisde va-
riaçãodo PIB do que as expecta-
tivasdo boletimdo BancoCen-
tral. Em seis dos anospesquisa-
dos, houve“empate”.
“Quemconhecemelhora eco-
nomiabrasileirasão os econo-
mistas brasileiros”, sustenta o
pesquisadordo Ibre. Em geral,as
projeçõesdo FMI são maiscon-
servadoras do que aquelas regis-
tradasnoFocus,constataele.
Alémdadificuldadeemprever
quantotempovão duraros efei-
tosdacovid-19sobreaeconomia
do Brasil,Balassianofrisa que o
fatodeascrisespolíticasteremse
intensificadonas últimas sema-
nastendeaafetarnegativamente
o comportamento do Produto
InternoBruto(PIB).

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