Valor Econômico (2020-05-09,10 e 11)

(Antfer) #1

JornalValor--- Página 6 da edição"11/05/20201a CADA" ---- Impressa por cgbarbosaàs 10/05/2020@21:34:


A6|Valor| Sábado,domingoe segunda-feira, 9, 10 e 11 de maiode 2020

Política


Moropode enfrentar cerco do


Centrão e PT no CongressoNacional


AndreaJubé
De Brasília

O ex-ministro da Justiça Sergio
Moro, que já contouno passado
com sua própriabase de sustenta-
ção no Congressode pelo menos
cemparlamentares,agoraenfrenta
uma conjuntura políticaque lhe é
especialmentehostil:depoisdede-
nunciarirregularidades no gover-
no,ele se viu transformadoem al-
vo,simultaneamente,da maioria
dos parlamentares, de uma ala do
SupremoTribunal Federal(STF)e
doPaláciodoPlanalto.
No Congresso,asomade inte-
resses do Centrão e do PT formou
umamaioriacommaisvoracidade
para fulminaroex-juiz da Lava-Ja-
toeminarseuprojetopresidencial
para 2022 do que paraatingir o
presidente JairBolsonaro. Em pa-
ralelo, uma ala do STFsempre viu
com ressalvas a atuação de Moro
na conduçãodos processos da La-
va-Jato, por enxergar excessos em
alguns atos do magistrado.Um
exemplo é ajurisprudência firma-
da pela Corte há dois anos decla-
rando inconstitucional a condu-
çãocoercitivaderéusouinvestiga-
dos para ointerrogatório. Moro
utilizouo expediente, por exem-
plo, com oex-presidente Luiz Iná-
cioLuladaSilva.
“A esquerdaeoCentrãotêm
maissede de pegar o[ex-ministro
Sergio] Morodo que o[presidente
Jair] Bolsonaro”, confirmouaoVa-
lorum deputadode postura inde-
pendente. Porisso, segundo ele, é
maisviável prosperar no Congres-
soumdosnovepedidosdeabertu-
ra de comissão parlamentar de in-
quérito (CPI)para investigarasde-
núnciasdeMorodoqueumdos
requerimentos de impeachment
contraopresidente.
Com oCentrão negociando car-

gosemtrocadeapoioaopresiden-
te, a avaliaçãodeparlamentares
independentes eda oposição éde
que eventual pedido de impeach-
mentnestemomento,sefossepro-
cessado, seriaderrotado. Essa
eventualvitória serviriaexclusiva-
mentepara fortalecer Bolsonaro e
fragilizaroCongresso,analisam
essesparlamentares.
Por isso,há interessede vários
gruposno Parlamentode viabilizar
ainstalaçãode uma CPI para inves-
tigaras denúnciasde Moro. Aava-
liaçãoéqueoinstrumentocontem-
pla todosos ladosporquea investi-
gaçãopodeatingirBolsonaromas,
igualmente,oautordasdenúncias.

O PT e oCentrão, juntos, têm
maisde um terço dos votos nas
duasCasas –número mínimopara
acriação da CPI. OPTvê aoportu-
nidade de umaespécie de revan-
chepolíticacomMoro,quelevouà
prisão oex-presidente Lula eou-
trasliderançasnacionaisdasigla,
comooex-ministroJoséDirceu.Da
mesmaforma, expoentesdo Cen-
trão foramalvos do ex-juiz na La-
va-Jato. Se ficar comprovado que
Morotinha conhecimento dos fa-
tos há mais tempo,ouse teveaces-
soaoutrosdesviosdogoverno,ese
calou nas duashipóteses, o ex-mi-
nistropoderiaserinvestigadopelo
crimedeprevaricação.

Empossado comoum dos su-
perministros do governo, ao lado
de Paulo Guedes (Economia), Mo-
ro deu demonstraçõesrelevantes
de musculatura política no Con-
gressoNacional.Háumano,navo-
tação da reformaadministrativa,
ele articulou pessoalmenteama-
nutençãodoConselhodeControle
de Atividades Financeiras (Coaf)
comoMinistériodaJustiça.
A votação foi apertada: por ape-
nas18votos,oórgãofoiremaneja-
do para oMinistérioda Economia.
Masfoi umaderrotacom cara de
vitória porque 210 deputados vo-
taramcomoex-juiz.Naépoca,dis-
tinguindo-sedoCentrão,oPSDvo-
touempesocomMoro.Hojeopar-
tido negocia espaço no governo
Bolsonaro e temapromessa de in-
dicar o futuro presidente da Fun-
daçãoNacionaldeSaúde(Funasa),
um dos postos maisconcorridos
dosegundoescalão.
Moroviu seu prestígiopolítico
erodiraos poucos, apartir dos va-
zamentos de diálogos que mante-
ve com procuradores da Lava-Jato
quandoconduziaaoperação.Al-
gunstrechos em que ministros
eramcitadosconstrangeram o STF
e oepisódio expôs Moro à fritura
deBolsonaro.
A consequência maisevidente
dessa deterioração do prestígiofoi
avotaçãodopacoteanticrime,avi-
trine de sua gestão no ministério,
quefoi conduzida na Câmara pe-
los deputadosdo Centrão: apresi-
dente do grupo de trabalhosera a
deputada MargareteCoelho (PI),
do PP.Opacoteacabou desidrata-
do,representando uma derrota
expressiva para Moro:dois pontos
essenciais para o então ministro —
aprisãoapós acondenaçãoemse-
gunda instância eotrecho que
ampliava oexcludentede ilicitude
—nãoforamaprovados.

O powerpoint, os tweets


e os guarda-costas


BrunoCarazza


A


olongodasúltimas
semanasBolsonaro
eseusseguidores
têmflertadocom
umaquebra
institucional.Apresençado
presidenteemmanifestações
pedindoaintervençãomilitare
umnovoAI-5,aintimidaçãoao
SupremoTribunalFederal(STF)
comumavisitainesperada
escoltadoporrepresentantesda
eliteindustrial,osataques
reiteradosàimprensa,a
demissãodeseusministroscivis
commaiorapoiopopularea
nomeaçãodemilitaresdaativa
emtodaaEsplanadados
Ministérios,acooptaçãodabase
parlamentarmaisfisiológica,a
interferêncianaPolíciaFederal,
oincitamentodesuasmilícias
virtuaisparaqueinvadamas
ruasemmeioàsrecomendações
deisolamentosocial–são
muitososmovimentosna
direçãodeumasolução
autoritáriaparaacrisecriada
porsuaprópriaincompetência
gerencial.
Aquieali,nasduasbolhasque
dividemopaís,ressurgem
comparaçõesentreomomento
queatravessamoseoclimaque
levouaogolpede1964.Sem
dúvidaatáticadeBolsonarode
secercardemilitares,dasforças
políticasmaisconservadorase
departedaeliteempresarial
paratestaroslimitesdenosso
regimerepublicanoguarda
semelhançascomoque
aconteceunoiníciodosanos
1960.Noentanto,trêsepisódios
ocorridosnasúltimassemanas
ilustramovaziodessaaliança
militar,políticaeempresarial
queBolsonaropretende
construiremtornodeseu
projetoautoritáriodepoder.

Noúltimodia22deabrilo
ministrodaCasaCivil,general
BragaNetto,anunciounuma
coletivadeimprensao
lançamentodoprograma
Pró-Brasil,“iniciativaproativado
governofederalquetemcomo
propósitoreduzirosimpactos
docoronavírusnasáreassociale
econômicacomfoconoperíodo
pós-pandemia”.Apresentado
emexatoscincominutos,o
arquivopowerpointcomsete
slidesdo“PlanoMarshall”
bolsonaristachocoupelovazio
dedadosedeprojetos.
Nocampolegislativo,nadaé
maissintomáticodoretornode
Bolsonaroaoseuberçopolítico,
oCentrão,doqueoperfildo
ex-deputadoRobertoJefferson
noTwitter.Condenadopor
corrupçãopassivaelavagemde
dinheiropeloSTFetendoseu
mandatocassadopeloplenário
daCâmaradosDeputadosem
2005,ovelhocaciquedoPTB
assumiuadefesadoideáriomais
extremistadobolsonarismo,
posandodearmaempunho,
atacandogovernadoresque
defendemodistanciamento
socialepregandoofechamento
doSupremo.
Paracompletaratrinca,em
trocademedidasdeestímulo
econômicoedoafrouxamento
docombateàpandemiade
covid-19,representantesde
entidadesdosetorindustrialse
prestaramaopapelde
guarda-costasnumadasmais
intimidatóriasdemonstrações
deforçacontraaautoridadedo
PoderJudiciárionestes35anos
denossahistóriademocrática.
Longedequererdefendero
indefensável–nãohájustificativas
paraumarupturainstitucional

quesuprimiuportrêsdécadas
nossaliberdadeeoexercícioda
cidadania,semfalarnoscrimes
cometidoscontraahumanidade–
atentativabolsonaristade
ameaçarademocraciase
diferenciadomovimentogolpista
de1964pelaausênciadeum
projetodepaís.
AaliançaentreasForças
Armadas,aeliteempresarialeos
grupospolíticosconservadores
quederrubouJoãoGoulartem
1964foiforjadaaolongode
anosnoseiodeinstituições
comoaEscolaSuperiorde
Guerra(ESG),oInstitutode
PesquisaseEstudosSociais
(Ipes)eoInstitutoBrasileirode
AçãoDemocrática(Ibad)eas
fileirasdaUniãoDemocrática
Nacional(UDN)edesetoresdo
PartidoSocialDemocrático.O
golpede31demarçolevouao
poderumaelitemilitar,
empresarialepolíticaquese
ancoravanãoapenasnuma
ideologiadedireita,masnuma
agendageopolíticaeeconômica
alicerçadaemprojetos
encomendadosaintelectuaise
técnicosderenome.
Nesses56anosquenos
separamdogolpede1964,
muitacoisamudounasForças
Armadas,napolíticaena
economiabrasileira.Nãosetrata
daspessoas,masdas
instituições.
Osmilitaresqueassumiramo
poderem1964constituíam,
juntocomdiplomatasdo
Itamaraty,aelitedosetor
públicobrasileiroàépoca.
Selecionadosporconcurso,
recebiamtreinamentocontínuo
easmelhoresremunerações–
alémdegozaremdegrande
prestígiopolíticoesocial.Dadaa
importânciabrasileiranoxadrez
geopolíticodopós-guerra,os
oficiaisdasForçasArmadas
receberamtreinamentomilitar
norte-americanoeconstruíram
seuprojetoparaopaísno
contextodaGuerraFria.
Umcenáriomuitodiferentese
vêhoje.Comaretomadada
democracia,asForçasArmadas
perderammuitodoseu
protagonismopolítico,ao
mesmotempoemque
orçamentosminguadoseo
congelamentodesoldos
tornaramsuascarreirascadavez
menosatrativas.Osatuais
ministrosWagnerRosárioe
TarcísiodeFreitassãoexemplos
demilitaresquepedirambaixa
doExércitodepoisdeteremsido
aprovadosemconcursospara
carreirascivis.Apressãodos
militaressobreBolsonaropara
ficaremdeforadareformada
Previdênciaedoesforçofiscalno
combateàcovid-
demonstramqueseuprojeto
corporativistaestáacimadas
necessidadesdopaís.
Mesmodiantedetudoque
vimosduranteomensalãoea
Lava-Jato,aassociaçãode
Bolsonarocomopiordo
Centrão,representadopor
RobertoJefferson,escancaraa
voracidadecomqueseatacam
osrecursospúblicosemtrocade
apoiopolítico,agoranumanova
roupagemdovelho
presidencialismodecooptação.
Porfim,afiladeempresários
depiresnamãosecolocandoa
serviçodeumpresidenteque
ameaçaoSTFéomelhorretrato
deumaindústriaque,aolongo
dedécadas,nãoaprendeuaser
eficienteeaenfrentarascrises
semaproteçãogenerosado
Estado,oferecendofechamento
demercado,créditosubsidiado
doBancoNacionalde
DesenvolvimentoEconômicoe
Socialeincentivosfiscais.Para
tirarseusCNPJsdaUTI,valeaté
mesmomarcharcontraoSTF.
Nadailustramelhorovazioe
ooportunismodaaventura
autoritáriadeBolsonarodoque
opowerpointdeBragaNetto,os
tweetsdeRobertoJeffersonea
passeatada“CoalizãoIndústria”
doPaláciodoPlanaltoao
SupremoTribunalFederal.

BrunoCarazzaé mestre em economia,
doutor em direito e autor de “Di nheiro,
Eleiçõese Poder: as engrenagensdo
sistemapolíticobrasileiro”. Escreve às
segundas-feiras
[email protected]

Aventura autoritária
deBolsonaro não
temprojeto depaís

Lira temobstáculos para suceder Maia


De Brasília

Olíder do PP, deputado Arthur
Lira (AL),desponta hojecomoo
mais influente e articulado líder
do Centrão e competitivocandi-
dato àsucessão do presidente da
Câmara, RodrigoMaia(DEM-RJ).
Desenvoltoecom trânsito em vá-
riasbancadas, ele antestem de se
desviar de muitaspedraspelo ca-
minho antesde chegar à cadeira
hoje ocupadapor Maia.
Liraresponde adois processos
criminaisnoSupremoTribunalFe-
deral(STF)por suposto desviode
recursos públicos —um deles ga-
nhouna Corteoapelido informal
de “quadrilhãodo PP”. Em parale-
lo,podeterestreitadooslaçoscom
o Palácio do Planaltoalém do acei-
tável para um postulante àpresi-
dênciadaCâmara.
Em janeiro do ano passado, Lira
ensaiou disputar apresidência da
Casa com Maia. Um de seus filhos
estava doente,internado em São
Paulo, e Lira estava tão determina-
do a se candidatar que se desdo-
brouentreos cuidados de pai e a
articulaçãopolítica. Ele passava o
diacomofilhonohospital,eànoi-
te, voava para Brasília para se reu-
nir com aliados. No diaseguinte,
voltavaparaacompanhiadofilho.
Na ocasião, Lira contavacom o
apoiodo PT, amaior bancadada
Casa.Um deputado petistaexpli-
couaoValorqueopartidoreceava
queMaiaserevelasseumpresiden-

te governista e, por isso, preferiam
Lira,deperfilcombativo.
Apercepçãodo PT hoje soa co-
mo ironia porquepara alguns de-
putados Lira excedeu-se na aproxi-
maçãocomopresidenteJairBolso-
naro,enquantoMaiaexibepostura
independente. Em reuniãono Pla-
naltohá dez dias, Lira pediu a Bol-
sonaroquegravasseumvídeopara
seus familiares. No filme de 20 se-
gundos, que circulou nas redesso-
ciais, ambosesbanjamsorrisos,e
Liracomentaquesuaesposaefilho
são“grandesfãs”dopresidente.
Um integrantedo Centrão ob-
serva que parlamentaresindepen-
dentespodemcompareceraau-
diênciascom opresidente,oqueé
visto, inclusive, comodemonstra-
ção de força.Mas, segundoeste de-
putado,ovídeoimprimiuaLiraum
ar “governista”.“Ele ficouparecen-
doumbolsonarista”, criticou.
No entornode RodrigoMaia, es-
te episódiofez Lira perderpontos
na corrida sucessória porque, tra-
dicionalmente, os deputadosten-
dema não eleger um presidente
alinhadoao Planalto. Foiassim na
disputa em que SeverinoCavalcan-
ti (PP-PE) derrotou Luiz Eduardo
Greenhalgh(PT-SP)em 2008, e
quandooemedebistaEduardoCu-
nha (RJ) venceuArlindo Chinaglia
(PT-SP)em 2015—ambosos petis-
taseramapoiadospeloPlanalto.
Para aliadosde Maia,o movi-
mentodeLira favoreceolíderda
maioria, AguinaldoRibeiro (PP-

PB). Ambos travam disputa inter-
na na bancadapara concorrer à
presidência da Câmara. Ribeiro é o
preferido de Maiae, numcontra-
pontoaLira, não participou das
reuniõesdoCentrãonoPlanalto.
A despeitodo aparente tropeço
naarticulação,Liraéumaliderança
incontestável na Câmara. Há cerca
deumano,suaatuaçãoaoladodos
líderes do DEM,Elmar Nascimento
(BA),edo PL, WellingtonRoberto
(PB),foi determinantepara destra-
var a votaçãodareformada Previ-
dência na comissãoespecial evia-
bilizaroavançodaproposta.
ComaaproximaçãodoPlanalto,
Lira tambémtenta se fortalecer em
sua base,Alagoas, onde os princi-
pais adversários —ogovernador
Renan Filhoe o senadorRenanCa-
lheiros, ambosdo MDB—detêm o
poderlocal. Lira éfilho do ex-sena-
dorBeneditodeLira,queépré-can-
didatoàPrefeituradeMaceió.
Outra pedra no caminho de Lira
sãoosdoisprocessosaquerespon-
denoSTF.Há11meses,aCortetor-
nou Lira e maistrês lideranças do
PP—opresidentedasigla,senador
Ciro Nogueira (PI), Aguinaldo Ri-
beiroeodeputadoEduardoda
Fonte(PE) –réus no chamado
“quadrilhão do PP”. Os quatrofo-
ram denunciados pelocrime de
organização criminosa. Segundo a
Procuradoria-Geral da República
(PGR), eles se envolveram em um
esquema de desviosna Petrobras
durante dez anos, causando pre-

juízodeR$29bilhõesàempresa.
Há seismeses, Lira tambémvi-
rou réu em umasegundaaçãope-
nal, acusado de suposta corrupção
passiva, mas absolvido da imputa-
ção por lavagemde dinheiro.Se-
gundo aPGR, ele teria recebido
propina no valor de R$ 106 mil. O
episódioremontaa 2012e é um
desdobramentodaLava-Jato.
Mas após quaseum ano, ambos
os processosse arrastam na fase de
recursosou diligências.Se as ações
avançaremnos próximosmeses,
entretanto,Liracorreoriscodeque
o augeda produção de provas,que
incluiinterrogatórioeoitivadetes-
temunhas, coincidacom a eleição
paraocomandodaCâmara.
Dosoito partidos aos quaisBol-
sonarojáfoifiliado,oPPfoioqueo
abrigou por maistempo:11 anos,
de2005a2016.Naúltimasemana,
Bolsonaro fez acenos eloquentes
ao partido: indicou odeputado
EvairdeMelo(PP-ES)paraavice-li-
derança do governo enomeou in-
dicados da sigla para órgãos estra-
tégicos, como aSecretaria Nacio-
nal de Mobilidade do Ministério
do Desenvolvimento Regional. O
PP aindaaguarda anomeação ao
cargo maisrelevante de seu qui-
nhão:oFundo Nacional de Desen-
volvimentoda Educação, que faz a
ponte entre o governo federale as
prefeituras para aexecução das
ações eprogramasda educação
básica. Seu orçamentoé de R$ 29,
bilhões.(AJ)

Moro: ex-ministro perdeforçacomaproximaçãoentre Bolsonaro e Centrão

PABLO JACOB/AGÊNCIA O GLOBO

Câmaradeve votar projeto de Noronhaquecria TRFde MG


MariaCristinaFernandes
De São Paulo

A Câmara dos Deputadosdeve
votar,nesta quarta-feira, projeto
que cria oTribunal Regional Fede-
ral em Minas. O projeto é de auto-
ria do ministro do Superior Tribu-
naldeJustiça,JoãoOtáviodeNoro-
nha. Oministro, que émineiro, foi
quem, na sexta-feira,suspendeu a
liminardoTribunalRegionalFede-
ral da 3aRegião paraque opresi-
denteJair Bolsonaro apresentasse
seusexamesdacovid-19.
O tribunal com sedeem Belo
Horizonte foi previsto por propos-
ta de emendaconstitucional de
2013, junto com outros três, com

sede em Curitiba, Salvador eMa-
naus. É umaantiga demandados
juízes federais que consideramos
atuaistribunaiscongestionados.
O ex-ministroJoaquimBarbo-
sa suspendeuacriaçãodesses
quatro tribunais,mas o de Mi-
nas foi em frente.O que não se
esperava éque este projeto, que
entrouem urgênciade votação
em dezembrodo ano passado,
fosse colocado em pauta em
meioà pandemia.
Estudodo Ipea mostrou que a
criação dos novostribunais não
elevará a produtividade do judi-
ciário e importará em gastosadi-
cionais de R$ 922 milhões, indese-
jadosparaum país pressionado

por um déficit público crescente
em função do combate àpande-
miaeaodesemprego.
Seus defensores argumentam
que os 18 cargos de desembarga-
dor do tribunal mineirose valerão
das vagasde juízes federais substi-
tutos.Acontece que,como essas
vagashoje não estão preenchidas,
trata-se de um gastonovo. Além
do salário dos desembargadores,
de cerca de R$ 35 mil brutos, mais
osauxíliosaquefazemjus,otribu-
nalcontacomumaestruturafísica
e de pessoal de apoio que onera
seufuncionamento.
OPaláciodoPlanaltocosturou
avotaçãodesseprojetocomano-
va basede apoioque vem cons-

truindona Câmarados Deputa-
dos, entreos quaiso atualvice-
presidente da Mesa,deputado
Marcos Pereira (Republicanos-
SP), que confirmouaoValorser
favorávelàvotaçãodoprojeto.
Opresidenteda Casa,deputa-
do RodrigoMaia(DEM-RJ),foi
vencidono acordoparaque o
projetofossecolocadoempriori-
dadede votação. O projeto tam-
bém passoubatidopelo filtrodo
ministro da Economia, Paulo
Guedes,que operouparades-
mancharo projetode auxílioaos
Estados e municípioscosturado
pela Câmarasob o argumento de
que oTesouronão tinharecursos
paraarcarcommaisdespesas.

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