O Estado de São Paulo (2020-05-12)

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O ESTADO DE S. PAULO TERÇA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2020 NotaseInformações A


O


Brasil decente e solidário está de
luto. O Congresso e o Supremo
Tribunal Federal decretaram no
sábado passado luto oficial de
três dias, depois que o Brasil su-
perou a triste marca de 10 mil
mortos pela covid-19. O governador de São Pau-
lo, João Doria, já havia feito o mesmo na quinta-
feira, dia 7, e o luto paulista será mantido até o
fim da pandemia. Como lembrou o Supremo,
em nota oficial, “precisamos, mais do que nun-
ca, unir esforços, em solidariedade e fraternida-
de, em prol da preservação da vida e da saúde”. E
a mensagem da Corte arrematou: “A saída para
esta crise está na união, no diálogo e na ação
coordenada, amparada na ciência, entre os Pode-
res, as instituições, públicas e privadas, e todas
as esferas da Federação deste vasto país”.
No mesmo dia em que as principais autorida-
des do Judiciário e do Legislativo manifestavam
pesar pelos milhares de concidadãos mortos e
rogavam aos brasileiros que se unissem na luta
contra a pandemia, circularam pelas redes so-
ciais imagens do presidente Jair Bolsonaro a pas-
sear de moto aquática pelo Lago Paranoá, em
Brasília, divertindo-se à beça. A este senhor, que


brinca de ser presidente, não basta incitar seus
camisas pardas vestidos de verde e amarelo a de-
safiar as instituições republicanas e a intimidar
jornalistas; é preciso tripudiar sobre o sofrimen-
to dos milhares de brasileiros que morreram e
dos milhões que ora se encon-
tram em quarentena, abrindo
mão de sua vida social e enfren-
tando as agruras do desemprego
e da redução de renda.
E mais: enquanto os governado-
res e prefeitos lutam para conven-
cer seus governados a ficar em ca-
sa, única forma de retardar o co-
lapso do sistema público de saú-
de – que já se verificou em diver-
sos Estados –, o presidente avisa
que vai ampliar, por decreto, o nú-
mero de atividades consideradas
essenciais e, portanto, livres de
restrições durante a pandemia. “Vou abrir, já
que eles (governadores) não querem abrir, a gen-
te vai abrindo aí”, declarou Bolsonaro, como se a
quarentena fosse uma escolha, e não um impera-
tivo. Respeitados especialistas dizem, aliás, que
o ideal seria impor desde já o chamado “lock-

down”, isto é, a radicalização do isolamento so-
cial – o exato oposto do que Bolsonaro defende.
Compreende-se a dificuldade de fazer com
que os cidadãos aceitem o isolamento social, o
que inclui pôr em risco a própria sobrevivência e
a da família em muitos casos. A si-
tuação fica ainda mais dramática
à medida que a quarentena se es-
tende no tempo. Portanto, é ra-
zoável esperar uma progressiva
queda na adesão ao esforço coleti-
vo para reduzir o contágio, mas es-
tá claro que essa queda tende a se
acentuar quando a mensagem das
autoridades a respeito da pande-
mia é confusa e fragmentada.
Se o presidente usa sua destaca-
da posição de principal dirigente
da República para, além de debo-
char dos mortos e dos que estão
sofrendo, incitar os cidadãos a ignorar a quaren-
tena imposta por governadores e prefeitos co-
mo se fosse desnecessária, não surpreende que
muitos o façam. Em vez de inspirar os cidadãos
a aceitar a responsabilidade de cada um no en-
frentamento da pandemia, o presidente estimu-

la o fracionamento da autoridade – o que, no li-
mite, leva à desobediência e ao caos. Para com-
plicar, o Ministério Público ainda colabora para
minar a credibilidade dos governos estaduais e
das prefeituras ao criar caso com compras emer-
genciais de equipamentos médicos, ignorando
que, neste momento, eventuais irregularidades,
previsíveis numa operação dessa magnitude,
são o menor dos problemas diante da urgência
urgentíssima.
O enfrentamento desta crise, que caminha pa-
ra ser a maior da história do Brasil, depende, fun-
damentalmente, de harmonia entre as diversas
autoridades, em todas as esferas, resguardadas
as prerrogativas de cada uma, conforme o espíri-
to da Federação. E depende de articulação dedi-
cada entre o presidente, seus ministros, os gover-
nadores e os prefeitos, além do Congresso, do
Judiciário e do Ministério Público. Obviamente
não é fácil, como ficou claro na maior parte dos
países do mundo, às voltas com atropelos no
combate à covid-19. Mas é muitíssimo mais di-
fícil, quase impossível, quando se tem um presi-
dente que, tal como um adolescente birrento e
mandão, é absolutamente incapaz de ver o mun-
do além do próprio umbigo.

T


apar buraco será
uma das princi-
pais atividades
do próximo go-
verno, se a piora
das contas públi-
cas seguir no ritmo estimado
por especialistas do mercado e
do Ministério da Economia.
Enquanto a epidemia se espa-
lha, as mortes se multiplicam e
o chefe do Executivo passeia
de jet ski e ataca os demais Po-
deres, a economia afunda e os
três níveis de governo se ato-
lam no déficit fiscal crescente.
Novas notícias confirmam a
deterioração a cada dia. Prefei-
tos podem adiar contribuições
à Previdência, prejudicando os
sistemas municipais de aposen-
tadoria e também o INSS, in-
formou o Estado na segunda-
feira. Governos estaduais se en-
dividam e ao mesmo tempo
suspendem pagamentos à
União. O déficit federal se am-
plia, as agências de classifica-
ção de risco assistem ao espetá-
culo. Com a deterioração das fi-
nanças oficiais, o retorno do
Brasil ao grau de investimento,
emblema do bom pagador, se
torna mais problemático.
Quanto mais demorada a
contenção da pandemia, maio-
res os danos à atividade econô-
mica. A retomada segura dos
negócios, mesmo gradual, só
será possível quando estiver
declinando a curva da contami-
nação e das mortes. Esse cami-
nho, indicado pela experiência
de outros países, tem sido reco-
mendado por figuras destaca-
das da epidemiologia e da eco-
nomia. Enquanto a crise de
saúde se prolonga, consumo,
produção e renda familiar se
contraem, derrubando a arreca-


dação de impostos e contribui-
ções. No caso do Brasil, a recei-
ta pública é prejudicada tam-
bém pela retração dos preços
do petróleo. Esses preços até
poderão subir no fim do ano,
depois de um grande recuo na
produção, como têm previsto
alguns analistas, mas o quadro,
por enquanto, é de mercado re-
traído e cotações deprimidas.
A contração econômica tem
sido confirmada pelos dados
iniciais de abril, primeiro mês
inteiramente marcado, no Bra-
sil, pelos efeitos da pandemia.
A produção de veículos foi a
menor desde 1957, quando se
instalavam no País as grandes
montadoras. Foram fabrica-

das apenas 1,8 mil unidades,
equivalentes a um dia normal
de trabalho numa unidade da
Fiat em Betim.
No comércio e na indústria
os estoques se acumularam, en-
quanto os consumidores se
afastavam e passavam a com-
prar somente o básico. Na in-
dústria eletroeletrônica e de in-
formática, as empresas com es-
toques considerados excessi-
vos passaram de 6,2% em mar-
ço para 38,5% em abril. Entre
as montadoras de veículos o
salto foi de 1,5% para 41,2%.
A perda de renda dos traba-
lhadores, a redução do empre-
go e as dificuldades de milha-
res de empresas são os efeitos
mais dramáticos da contração
dos negócios. As previsões se
transformam numa espécie de

loteria macabra. Há pouco
mais de um mês, em 6 de mar-
ço, ainda se previa algum cres-
cimento para o Produto Inter-
no Bruto (PIB). A mediana
das projeções do mercado
apontava expansão de 1,99%.
A estimativa, agora, é de con-
tração de 4,11%, segundo o bo-
letim Focus divulgado nesta se-
gunda-feira pelo Banco Cen-
tral (BC). Pelo menos uma ins-
tituição financeira já estima re-
dução de 9%.
O desastre será refletido nas
contas públicas, com o efeito
conjunto da recessão, dos gas-
tos extraordinários e das facili-
dades concedidas a empresas,
Estados e municípios. A media-
na das projeções agora indica
um déficit primário, isto é,
sem juros, equivalente a 7,52%
do PIB. No boletim de 6 de
março, quando se notavam os
primeiros efeitos da pandemia,
o déficit estimado correspon-
dia a 1,10% do PIB.
Mas o estrago fiscal se es-
tenderá por vários anos, mes-
mo com a retomada de algu-
ma disciplina em 1.º de janei-
ro. Aquele boletim de 6 de
março apontava um resultado
primário levemente positivo –
superávit de 0,10% do PIB –
no final de 2022. O resultado
chegaria a 0,25% em 2023. Na
edição publicada ontem, o sal-
do primário previsto para
2023 ainda é um déficit de
0,70% do PIB. Quatro sema-
nas antes a mediana das proje-
ções indicava equilíbrio. Con-
firmada a nova estimativa, o
presidente eleito em 2022 her-
dará contas bem piores que as
estimadas até há pouco tem-
po. Um legado melhor depen-
derá de coragem política.

C


omo se não bas-
tasse a pandemia
do novo coronaví-
rus, o País sofre
uma grave e cres-
cente crise políti-
ca. Observa-se uma situação de
instabilidade, impensável para
um governo que não comple-
tou sequer ano e meio de exis-
tência. Ainda mais grave, tem-
se uma escalada de ameaça e
de afronta à lei e às institui-
ções, incompatível com a Cons-
tituição de 1988. No entanto, es-
tranhamente, não se vê mani-
festação à altura dos partidos
políticos – entidades que, em
tese, congregam e representam
politicamente os interesses da
população. Diante dessas gra-
ves circunstâncias, que podem
trazer sérios danos para o País,
não cabe omissão dos partidos
e de suas lideranças.
No dia 19 de abril, em frente
ao Quartel-General do Exérci-
to, em Brasília, o presidente
Jair Bolsonaro participou de
uma manifestação que, claman-
do por uma intervenção mili-
tar, pediu o fechamento do
Congresso e do Supremo Tri-
bunal Federal (STF). Atos se-
melhantes ocorreram em ou-
tras cidades. Tal foi o acinte an-
tidemocrático dos atos de 19
de abril que o procurador-geral
da República, Augusto Aras, até
então distante de atritos com o
presidente Bolsonaro, pediu ao
Supremo abertura de inquérito
para apurar a organização das
manifestações, que violam a
Lei de Segurança Nacional.
Menos de uma semana de-
pois, no dia 24 de abril, o ex-
juiz da Lava Jato Sérgio Moro
pediu demissão do Ministério
da Justiça e acusou o presiden-

te da República de tentar insis-
tentemente interferir politica-
mente na Polícia Federal (PF).
Segundo Sérgio Moro, há vá-
rios meses o presidente Bolso-
naro tentava trocar a chefia da
PF e de algumas superinten-
dências estaduais sem, no en-
tanto, apresentar um motivo ra-
zoável para a mudança. Admiti-
do abertamente pelo presiden-
te Bolsonaro, o objetivo da tro-
ca era ter acesso a investiga-
ções e relatórios de inteligên-
cia, sensíveis aos interesses po-
líticos e familiares de Bolsona-
ro. Diante das denúncias de Sér-
gio Moro, a Procuradoria-Ge-
ral da República (PGR) solici-
tou ao STF abertura de inquéri-

to para investigar o caso.
No dia 3 de maio, o presiden-
te Jair Bolsonaro participou de
mais uma manifestação antide-
mocrática, dessa vez em frente
ao Palácio do Planalto. O ato ti-
nha a mesma finalidade dos
que ocorreram no dia 19 de
abril – apoiar Bolsonaro e con-
clamar pelo fechamento do
Congresso e do STF. A corrobo-
rar o objetivo liberticida, mani-
festantes agrediram profissio-
nais da imprensa – entre eles,
um fotógrafo e um motorista
do Estado –, que faziam a co-
bertura do evento. A PGR pe-
diu ao Ministério Público do
Distrito Federal apuração acer-
ca das agressões.
Cada um desses episódios é
extremamente grave. Juntos
eles suscitam os piores temo-

res. Há pessoas investidas em
autoridade fazendo acintosa-
mente pouco-caso da Consti-
tuição e das instituições. Além
disso, a reiteração dos atos re-
vela um sentimento de certeza
da impunidade por parte des-
sas autoridades. Diante desse
quadro, é incompreensível o si-
lêncio dos partidos e de muitas
de suas lideranças.
Da mesma forma que uma si-
tuação como a da pandemia do
novo coronavírus desperta a li-
derança de governadores e pre-
feitos, é urgente que a atual cri-
se desperte os partidos políti-
cos. O necessário isolamento
social não pode ser sinônimo
de omissão das lideranças po-
líticas. Seria um equívoco achar
que já basta o Judiciário, em
concreto o STF, para pôr freios
e limites ao bolsonarismo e ao
seu chefe. Certamente, o Direi-
to oferece instrumentos de pro-
teção da Constituição, mas a cri-
se que o País atravessa hoje é
também e principalmente de
natureza política. Sem a partici-
pação dos partidos – sem a po-
lítica –, os remédios serão tem-
porários e pontuais, sem enfren-
tar as causas de fundo da crise.
Os partidos, em seu conjun-
to, representam a Nação em
seus corpos políticos. Não po-
dem agora ficar alheios ao pro-
blema. Este é o momento para
que as legendas exerçam seu
papel. Não existe democracia
representativa sem partidos.
Quando eles se escondem, au-
toritários e demagogos sen-
tem-se à vontade não apenas
para proferir bravatas, mas pa-
ra ampliar impunemente suas
competências, assenhoreando-
se do Estado. A voz dos parti-
dos precisa se fazer ouvir.

Brincando de ser presidente


ANTONIO CARLOS PEREIRA / DIRETOR DE OPINIÃO

O isolamento social
não pode ser sinônimo
de omissão das
lideranças políticas

Fórum dos Leitores O ESTADO RESERVA-SE O DIREITO DE SELECIONAR E RESUMIR AS CARTAS. CORRESPONDÊNCIA SEM IDENTIFICAÇÃO (NOME, RG, ENDEREÇO E TELEFONE) SERÁ DESCONSIDERADA / E-MAIL: [email protected]


Notas & Informações


O risco de uma péssima herança fiscal


Só firmeza política
evitará um legado
desastroso para o
próximo mandato

A necessária voz dos partidos


lPandemia
O vírus do crime
Duas notícias estarrecedoras: a
primeira relata que armas dos
quartéis estão abastecendo fac-
ções criminosas (10/5, A7) e a
segunda, que respiradores têm
chegado quebrados e falsifica-
dos (11/5, A4). A primeira assus-
ta porque facções podem já es-
tar se infiltrando nos quartéis.
E merece urgentes esclarecimen-
tos dos comandantes. A segun-
da mostra a que ponto chega-
mos em matéria de corrupção.
A entrega de respiradores que-
brados já é um absurdo, mas
respiradores falsificados é de-
mais! Pelo jeito, os bandidos já
circulam com desfaçatez em
repartições públicas.
JOSÉ ELIAS LAIER
[email protected]
SÃO CARLOS


Desigualdade e corrupção
Os editoriais Pobreza, paraíso
para o vírus e A pandemia expõe
as desigualdades (11/5, A3) retra-
tam brilhantemente uma reali-
dade histórica em nosso país.
Diante das precisas informa-
ções contidas nos textos, den-
tre tantas eu destacaria, e o fa-


ço de maneira sequencial para
que todos reflitamos: o contá-
gio é facilitado em casas po-
bres, superlotadas e sem sanea-
mento básico; o Brasil mantém-
se como um dos líderes mun-
diais de desigualdade; 105 mi-
lhões de pessoas sobrevivem
com R$ 438 mensais; e cerca de
32% dos domicílios estavam
fora da rede de esgoto em 2019.
No mundo (dados do Programa
das Nações Unidas para o De-
senvolvimento, o Pnud), uma
em cada quatro pessoas vive na
pobreza e mais de 40% da popu-
lação mundial não tem nenhu-
ma proteção social; países de-
senvolvidos têm, para cada 10
mil habitantes, 55 leitos hospita-
lares, 30 médicos e 81 enfermei-
ros, nos menos desenvolvidos
são 7 leitos, 2,5 médicos e 6 en-
fermeiros; na crise não estamos
todos juntos, se estivéssemos
seria melhor. No Brasil, com
notícias como as de que despe-
sas com cartão da Presidência
dobram em 2020, compras
emergenciais são investigadas
em 11 Estados (principalmente
AM, RJ, RR, SC, PA e SP), com
3,7 mil comunicações de irregu-
laridades e 885 denúncias, secre-

tário de Saúde é preso, mais su-
perfaturamentos e má gestão
com respiradores comprados
que não funcionam, será que
vamos combater o vírus? Estou
convicto de que a pior pande-
mia do Brasil é a da corrupção.
E não temos vacina para ela,
que seriam leis rigorosas.
CLAUDIO BAPTISTA
[email protected]
SÃO PAULO

Pico do coronavírus
Enquanto houver dinheiro, o
pico da contaminação por coro-
navírus será sempre “no mês
que vem”, para que prefeitos e
governadores façam compras
sem licitação...
MILTON BULACH
[email protected]
CAMPINAS

Respiradores da Poli
Os respiradores são essenciais
numa sala de UTI com pacien-
tes de covid-19. Há escassez des-
ses respiradores no mundo e
muita dificuldade para comprá-
los. Várias compras feitas em
diferentes partes do Brasil mos-
traram-se fraudulentas. Pergun-
to: aonde foram parar os respi-

radores feitos pela Politécnica
de São Paulo? Dizem que são
baratos. Não funcionam?
JENNER CRUZ
[email protected]
SÃO PAULO

Máscaras protetoras
Ainda se fazem máscaras artesa-
nalmente no País, quando te-
mos uma avançada indústria de
confecções capaz de produzi-
las em larga escala. Prefeitos,
governadores e Presidência há
muito deveriam tê-las encomen-
dado para distribuição gratuita,
como se faz com os preservati-
vos. Todos os países que toma-
ram essa providência estão sain-
do da pandemia do coronavírus
e nós estamos vendo o proble-
ma aumentar, por negligência
das nossas autoridades. Como
consequência, perdemos mui-
tas vidas e o comércio, a indús-
tria e os serviços têm um prejuí-
zo incalculável.
DELPINO VERISSIMO DA COSTA
[email protected]
SÃO PAULO

lDesgoverno Bolsonaro
Aparelhamento do Estado
Importantes e oportunas as

preocupações do chefe do gru-
po antissuborno da Organiza-
ção para Cooperação e Desen-
volvimento Econômico (OC-
DE), Drago Kos, demonstradas
em entrevista ao Estado (9/5,
B5). Afinal, com a saída do mi-
nistro Sergio Moro, da Justiça,
referência mundial no combate
à corrupção, e a entrada simul-
tânea do Centrão no governo,
carregando consigo a sua fama,
urge que Paulo Guedes mostre
ao “clube dos ricos” que nas
reformas estruturais que preten-
de implementar também se in-
clui a proteção às estatais e às
agências reguladoras da ação de
políticos desonestos. Bom lem-
brar que nossos números são
de assustar: enquanto os EUA
têm aproximadamente 4 mil
funcionários em cargos de con-
fiança, o Reino Unido tem 300
e a Alemanha, 500, no Brasil
são cerca de 22,5 mil!
NILSON OTÁVIO DE OLIVEIRA
[email protected]
SÃO PAULO

Auxílio emergencial
Mais uma vez o brasileiro acre-
ditou nos governantes. O auxí-
lio emergencial saiu com gran-

de propaganda, iludindo as pes-
soas que, necessitando de aju-
da, foram atrás: um verdadeiro
martírio para receber a primei-
ra parcela, com problemas no
APP, nas filas e datas. Agora, na
hora da segunda parcela, nem
as datas saíram ainda, o que me
faz pensar que a terceira parce-
la nem sairá. E mais uma vez a
população que mais necessita é
deixada para trás – enquanto os
gastos com cartões corporati-
vos do governo só aumentam.
Pobre povo brasileiro...
ANTENOR APARECIDO STABILE
[email protected]
VINHEDO

lImposto de Renda
Problemas no site
Com a postergação da entrega
do Imposto de Renda, quem
procura fazer a declaração após
30 de abril enfrenta problemas
com o uso da alternativa simpli-
ficada com desconto-padrão. O
programa IRPF2020 parece não
ter sido adaptado para a nova
data-limite de entrega, 30 de ju-
nho, e bloqueia essa alternativa.
ANTONIO M. FERRARI
[email protected]
SÃO PAULO
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