Valor Econômico (2020-05-14)

(Antfer) #1

JornalValor--- Página 10 da edição"14/05/2020 1a CAD A" ---- Impressapor VDSilva às 13/05/2020@21:16:1 6


A10|Valor|Quinta-feira, 14 de maiode 2020

Política


PT escolheentre Tatto e Padilha


paraconcorrerem SãoPaulo


MaluDelgadoe
CristianeAgostine
De São Paulo

A disputa dentro do PT para de-
finir quemserá ocandidato àPre-
feitura de São Paulose afunilou e
dos sete pré-candidatos, apenas
doisdevemiratéofimdoprocesso
de escolha: o deputadofederal e
ex-ministro Alexandre Padilha eo
ex-deputadoeex-secretáriomuni-
cipalJilmar Tatto.Ontem, Padilha
ganhouoapoio de três pré-candi-
datos, overeador Eduardo Suplicy,
odeputadofederalPauloTeixeirae
o ex-vereadorNabil Bonduki.O
deputado CarlosZarattini retirará
sua pré-candidatura, mas até on-
tem não havia definido se apoiará
Padilhaou se ficará neutro.Hoje,
Tattodeve receber oapoio da pré-
candidataKika da Silva, ativista do
movimentonegro.
O PT escolheráocandidato que
disputaráa prefeitura paulistana

emumencontrovirtualquecome-
çará amanhã eterminará no sába-
do. Estão aptos avotar 613 mili-
tantesedirigentespetistas.
Ao anunciar ontem oapoiode
três pré-candidatos, Padilha disse
que, se forescolhido, pretende
“agregar o campode esquerda”
para fazerfrente aos “ataquesau-
toritários”do presidente Jair Bol-
sonaro. “São Paulo vaiser barreira
para qualquertentativa de avanço
autoritário.Vaiserumacidadela.”
O vereador Eduardo Suplicy de-
sistiu da pré-candidatura aprefei-
to edeve tentarum novomandato
na CâmaraMunicipal. Suplicy evi-
toucriticarTattoedisseterescolhi-
do Padilhaporque o petista foi ex-
ministro e ex-secretário municipal
de saúde na gestão Fernando Had-
dad. Asim como Suplicy, Nabil
Bonduki tambémdisputará uma
cadeira na Câmara Municipal, e
afirmouque a candidatura de Pa-
dilha deveser embrião de uma

aliança que congregueoutras for-
ças de esquerda. Odeputado fede-
ral Paulo Teixeira disseque ome-
lhor nome para adisputa seria o
do ex-prefeito Fernando Haddad,
que não querdisputar um novo
mandato. Teixeira defendeu uma
chapa“anti-Bolsonaro” e contrao
governador paulista,João Doria, e
oprefeito e candidato àreeleição,
BrunoCovas,ambosdoPSDB.
Adversário de Padilha, Jilmar
Tattofoisecretárionasgestõesmu-
nicipais de Haddad ede Marta Su-
plicy, tem forçana basepetistae
influência na máquina partidária,
mas enfrenta a resistênciade diri-
genteseliderançasdoPT.Oex-pre-
sidente LuizInácio Lulada Silva
tentou costurar um acordo para
evitar a disputainterna, mas não
houve consenso,sobretudo em re-
laçãoaoapoioaTatto.Opré-candi-
dato minimizou a resistênciaaseu
nome. “Não há guerra dentrodo
PT.Oclimaédepaz”, disseTatto.

Bancadapetistado Nordeste vãoà


Justiçacontra vendada Gaspetro


AndréRamalhoe MarinaFa lcão
Do Rio e do Recife

ParlamentaresdoPTnoNordes-
te vão tentar impedir,na Justiça, o
avançoda venda da Gaspetro, em-
presacontrolada pelaPetrobras
que reúne participações societá-
rias em 19 distribuidoras de gás
canalizado no país.Sócios da pe-
troleiranessas concessionárias, os
governos locais se queixam da fal-
tadediálogodaestatalcomaspar-
tes diretamenteinteressadas e co-
bramumasaídaconjunta paraa
vendadaempresadegás.
Entreas liderançaspolíticas, há
tanto aquelas contráriasàprivati-
zação da Gaspetroquanto as que
avaliam vender as concessionárias
estaduais etemem queodesinves-
timento da Petrobras desvalorize
asaçõesdosEstadosnasconcessio-
nárias,numaalienaçãofutura.
Os senadores Humberto Costa
(PT-PE)eJacquesWagner(PT-BA)e
os deputados federais Joseildo Ra-

mos (PT-BA) eJorge Solla(PT-BA),
ao lado do gaúchoBohn Gass (PT-
RS),ingressaram com uma ação ci-
vil pública na Justiça de Pernam-
buco pedindo a suspensão da ven-
da da Gaspetro por pelo menos
seismeses.Elesalegamqueéteme-
rário avançarcom as negociações
no momento atual,em meioà
pandemiadacovid-19eaochoque
dos preçosdo petróleo. APetro-
brasdeu prazo até sexta-feirapara
que os interessados se habilitem
paraavançarcomaspropostas.
“Temos uma posição contrária à
vendada Gaspetro, mas,se eles
[Petrobras] vão fazer a alienação,
que não escolham o pior momen-
to possível”,afirma Humberto
Costa,umdosautoresdaação.
Para o secretário da Fazenda de
Alagoas, GeorgeSantoro, a Petro-
bras e os governos estaduais deve-
riam buscarumavenda conjunta
das ações de ambas as partes. “A
vendada Gaspetro, dependendo
do resultado, podefazer com que

nossasempresaspercamvalor”.
Segundo oValorapurou, os go-
vernadores do Nordeste enten-
dem que têm direitode preferên-
cia na compra da fatia da Gaspetro
nas estatais e há interesse em exer-
ceressaopçãoemalgunsEstados.
Em março, o Consórcio Inte-
restadual de Desenvolvimento
do Nordesteencaminhou àPe-
trobrasum ofício manifestando
a preocupaçãocoma vendada
Gaspetro.Ogrupo pediu, na
ocasião, que a estatalcomparti-
lhasseos estudoseventualmente
realizadossob os aspectosjurí-
dicos,societários emercadológi-
cos da operação.
A petroleirarespondeu que a
vendada Gaspetronão implica-
ria na mudança da governança
das distribuidoras, nem qual-
querrestriçãono exercíciodos
direitosedeveresdos Estadosso-
bre as respectivascompanhias,
sem riscode rupturanos acordos
deacionistas.

.

STJ rechaça


maisum


recursode


senador


Isadora Peron e LuísaMartins
De Brasília

O ministro Felix Fischer, do
Superior Tribunal de Justiça
(STJ),negouum novopedidoda
defesado senador Flávio Bolso-
naro(Republicanos-RJ)parapa-
ralisaras investigaçõessobrea
supostaprática da “ra chadinha”
—esquemade desviosde salá-
rios que teriaocorrido em seu
gabinetena AssembleiaLegisla-
tiva do Rio de Janeiro (Alerj),
quandoera deputado estadual.
Os advogados do filhodo pre-
sidente Jair Bolsonaro haviam
pedidoparaoministroreconsi-
derarumadecisão proferidano
dia 17 de abril,na qual ele havia
negadoumpedidosemelhante.
“Devidamente julgadaa con-
trovérsiaenão tendosido apre-
sentadasrazõesaptasàalteração
dodecisum, indefiroo pedidode
reconsideração” afirmou Fischer
segunda-feira,nanovadecisão.
OMinistério Público (MP)do
Rio investigaaparticipação de
Flávio em supostoscrimesde pe-
culato,organizaçãocriminosa e
lavagemde dinheirona Alerj.
Seu ex-chefede gabinete Fabrí-
cio Queirozéapontadocomoo
operadordo esquema.
Em junhode 2019,Fischerjá
havia indeferidopetiçãodo se-
nadorparainterromperas in-
vestigações. Na ocasião, o minis-
tro entendeu não haver cons-
trangimento ilegal e apontou
que movimentações bancárias
suspeitaspoderiamde fato indi-
car o crimede lavagem.
A apuraçãoganhouforçade-
pois que o Supremo TribunalFe-
deral(STF)decidiu que órgãos
de inteligêncianão precisamde
autorização judicialparacom-
partilhardadosbancários e fis-
cais com o MP.

ExecutivoAfirmaçãodeCarlosHenriqueOliveiracontradizdeclaraçõesdeBolsonaro


Número 2 na PF confirma que

houve investigação sobre Flávio

Isadora Peron e LuísaMartins
De Brasília

Nomeadocomonúmerodois
da Polícia Federal(PF) ontem,o
delegadoCarlosHenriqueOli-
veiraSousaprestoudepoimento
na sededa PF em Brasília e afir-
mouqueteve conhecimentode
umainvestigação envolvendo o
nomedosenadorFlávioBolsona-
ro (Republicanos-RJ), filho do
presidente Jair Bolsonaro,naSu-
perintendênciada Polícia Fede-
ral do Rio de Janeiro. Aconfirma-
çãodaexistênciadessainvestiga-
ção contraFlávio contradizde-
claraçõesrecentesde Bolsonaro,
que tem dito que “a Polícia Fede-
ralnuncainvestigouninguémda
suafamília”.
“Perguntadose tem conheci-
mentode investigações sobrefa-
miliares do presidentenos anos
de 2019e 2020na SR/PF/RJdisse
que tem conhecimentode uma
investigaçãono âmbitoeleitoral
cujo inquérito já foi relatado,
não tendohavido indiciamento”,
dizatranscriçãododepoimento.
Odepoimentoaconteceuno
âmbito do inquéritoabertono
SupremoTribunal Federal(STF)
para investigaraacusação do ex-
ministroSergioMorodequeBol-
sonarotrocouocomandoda PF
parapoderinterferir em investi-
gaçõeseblindarfamiliares.
Oinquérito abertono âmbito
da JustiçaEleitoral investigava se
oprimogênitode Bolsonaroco-
meteuo crimede lavagemde di-
nheiro ao declararseus bensnas

eleiçõesde2014,2016e2018.Se-
gundo reportagemdo jornal"O
Globo",aPF pediu arquivamento
do processoem março, sem nem
solicitarquebras de sigilodos in-
vestigados.
Em seu depoimento, Carlos
Henriquetambémafirmouque,
embora tenha sidoconvidado
paraser superintendente no Rio
em agostodo ano passado,sófoi
nomeadoem novembro,porque
Bolsonaroqueriaemplacaroutra
pessoa para o cargo.“Houveuma
demora na nomeação do de-
poenteparaesse cargo poisna
épocahouve umamanifestação
públicado presidenteJair Bolso-
naro, noticiada na imprensa,no
sentidoque ele, opresidente, de-
sejava que outrodelegadoassu-

misse o cargode superintenden-
tenoRiodeJaneiro”, afirma.
Ele, no entanto, negou que te-
nha havido pedidos do presiden-
te a respeitode investigaçõesem
andamento enquanto coman-
douaPFnoRio.
Já o delegado Alexandre Saraiva
confirmou ontem, também ao
prestar depoimento, que era o no-
me preferido de Bolsonaropara
assumir ocomando da PF no Rio e
disse que chegou aser convidado
para assumir ocargo. Segundo ele,
no início do segundo semestre, o
então diretor-geral da Agência
Brasileira de Inteligência (Abin),
Alexandre Ramagem, ligou para
perguntarse ele aceitaria assumir
asuperintendênciafluminense.
Ramagemé um personagem

centralnessahistória.Elechegou
a ser nomeadopor Bolsonaro pa-
ra substituirMaurícioValeixono
comandoda PF, maso ato foi
barradopeloSTF.
Saraivatambémrelatouque,em
um encontrocomoentão minis-
tro da Justiça foi indagado sobreo
convite. “Saraiva,que história ées-
sa de vocêno Riode Janeiro”, teria
ditoMoro. Questionado se, nas
conversas com Ramagem,foi rela-
tada aele alguma preocupaçãode
Bolsonaro em relação à produtivi-
dadeda Superintendência do Rio,
ele disse que não, mas apontou
que todos sabemque “a produtivi-
dadedaquela unidade, na realida-
de,‘nãoéláessascoisas’”.
AdeputadaCarlaZambelli(PSL-
SP) também foi ouvida ontem.Ela

disseque foi orientada por outros
ministros a tentar convencer Moro
apermanecer no cargo, por isso
enviou amensagem,sem conheci-
mentodo presidente, falando que
ele poderiaser indicadopara uma
vaga para oSupremocaso aceitas-
seastrocasnaPF.
Em outrafrenteda investiga-
ção,adefesadeMoroentroucom
um pedidono STF para que oví-
deodareuniãoministerialdodia
22 de abrilseja divulgadona ín-
tegra. O procurador-geral da Re-
pública,AugustoAras,vai se ma-
nifestar sobreo caso até amanhã,
masasuaposiçãodeveserdeque
apenasas partesda gravaçãoque
tenham aver com oinquéritose-
jam tornadaspública.Adecisão
cabeaoministroCelsodeMello.

Exames dão negativo para Covid-


LuísaMartinse Isadora Peron
De Brasília

Tornados públicosontempor
decisão do ministro Ricardo
Lewandowski, do Supremo Tri-
bunal Federal(STF), os examesa
que o presidenteJair Bolsonaro
foi submetido paradiagnóstico
da covid-19demonstraramque
elenãoteveadoença.
Os resultadosforamdivulga-
dos depois de umasériede em-
batesentreo jornal "O Estadode
S. Paulo", autorda açãojudicial
que pediapublicidadeaos exa-
mes, eaAdvocacia-Geral da
União (AGU), que alegava lesão
aodireitoàprivacidade.
Emprimeiraesegundainstân-
cias,adecisãoda Justiça havia si-
dofavorávelà imprensa.Quando
ocaso chegouao SuperiorTribu-
nal de Justiça(STJ), oministro
João Otávio de Noronhaatendeu
ao pedidodo governofederale

livrouBolsonaro de apresentar
osresultados.
O jornalrecorreu ao Supremo,
mas, antes que Lewandowski
avaliasseaconcessão ou não da
liminar,aAGUdesistiudeinsistir
eentregouosdocumentos—que
foram anexados aos autosdo
processo,semsigilo.
Bolsonarofez oexame pela
primeira vez em 12 de março,de-
pois de retornarde um compro-
misso oficialnos EstadosUnidos.
Da comitiva que o acompanhou
na viagem,pelomenos23 pes-
soas contraíramacovid-19,mas
opresidente não foi contamina-
do.Odocumento mostraque ele
usouo pseudônimo de “Airton
Guedes”, mas apresentoucorre-
tamenteseusdadosdeRGeCPF.
Cincodias depois,na mesma
rede privadade laboratóriosem
Brasília, repetiuo teste com oco-
dinomede“RafaelAugustoAlves
da Costa Ferraz”. Oresultado

Fachincobra de Aras posição


sobre inquéritocontra Maia


Isadora Peron e LuísaMartins
De Brasília

O ministroEdsonFachin,rela-
tor da Operação Lava-Jatono Su-
premoTribunalFederal(STF),co-
brouumaresposta da Procura-
doria-Geral da República(PGR)
em um inquéritoabertocontrao
presidente da Câmarados Depu-
tados,Rodrigo Maia (DEM-RJ),
com base nas delaçõesde execu-
tivosdaOdebrecht.
No despacho,oministro afir-
ma que,em 23 de agostodo ano
passado,deuprazode15diaspa-
ra aPGR decidirsedenunciariao
presidente da Câmarae opai, o
vereadorCésar Maia,ou se arqui-
variaoprocesso.
Fachin,no entanto, diz que,
até agora,não houveumaposi-
çãodoórgão.Naépoca,aPGRera
comandadapor Raquel Dodge.
Agora,o procurador-geralda Re-

públicaéAugustoAras.
“Depreendoque o transcurso
do prazoregimentalocorreuem
9 de setembro de 2019e, nessa
medida,urgecolhermanifesta-
ção do MinistérioPúblicoFede-
ral”,escreveuoministro.
Oinquéritofoi abertopelo Su-
premoem marçode 2017,apar-
tir da delação de três executivos
daconstrutora.
Em documento enviado ao
STF, em agosto de 2019,a Polícia
Federalafirmou que havia “ele-
mentosconcretose relevantes”
de que Maiacometeuos crimes
de corrupção passiva,falsidade
ideológica eleitorale lavagemde
dinheiro. Ele e o pai teriam rece-
bidocontribuições indevidasdo
grupoOdebrecht nos anosde
2008,2010,2011e2014.
Procurado por meioda assesso-
ria de imprensa, opresidente da
Câmaranãoquissemanifestar.

também foi negativo. Em 19 de
março, um terceiroexame—este
certificadopelaFundaçãoOswal-
doCruz—comprovouqueBolso-
naronão tinhaa doença. Neste
último, ele se identificou apenas
pelonúmero“05”.
Nos documentosenviadosao
Supremo,aAGU afirmaque o
usodepseudônimosfoiumame-
didadesegurançaparapreservar
aprivacidadedeBolsonaro.Ade-
cisãofoi um consensoentrea
Presidência da República eo
Hospital das Forças Armadas,
parceirodoslaboratórios.
O artifício chamoua atenção
de advogadose especialistasem
Direito, mas aconclusãosobrea
legalidadedeseutilizarumcodi-
nomenão é unânime.Odoutor
em Direitodo EstadoRenatoRi-
beirodiz que ainiciativaéinde-
vida.“Se o exametivessedado
positivo,teríamosumnomefictí-
cio nas estatísticase relaçõesofi-

ciaisde pessoasque contraíram
coronavírus”, observou.
Já parao criminalistaDaniel
Gerbernão está configuradode-
lito, umavez que o exameé um
documentode caráterexclusiva-
menteprivado:“A situação não
incideem crimede falsidade.Pe-
locontrário,qualquerpessoapo-
de usar nomede terceiropara fa-
zer exames,por qualquermoti-
vo,desde que odocumento não
seja utilizadoparafins juridica-
menterelevantes.”
Ontempelamanhã,antesde
Lewandowskidecidirdivulgaros
exames, Bolsonaro havia defen-
didoqueoministronãoofizesse.
“A lei diz que aintimidade...isso
aí você não precisadivulgar.Por
isso que desdeocomeçomene-
gueia entregar.Agora alguns
achamque eutômentindo. Já
adianto:caíramdo cavalo”, de-
clarou. (Colaborou Gustavo
Maia,de O Globo)

Bolsonaro: presidentefoi enfáticoaodizer,háalgunsdias,quenuncahouve investigaçõesnoâmbito daPolíciaFederal emrelaçãoaosseusfamiliares

PABLO JACOB/AGÊNCIA O GLOBO
IMPACTOSDO

CORONAVÍRUS


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