Valor Econômico (2020-05-14)

(Antfer) #1

JornalValor--- Página 9 da edição"14/05/20201a CADA" ---- Impressa por VDSilva às 13/05/2020@21:23:


Quinta-feira, 14 de maiode 2020|Valor| A

Brasil


Bolsonaro fala em atrasar Enem, mas quer prova neste ano


Gustavo Maia* e Luísa Martins
De Brasília

Questionado ontemsobreo
possível adiamento do Exame
Nacional do Ensino Médio
(Enem) em 2020,devidoà pan-
demia, o presidenteJair Bolsona-
ro admitiuatrasar“um pouco”a

realização da prova,masdisse
que ela tem que ser aplicadaain-
da nesteano. O ministroda Edu-
cação, AbrahamWeintraub, des-
carta,por ora, discutirumamu-
dançadecalendário.
“O Enem,tô conversandocom
Weintraub, né? Se for o caso,
atrasaum pouco,mas tem que

ser aplicadoneste ano”, declarou
o presidente ajornalistas na saí-
dadoPaláciodaAlvorada.
Ontem,o ministroGurgelde
Faria, do SuperiorTribunalde
Justiça (STJ),negoupedido feito
por entidadesestudantis para
adiaradata do Enemem razão
da pandemiada covid-19.

Coma decisão, por ora, está
mantidaaaplicaçãodaprovapa-
ra os dias 1oe 8 de novembro. O
mandadode segurançahavia si-
do impetradopela UniãoNacio-
nal dos Estudantes (UNE)epela
UniãoBrasileirados Estudantes
Secundaristas(Ubes).
Segundoas entidades, os edi-

tais do EnemlançadospeloIns-
titutoNacionalde Estudos ePes-
quisasEducacionais Anísio Tei-
xeira(Inep)preveemum crono-
grama normal,mesmodepois
de todoo país ter adotadomedi-
das para evitaraglomeraçõese,
consequentemente, apropaga-
ção do vírus.

Entretanto, na visãodo minis-
tro do STJ, comoos editaisdo
Inepnão configuram“ato con-
cretopraticadopelo ministro de
Estadoda Educação”, o tribunal
não teriacompetênciapara pro-
cessarejulgaropedidodas as-
sociaçõesde estudantes.(*DeO
Globo)

80
75
70
65
60
55
50
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
Fonte:ElaboraçãoIepscomdadosdaPesquisaNacionaldeSaúde(PNS)e daPnad Contínua

18-2425-29 30-34 35-3940-4445-4950-54 55-59 60-6465-69 70-74 75-79 80+

Vulnerabilidadeemsaúdex econômica
Cenárioparaindivíduoscomensinomédioincompleto(em%)
Informal Fatoresde risco

SaúdeEstudosdestacamfatoresderisconessasfaixasdeidadeederenda


Jovens mais pobres são

vulneráveis à covid-

Leila SouzaLima
De São Paulo

Brasileiros em idadeativa, prin-
cipalmentepobres, tambémestão
vulneráveisàcovid-19,dizMarcelo
Neri, diretor do FGV Social. Segun-
do ele, em boa parte, os jovensda-
quiestãomais desprotegidosfren-
teàpandemiaqueosdeoutrasna-
ções que vêmenfrentando a crise
—em geral onde idosos são ogru-
po de maiorvulnerabilidade.No
Brasil, porém, os maismoçosfo-
ram os “grandes perdedores”da
maislongarecessãodahistória.
“De maneira geralentreos jo-
vens, arendada metade maispo-
bre caiu24,24%,antequedade
14,66%damédiageral.Adepender
daevoluçãodapandemianoBrasil,
essesaspectospodemestabelecer
diferenças importantesem relação
aos paísesque estãoenfrentando a
mesma crise, tantopelodadoda
distribuição de rendaquanto da
organizaçãourbana”, afirmaoeco-

nomista, ex-ministro-chefe da Se-
cretariadeAssuntosEstratégicos.
Os números reportam os pri-
meirosresultadosdo “Atlas das Ju-
ventudes”,queserálançadoemsua
versão completaem breve,explica
ele.NeriressaltaqueoBrasilnãosó
viveuumagranderecessão, como
foi seguida de recuperaçãomuito
lentaque aindaestava em progres-
so, diferentemente do restodo
mundo. Isso se tornouuma barrei-
ra principalmente para jovens que
precisamser inseridos ou se man-
ternomercadodetrabalho.
“Além disso,oBrasiltem como
outrafragilidadesuas favelasepe-
riferias, que são áreasdensamente
ocupadassemqualquerinfraestru-
turaurbana,alémdehabitadas,em
maioria, por jovens. Todas essas
condições reunidas contribuem
paraos fatores de risco”, destaca
ele.“Quandonosvoltamosparaes-
se ladoda crisepandêmica ede
saúdeque interagecom aecono-
mia, vemostambémcomoponto
vulnerável o grandegrupoperde-
dordaretraçãodocrescimento.”
Neriobserva queoisolamento
social visa proteger acima de tudo
os idosos, mas prejudica — “por

bons motivos, diga-se de passa-
gem”, frisa ele —os jovens que não
conseguemtrabalhar ou estudar.
“Há uma redistribuição intergera-
cionalnarespostaapandemia.”
A pesquisaJuventude e Traba-
lho, coordenada pelo economista,
aponta que apopulaçãoentre 15 e
29 anos, principalmenteos mais
pobres, foram os maisprejudica-
dos na distribuição da rendadu-
rante a recessão.De2014 a2019,
emboraosdados de 2019ainda
não estejam de todofechados —e
mesmocom aredução de desem-
prego nesse último ano —, esses
brasileiros perderam em média
14%derendadotrabalho.
Nacomparaçãoporgruposso-
ciais —eaíNeri incluimulheres,
negros, nordestinos,trabalhado-
res rurais,estratos tradicional-
mente excluídos ou em desvan-
tagemeconômica —, os números
mostramque a rendado grupo
etárioatéos 30 anoscaiu24,24%.
“Essa pandemia chegaaoBrasil
numcontexto complexo, como
organismo econômicodebilitado
e os jovens maispobres ainda”, diz
oeconomista. De 2014a 2018,a
rendamédiado brasileiro caiu 2%

no acumulado. Já os rendimentos
dos 5% maispobresrecuaram 39%
nesses quatroanos—uma queda
muito maisprofunda do que ada
rendamédiageral,apontaNeri.
Estudo do Instituto de Estudos
para Políticasde Saúde(Ieps) mos-
tra comoos diferentes perfis de
vulnerabilidade da população
brasileira à covid-19, no tocante às
condições de saúde, econômicas e
de habitação, adicionam comple-
xidade no desenho de açõesde en-
frentamento à doençaet ambém
transcendem aquestãoetária.Em
particular, diz Letícia Nunes, pes-
quisadora em economiada saúde
no Ieps, está aquestão de comoe
quandoflexibilizar medidas de
distanciamentosocial.
“É importante caracterizar co-
mo as vulnerabilidadesse distri-
buem na população. Um dos prin-
cipais pontos do estudo é mostrar
que acovid-19 não atingede for-
ma maisgrave apenas os idosos,
quetendemaseroprimeirogrupo
que pensamos emtermos de fragi-
lidade àdoença”, pontua ela, auto-
ra ao ladode RudiRocha(Ieps e
FGV)eGabrielUlyssea(Ieps).
No levantamento, o Ieps aponta

que fatores de risco comodoenças
crônicas, obesidade etabagismo
acometemmaisde40%dapopula-
ção com idade inferior a60 anos.
“Sãopessoasque também estão
sujeitas adesenvolver quadros
maisgravesdacovid.Infelizmente,
temosvistono Brasil incidência al-
ta de fatalidades ecomplicações
entre os maisjovens. Além disso,
esses fatores de risco são ainda
maispresentes na população de
menorescolaridade. Para quem
tem até o ensino médio incomple-
to, a ocorrência dessascondições
aumentaem10%”,dizLetícia.
ParaelaeoscolegasdoIepsquese
debruçaram sobre os números da
Pesquisa Nacional de Saúde(PNS) e
da PnadContínua, oembasamento
cominformaçõesde qualidade é
crucialpara desenhareimplemen-
tar estratégias de reaberturada eco-
nomia. A informalidadetambémé
destaquena análise do Ieps, já que a
população maisjovem tem percen-
tual maior de trabalho semvínculo.
Ao se observar essa distribuição por

idade,háumpadrãoquesemantém
estável entreos18 e59anos, varian-
doentre30%e34%paraaquelesque
não completaramo ensinomédio.
Paraosqueconcluíramessaetapade
estudos,ataxadeinformalidadefica
entre20% e25%.Jáapartirdos 60
anos,há umaquedaacentuadae
contínua na prevalênciade infor-
mais,o que é compreensível tendo
em vistaamenor participação do
gruponomercadodetrabalho.
“Mostramosainda adistribui-
ção das vulnerabilidades por Esta-
dos.Osquepossuemumasituação
maispreocupantesão os do Norte
dopaís,comoAmazonas,Amapáe
Pará. Têm tantopercentual altode
fatores de riscoquanto de infor-
malidade.Nesses locais, 43% ou
maisdapopulaçãosãoidosos,por-
tadores de doenças crônicas, obe-
sos, são ou foramfumantes, e ao
menos30% sãoinformais. Ealém
disso, esses Estados têm leitos de
UTI abaixo do mínimo necessário
para atender à populaçãoem con-
diçõesnormais”, destacaLetícia.

IMPACTOSDO


CORONAVÍRUS


Oagronegócioeotransportedasafranãoparam,
mesmoemtemposdeisolamento.Paramostrarcomo
temfuncionadooescoamentodaproduçãoagrícola
brasileira, aRevistaGloboRuraliniciaumasériede
conteúdosespeciais.Lives,podcastsereportagensvão
mostrarosdesafioseassoluçõesparaalogísticadoagro.

Comparticipaçãodeespecialistasemcadasegmento,as
livesacontecerãoàsquintas-feiras,noFacebook,Youtube
eLinkedindaRevistaGloboRural.

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