Piauí - Edição 152 [2019-05]

(Antfer) #1

dos trabalhistas contra suas medidas de austeridade, afirmando não
existir “uma árvore mágica que dá dinheiro” para resolver todos os
problemas do reino, os entendimentos com o partido norte-irlandês
foram selados com uma propina de 1 bilhão de libras, na forma de um
“acordo de investimento”. Embora tenham proporcionado a extensão do
governo de Theresa May, seus novos aliados nunca deram seus votos em
apoio aos termos que a primeira-ministra propunha para o Brexit.


A maneira mais óbvia de sair do impasse parlamentar em torno do Brexit
seria May promover um entendimento com a oposição trabalhista (com o
voto de cujos deputados poderia passar a contar) em torno de uma saída
política da UE que previsse uma união aduaneira permanente – termos
que a UE já indicou que tenderia a aprovar. Uma solução desse tipo teria
a vantagem de tornar efetivo o resultado do referendo de 2016, botar em
prática o Brexit, ao mesmo tempo que manteria um razoável grau de
segurança quanto ao futuro, tanto para o Reino Unido quanto para a
Irlanda: no fim das contas, talvez fosse a solução que produziria menos
discórdia e prejuízos.


No momento em que escrevo este artigo, ainda se registram discussões
entre os dois partidos, que inicialmente pareciam ter como objetivo
alcançar um acordo mais ou menos nesses termos. Mas não parece
provável que superem um dos obstáculos fundamentais à possibilidade
de uma união aduaneira: qualquer acordo desse tipo significaria que o
Reino Unido, embora não mais sujeito às leis da ue, perderia o poder de
controlar a imigração originária do resto da Europa – questão que os dois
lados consideram, com ou sem razão, o fator decisivo para o resultado do
referendo de 2016. Permanecer numa união aduaneira também
acarretaria, para o Reino Unido, a impossibilidade de negociar acordos
comerciais próprios com parceiros externos – coisa que os defensores do
livre comércio do lado conservador fazem questão de manter. Os tories,
em particular, se mostram preocupados com a possibilidade de uma
reação adversa de sua base de apoio.


Outra solução seria o Reino Unido promover um segundo referendo –
por exemplo, um plebiscito que escolhesse entre ratificar os termos

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