Piauí - Edição 152 [2019-05]

(Antfer) #1

A


conferência ilustrada 1964: O Brasil entre Armas e Livros chegou à
Universidade Estadual de Londrina em 3 de abril, precedida pela
campanha de lançamento e pelos ataques do deputado Eduardo
Bolsonaro ao “pessoal de esquerda”. A polarização da comunidade
universitária viveu ali mais um capítulo. De um lado, os estudantes que
organizaram a exibição, reunidos na associação UEL Livre, tida como um
braço do Movimento Brasil Livre, o mbl; de outro, os estudantes
independentes, os centros acadêmicos e o Diretório Central dos
Estudantes.


O segundo grupo considerou as sessões previstas uma “tentativa de
proselitismo militarista”. Em repúdio tanto à “tentativa de promover o
regime militar como ‘salvação da pátria’”, quanto à exibição do vídeo,
esses estudantes organizaram uma sessão simultânea de Cabra Marcado
para Morrer (1984), de Eduardo Coutinho, do lado de fora da sala onde a
produção da Brasil Paralelo estava sendo projetada.


Cartazes, faixas e painéis com fotos do acervo da Comissão Nacional da
Verdade foram afixados nos acessos ao local da exibição do vídeo da
Brasil Paralelo, e estudantes de artes cênicas fizeram performances
relacionadas às torturas praticadas durante a ditadura.


Sem autorização da reitoria nem da prefeitura do campus, a Polícia
Militar entrou na universidade depois da última sessão e passou a
intimidar a comunidade estudantil.


Contrapor Cabra Marcado para Morrer a 1964: O Brasil entre Armas e
Livros foi um achado. O filme de Coutinho não só é um verdadeiro
documentário, como contém outros dados objetivos incontestes, além dos
já mencionados antes, sobre o período de 1964 a 1982, em que foi filmado.
Traz também visões pessoais de eventos ocorridos no período da
ditadura que enriquecem o conhecimento do que aconteceu entre 31 de
março de 1964 e os primeiros anos posteriores à chamada Lei de Anistia,
promulgada em agosto de 1979.

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