Piauí - Edição 152 [2019-05]

(Antfer) #1

O


Foi durante os dez anos e cinco meses de prisão, nas décadas de 20 e 30,
que Gramsci escreveu os Cadernos do Cárcere, considerados contribuição
original ao pensamento político do século XX. Nesses escritos, ele
formulou os conceitos que o tornaram mais conhecido – hegemonia,
revolução passiva, sociedade civil e filosofia da práxis. Extratos dos
cadernos foram publicados entre 1948 e 1949, mas a primeira edição
completa só apareceu em 1975 e começou a ser publicada no Brasil em
1999.


gran finale de 1964: O Brasil entre Armas e Livros começa a ser
preparado a 30 minutos do término. As feras se agitam e mostram
suas garras. Além do narrador, Petrilák, Pondé, Carvalho, Waack e
alguns outros dão contribuições para demonstrar a tese reveladora do
sentido oculto do título.


Diz o narrador, faltando 3 minutos para o final:


Que fim teve a Guerra Fria? Se fizemos parte dessa guerra, se impedimos
uma revolução, foi com a ajuda do quarto poder do Brasil. O Exército.


Nesse momento, uma fotografia do autointitulado Comando Supremo da
Revolução de 1964 é justaposta à da Junta Militar chilena, com o general
Pinochet no centro, sem que o sentido da ligação direta entre as duas
fotos seja explicitado. E a narração prossegue:


Por 21 anos, essa justificativa manteve o poder na mão dos militares, e foi
berço de novas consequências. A revolução se transmutou das armas
para os livros. Transformou um lado da guerra em mártir, fez da história
propaganda, panfletou nas escolas, na mídia, nas universidades. Formou
a nova geração brasileira. Esta geração foi trabalhar nos meios de
comunicação, nas editoras, na educação do Brasil. A hegemonia quase
apagou o passado e perpetuou uma narrativa. Um lado da guerra foi
herói e o outro, opressor. O que fizeram os heróis?


Com essa pergunta, a narração termina. É um texto de encerramento
confuso. O Exército teria ajudado a impedir uma revolução. Admitida a

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