Piauí - Edição 152 [2019-05]

(Antfer) #1

fotografias e manchetes de jornais dos anos 60 a 90, com grafismos
superpostos, passam pela tela durante 1 minuto em sucessão acelerada.
Mostram políticos, a maioria do pt, o líder da Ação Libertadora Nacional
Carlos Marighella, caras-pintadas, um ator e humorista, cena de um filme
em que os personagens aprendem a atirar, uma intelectual palestrante,
um ex-guerrilheiro preso, um educador de reputação internacional, um
compositor e intérprete consagrado etc.; as notícias dos jornais referem-se
à Constituição de 1988, ao mensalão, às indenizações na Comissão de
Anistia etc. A imagem de encerramento é uma gigantesca bandeira do
Brasil tremulando ao vento em câmera lenta.


Para encerrar, há uma citação, feita com duas legendas brancas sobre
fundo preto:


Num tempo de engano universal, dizer a verdade é um ato
revolucionário.
George Orwell


Acontece que a autoria da frase é incerta. Até onde se sabe, não há
comprovação de que Orwell tenha dito ou escrito isso algum dia. Desse
modo, ao que tudo indica, 1964: O Brasil entre Armas e Livros acaba com
uma fake news.


[1] Berlanza refere-se à Frente Ampla, formada em 1966, por Carlos


Lacerda, Juscelino Kubitschek e João Goulart, proscrita por meio de uma
portaria do Ministério da Justiça, em abril de 1968. Depois do AI-5, em
dezembro de 1968, Lacerda teve seus direitos políticos suspensos por dez
anos.


[2] Roberto Schwarz, “Cultura e política, 1964- 69 ”, O Pai de Família e


Outros Estudos, Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978.

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