Piauí - Edição 152 [2019-05]

(Antfer) #1

J


posicionada para ocupar esse lugar. A extrema direita na França é
tradicionalmente antielitista e anticlerical. Maréchal tem se aproximado
dos católicos e é muito mais amável com as elites tradicionais,
diferentemente de sua tia, Marine Le Pen.


á no Brasil, ninguém é mais sectário do que Bolsonaro, sentado na
extrema direita com seus filhos e o astrólogo Olavo de Carvalho. Sua
estratégia é extremamente arriscada e atende mais uma vez à lógica
do perfil virtual. O digital influencer Bolsonaro pretende ter hegemonia
completa sobre suas hordas cibernéticas e não quer dividir atenção ou
pactuar com possíveis concorrentes. Ele busca fidelizar os 30% do
eleitorado, uma base em si mesma diversa, como apontou Marcos Nobre:
“Nunca antes tinham confluído para uma única candidatura presidencial,
como ocorreu com a do capitão reformado do Exército, as figuras do
‘lava-jatismo’, do antipetismo, do antissistema, do voto nulo, do
abstencionismo, do conservadorismo de costumes, do desejo de ‘lei &
ordem’.” O perfil virtual quer converter em likes e seguidores os votos
recebidos pelo presidente no primeiro turno das eleições de 2018.
Pretende com isso estabelecer contato direto com sua base social
ampliada e servir como única fonte de informação, como único validador
da verdade.


A tarefa é hercúlea. Ela implicaria arregimentar todas as direitas – a
liberal, a tradicional e a conservadora – para uma extrema direita purista
e sectária, submissa à visão de mundo de Bolsonaro e Olavo de Carvalho.
Trata-se de uma verdadeira cruzada nas redes sociais contra plataformas
formadoras de opinião da mesma base de eleitores, sobre as quais não
tem controle – como observou Celso de Rocha Barros (“A queda”,
piauí_150, março). Além de ter comprado briga com toda a imprensa
tradicional, o presidente enfrenta veículos declaradamente de direita,
como o site O Antagonista e a rádio Jovem Pan. Articulistas de direita,
como Reinaldo Azevedo, Marco Antonio Villa ou Augusto Nunes, são
alvos das milícias digitais do perfil virtual. No vídeo intitulado
“Destruam Felipe Moura Brasil!!!”, Renan Santos, o mais preparado dos
meninos do Movimento Brasil Livre (MBL), ironiza o processo de
expurgos e perseguições feito pelos seguidores do capitão reformado

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